O Sudeste tem os maiores aumentos de ocupação em encostas, seguido pelo Nordeste. Ocupação urbana na área de encostas aumenta ano a ano, aponta MapBiomas
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Um levantamento do MapBiomas mostra que a ocupação urbana na área de encostas está aumentando ano a ano, e a preocupação com deslizamentos cresce com a chegada da época de chuvas.
O Brasil tem mais de 4 milhões de hectares de áreas urbanizadas. Em média, as cidades crescem 2% ao ano. Mas quando se olha só para áreas de encostas, esse crescimento tem tido um ritmo acelerado, de 3,3% ao ano. O Sudeste tem os maiores aumentos de ocupação em encostas: Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. E também o Nordeste: São Paulo e Maceió.
Uma ocupação irregular, às margens do córrego Riacho Fundo, no Distrito Federal. Quando chove forte, a ponte fica submersa, a água sobe e invade as casas. Os alagamentos se repetem há décadas, e tudo isso continua sendo uma área de risco.
A expansão urbana perto de rios e córregos também faz parte do alerta do MapBiomas. Foram mais de 1 milhão de hectares expostos a riscos de inundações. Em 1985 e 2023, de cada quatro hectares de crescimento urbano, um foi em área de risco, a 3 m ou menos de um curso d’água.
O mapeamento de áreas urbanizadas contou com pesquisadores, ONGs, empresas de tecnologia e dados obtidos a partir da análise de imagens de satélites. As informações foram repassadas para os gestores públicos municipais, estaduais e o governo federal pra elaboração de políticas de prevenção.
Ocupação urbana na área de encostas aumenta ano a ano, aponta MapBiomas
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Júlio Pedrassoli, um dos coordenadores da equipe, diz que o alerta tem que ser levado a sério.
“A grande maioria da população brasileira não tem acesso ao mercado formal de moradia. Então, a forma como as cidades se constroem não é resistente a eventos extremos desse tipo”, afirma Júlio Pedrassoli.
A boa notícia é que as áreas verdes – como parques e praças – vêm aumentando, um pouco mais que a urbanização. Por outro lado, as áreas naturais no entorno das cidades, – como florestas, praias e dunas – vêm sendo engolidas nos últimos 38 anos.
“Tem que incorporar uma coisa que está óbvia agora, que é incorporar mudança climática como parâmetro de planejamento. Não pode ficar de fora, tem que contar que vai acontecer e, quando acontecer, nós precisamos estar separados”, diz Júlio Pedrassoli.
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