A estiagem longa de maio a outubro prejudicou a qualidade dos pastos e, com isso, poucos animais ficaram prontos para o abate, o que diminuiu a oferta de bovinos aos frigoríficos. Aumento das exportações e redução da oferta no campo explicam a alta da carne pro consumidor
O aumento das exportações e a redução da oferta no campo explicam a alta da carne para o consumidor.
A frequência com que a professora Maria Rita Brandão Pereira vai ao açougue é a mesma, sempre a cada dois dias. Mas carne bovina já não é a compra principal. Hoje, ela levou frango para casa.
“Teve um aumento na carne bovina. Então, a gente tem que fazer essa variedade para conseguir alimentar e o bolso também agradece”, diz.
Aumento das exportações e redução da oferta no campo explicam a alta da carne pro consumidor
Reprodução/TV Globo
O IPCA-15, Índice de Preços ao Consumidor Amplo de outubro mostrou que os consumidores pagaram, em média, 5,81% a mais pelas carnes. Os cortes mais em conta foram o que tiveram o maior aumento. O acém foi o que ficou mais caro. Em seguida, aparece a costela e, depois, o peito.
Os cortes mais caros também subiram. O contrafilé, 6,7%; e o filé mignon, 5,12%.
“Vamos dizer que o cliente chegava aqui, comprava um quilo de carne, hoje ele já pede 700 g, 800 g. Já caiu aí em torno de uns 15% da nossa venda”, conta o empresário, Francisco Sousa.
Cor, cheiro e textura: você sabe o que analisar na hora de escolher a carne no mercado?
O motivo da alta está na origem do produto, no mercado do boi gordo. A estiagem longa de maio a outubro prejudicou a qualidade dos pastos e, com isso, poucos animais ficaram prontos para o abate, o que diminuiu a oferta de bovinos aos frigoríficos. Mas não é só isso.
“Nós tivemos um abate muito grande de fêmeas, sobretudo, nos últimos anos. Não só em 2023, mas em 2022 já teve um aumento muito grande de fêmeas enviadas para o frigorífico. O que, em um primeiro momento, joga o preço da arroba para baixo, porque ela concorre também com o boi. E o outro motivo é porque, com isso, mandando as vacas para a indústria, você tem uma menor produção de bezerros, com isso, menos oferta, e isso faz com que o preço suba”, explica Francisco Manzi, diretor técnico da Acrimat.
Em uma fazenda, há um ano, a arroba do boi gordo estava sendo comercializada a R$ 230. Agora, esse valor já ultrapassou os R$ 300.
“Teve bastante abate de bois aí no primeiro semestre. A gente viu aí recordes de exportação dos frigoríficos. E também o consumo interno agora, chegando o final do ano, as festividades, o Ano Novo Chinês… Então, tudo isso acaba contribuindo para essa demanda”, diz Osvaldo Araújo, gerente de fazenda.
“A gente tem que aproveitar agora sim… o produtor poder investir um pouco mais e entender melhor o seu negócio”, afirma o diretor técnico da Acrimat.
Aumento das exportações e redução da oferta no campo explicam a alta da carne pro consumidor
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