Segundo a estudante, já foram registrados cinco boletins de ocorrência por causa de situações com os vizinhos. Vizinhos disseram que ela e a esposa “não prestam” para morar na região, contou Ellen Basilio. A estudante de pedagogia Ellen Basilio da Silva denunciou que que teve parte de um dedo arrancada em uma briga com a vizinha que não aceita ela ser casada com outra mulher, em Trindade
Redes sociais/Ellen Basilio da Silva
A estudante de pedagogia Ellen Basilio da Silva, que teve parte do dedo arrancado durante uma briga com uma vizinha, em Trindade, na Região Metropolitana da capital, relatou ao g1 a rotina de agressões e ameaças por ser casada com outra mulher. Segundo a estudante, já foram registrados cinco boletins de ocorrência por causa de situações semelhantes.
“Podem fazer o que quiserem, mas isso não. Somos pessoas e temos sentimentos. O preconceito dói e mata. Só queria entender o porquê de tanto ódio”, desabafou a estudante.
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Ellen afirmou que os vizinhos disseram que ela e a esposa “não prestam” para morar na região. De acordo com o relato da última ocorrência, a briga começou quando as vizinhas provocaram Ellen, que chegava em uma motocicleta.
O g1 não conseguiu localizar a defesa da vizinha até a última atualização desta reportagem.
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Durante a briga, a estudante e as vizinhas acabaram se agredindo. Uma das vizinhas teve queimaduras e arranhões, conforme o relato.
Ellen relatou que a situação ocorreu após uma série de atitudes preconceituosas, que incluíram xingamentos e outros episódios de agressões. “Primeiro, tive o rosto mordido por reclamar com uma vizinha sobre um vazamento na parede”, contou. “Somos também obrigadas a ficar vendo o marido dela olhando para dentro do nosso quintal quando ele sobe no telhado. Para ele, é normal”, completou.
Ao g1, a delegada Silvana Nunes explicou que as duas mulheres possuem união estável e as vizinhas de muro nunca aceitaram essa situação. De acordo com a investigadora, já houve um procedimento lavrado sobre as agressões no contexto de homofobia e que o caso ainda não foi concluído. “Ela [vizinha] foi presa em flagrante por diversos crimes”, afirmou.
Outras agressões
Montagem mostra marca de mordida em rosto de estudante e braço dela com hematomas após agressão, em Trindade, Goiás
Montagem/g1 e reprodução/arquivo pessoal
Em 2022, a estudante denunciou que ela e a esposa foram agredidas por três vizinhos. Na época ela contou que elas chegaram a levar socos, chutes, pontapés e até mordida (veja fotos acima).
“Estamos sofrendo perseguição por sermos homossexuais. Eu estava varrendo a porta de casa e a vizinha estava me encarando. Eu perguntei ‘o que foi que você está olhando?’ e ela falou ‘como é que é?’ e já veio e falou ‘cala a boca, sua sapatona vagabunda’. Me deu um tapa e vários murros”, contou.
As agressões aconteceram em frente a casa onde elas moram. No dia, a estudante conta que estava varrendo a porta de casa quando uma vizinha chegou, começou a encará-la e a debochar dela.
Durante a discussão, a filha da dona da casa e o marido dela também participaram das agressões, conforme relatou a mulher. Ela diz ainda que o homem tentou enforcá-la e deu socos na barriga dela.
“A filha dela também começou a me agredir com puxões de cabelo, tapas, socos e tentaram até tirar a minha roupa. Depois, chegou o marido da mulher, que tentou me enforcar”, disse.
Durante a briga, a mulher contou que os demais vizinhos, que não estavam participando das agressões, ficaram filmando a situação e não chamaram a polícia.
Ela e a esposa conseguiram acionar a Polícia Civil e a vizinha foi presa em flagrante. Em audiência de custódia, a mulher foi solta. Já as vítimas passaram por corpo de delito e um relatório médico apontou que a estudante teve lesões no rosto, no tronco, múltiplas escoriações, hematomas, trauma abdominal e uma marca de mordida no rosto.
A primeira vez que elas registraram ocorrência contra os vizinhos foi no dia 30 de julho de 2022 e a segunda, em 4 de outubro.
Na primeira vez, a mulher conta que um vazamento na casa dos vizinhos estava causando uma infiltração no muro da casa dela. Com isso, ela foi até a residência ao lado para conversar com os moradores. Na ocasião, ela diz que a dona da casa a recebeu com ofensas.
“Ela falou que nós não prestávamos e que não valíamos nada, falou que queria quebrar a minha cara e me bater. Eles não têm respeito, sempre me xingam de puta, piranha, vagabunda. Falam que não somos pessoas para poder morar perto deles”, contou.
Na segunda vez, ocorrida no dia 4 de outubro, a estudante disse que denunciou os vizinhos após uma discussão também por causa de problemas nas casas. Ela relatou que estava fazendo uma obra e foi, junto com a esposa, até a casa da vizinha para avisar que iria aumentar o muro de sua residência. No entanto, ela afirmou que foi recebida com ofensas.
“Eu fico me perguntando o que é que a gente fez para eles. Mas nunca fizemos nada”, desabafou a estudante.
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