14 de novembro de 2024

Departamento da polícia responsável por investigar execução de empresário em aeroporto foi denunciado pela vítima por corrupção


A vítima assassinada é o empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach. Empresário disse que o delegado do DHPP que apurou o assassinato de integrante do PCC exigiu dinheiro para não implicá-lo no crime. Informações de Vinicius também ajudaram na prisão de policiais do Denarc. Homem é morto a tiros no aeroporto de Guarulhos em SP; outras pessoas foram feridas
A investigação sobre o assassinato do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, morto a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, nesta sexta-feira (8), está sendo conduzida pelo Departamento de Homicídios e Proteção (DHPP), o departamento da Polícia Civil que ele denunciou ao Ministério Público.
Durante os depoimentos prestados no acordo de delação após sua prisão por mandar matar dois integrantes do PCC, o empresário disse que o delegado do DHPP que apurou o assassinato de Anselmo Santa, o Cara Preta, exigiu dinheiro para não implicá-lo no crime. A defesa na época diz que Vinícius nunca ofereceu e nunca deu qualquer valor para ele.
As informações fornecidas por Vinícius também ajudaram na prisão dos policiais civis Valdenir Paulo de Almeida, o Xixo, e Valmir Pinheiro, conhecido como Bolsonaro, do Departamento de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc).
Ele também é delator do PCC (leia mais abaixo).
Em nota, o DHPP diz que investiga as circunstâncias do homicídio.
“Na ação, outras três pessoas ficaram feridas. Duas delas foram socorridas ao Hospital Geral de Guarulhos e a terceira atendida e ouvida no local. Outras testemunhas também estão sendo ouvidas pela Polícia Civil. Um carro, supostamente usado pelos atiradores, foi apreendido pela Polícia Militar. Mais informações serão divulgadas ao término do registro da ocorrência”, diz o texto.
A execução
Câmeras de segurança registraram a ação, que ocorreu no desembarque no Terminal 2. A polícia investiga o caso como execução, queima de arquivo.
O Corpo de Bombeiros chegou a ser acionado, mas Vinicius não resistiu aos ferimentos. Os tiros de fuzil partiram de um Gol preto, que estacionou em frente a um ônibus da Guarda Civil Metropolitana (GCM). Depois, o carro foi encontrado em uma comunidade próxima, em Guarulhos. Dentro do carro, foram encontradas munições de fuzil e um colete. Também houve outro tiroteio perto do Hotel Pullman, nas imediações do aeroporto.
Os feridos seriam dois motoristas de aplicativo e uma mulher que estava na calçada do aeroporto quando ocorreram os disparos. Segundo os investigadores, os três foram socorridos em estado grave.
Delação do PCC
Após desavenças, ele também teria mandado matar dois integrantes do PCC. Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, e Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, motorista de Anselmo, foram mortos em 27 de dezembro de 2021. Gritzbach é réu por esses crimes.
O Ministério Público diz que o empresário mantinha negócios na área de criptomoedas.
Gritzbach prestou depoimentos ao MP nos últimos seis meses, sendo o último há 15 dias. Ele era réu por lavagem de dinheiro de mais de R$ 30 milhões proveniente do tráfico. A maior parte dessas operações de lavagem era feita com a compra e venda de imóveis e de postos de gasolina.
Em março deste ano, Gritzbach assinou um acordo de colaboração premiada com o MP. Ele entregou vários esquemas, deu várias pistas de ilícitos cometidos e ainda ficou de entregar mais.
Ainda segundo as investigações, Vinicius chegou a ter influência grande em células do PCC, tendo participado inclusive de tribunal do crime, quando se avalia se um integrante deve ou não ser assassinado por deslealdade à facção.
Em março deste ano, Gritzbach assinou um acordo de colaboração premiada com o MP.
O MP disse que ofereceu mais de uma vez segurança a Vinicius e que ele sempre recusou a proteção. A defesa do empresário disse que vai aguardar o fim das investigações para se manifestar.
Vinicius Lopes Gritzbach, que foi executado no Aeroporto Internacional de SP.
Divulgação
Surpreendido
Vinicius estava voltando de Goiás para São Paulo, acompanhado da namorada. Ele foi surpreendido quando pisou do lado de fora do aeroporto.
Vídeo mostra correria dentro do saguão do Aeroporto de Cumbica durante tiroteio
O filho teria testemunhado a morte do pai. O filho estava com um dos seguranças de Vinicius que, segundo as apurações preliminares, chegou sozinho ao aeroporto.
As investigações até agora mostram que Vinicius tem quatro seguranças, todos policiais militares de São Paulo. O carro em que eles estavam quebrou a caminho de Cumbica. Um deles pegou o filho de Vinicius e foi até aeroporto esperar por ele. Os outros ficaram com o carro quebrado em posto de gasolina.
Todos os quatro seguranças foram identificados e serão interrogados, a princípio, na delegacia do aeroporto de Cumbica, inclusive a namorada do empresário assassinado, que saiu correndo da cena do crime, antes da chegada da polícia.
Homem é morto a tiros no Aeroporto Internacional de SP
Homem é morto no Aeroporto Internacional de SP.
Arquivo pessoal
Vítima baleada no Aeroporto Internacional de SP.
Arquivo pessoal

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