Objetivo do colegiado, segundo decreto de Guilherme Derrite, é fazer cooperação direta com o Ministério Público para solucionar o caso o quanto antes. Grupo terá coordenação do delegado Osvaldo Nico Gonçalves, secretário-executivo da SSP. Câmera de segurança registra momento em que empresário é baleado no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos
Reprodução
O secretário da Segurança Pública de São Paulo (SSP), Guilherme Derrite, vai assinar na tarde desta segunda-feira (11) uma resolução que institui uma força tarefa para investigar a execução de um delator do PCC no Aeroporto Internacional de SP, em Guarulhos.
A força-tarefa, segundo Derrite, terá a participação de seis membros das forças de segurança do estado de SP e será coordenada pelo secretário-executivo da SSP, delegado Osvaldo Nico Gonçalves.
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Além de Nico, o colegiado terá a participação dos seguintes nomes/órgãos:
Caetano Paulo Filho – Delegado de Polícia, Diretor do DIPOL
Ivalda Oliveira Aleixo – Delegada de Polícia, Diretora do DHPP
Pedro Luís de Souza Lopes – Coronel PM, Chefe do Centro de Inteligência da Polícia Militar,
Fábio Sérgio do Amaral – Coronel PM, Corregedor da Polícia Militar
Karin Kawakami de Vicente – Perita Criminal de Classe Especial
Coordenação: Osvaldo Nico Gonçalves – Secretário Executivo da Segurança Pública
O objetivo do colegiado, segundo o decreto, é fazer uma cooperação direta com o Ministério Público para “compartilhamento de informações necessárias ao cumprimento de suas atribuições e, caso necessário, colaborando de forma complementar com autoridades federais, sem prejuízo da condução principal das investigações pelo estado”.
O grupo também deverá “informar periodicamente o Secretário da Segurança Pública sobre a evolução dos trabalhos, com relatórios apresentados semanalmente e sempre que o avanço das investigações demandar atualização imediata”.
Viagem cancelada
A pedido de Tarcísio (à frente), o secretário da Segurança Pública (atrás) cancelou viagem
Rogério Cassimiro/Secom/GESP
A nova força-tarefa obedece a um pedido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para que as forças policiais deem uma resposta rápida sobre a execução em plena luz do dia de um delator do crime organizado e também de infiltrados do PCC nas polícias.
Por causa do caso, Tarcísio pediu para que o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, e o delegado-geral da Polícia Civil, Artur José Dian, cancelassem uma viagem a Nova York para focar na investigação sobre a execução do delator do PCC no Aeroporto de Cumbica.
A ordem é solucionar a morte de Antonio Vinicius Lopes Gritzbach “o quanto antes”, “doa a quem doer”. Derrite e Dian iriam aos Estados Unidos fazer um curso na Universidade de Columbia.
Em paralelo, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) protocolou nesta segunda-feira (11) um pedido de extinção da delação premiada feita por Gritzbach e para as provas obtidas no processo sejam compartilhadas com as autoridades responsáveis pelo caso.
Os dados dos celulares de Gritzbach e dos seguranças que faziam a sua escolta já estão sob análise da polícia.
Quem era o delator do PCC
Antônio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto na sexta-feira (8) no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Montagem/g1/Reprodução/Redes Sociais
Gritzbach era réu em um processo por lavagem de dinheiro da facção criminosa. Ele teria atuado para lavar R$ 30 milhões provenientes do tráfico de drogas.
Segundo fontes da Polícia Federal, a maior parte dessas operações de lavagem foi feita com a compra e venda de imóveis e postos de gasolina.
Em seus depoimentos, Gritzbach detalhou esquemas do PCC, deu pistas de ilícitos cometidos pela facção e prometia entregar mais informações. Por isso, a suspeita principal no momento é que seu assassinato tenha sido uma queima de arquivo motivada por vingança.
Ainda de acordo com as investigações, ele chegou a ter influência em células do PCC, como participação no “tribunal do crime” — quando se avalia se um integrante deve ou não ser assassinado por deslealdade à facção.
Antes de se envolver com o PCC, Gritzbach era corretor de imóveis no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo. Anos atrás, ele passou a fazer negócios com Anselmo Bicheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta e que movimentava milhões de reais comprando e vendendo droga e armas para o PCC.
Cara Preta gostava de investir em imóveis, mas tinha um problema: não podia comprar em seu nome para não chamar a atenção das autoridades. Foi Gritzbach que apareceu com a solução. Além de conseguir imóveis de alto padrão, o corretor ainda providenciava os “laranjas”, que emprestavam o nome para que Cara Preta adquirisse os imóveis.
Há uns 5 anos, Gritzbach ofereceu outro negócio a Cara Preta: criptomoedas. De olho na suposta rentabilidade da aplicação, ele teria dado R$ 200 milhões para que fosse feito o investimento. Em 2021, no entanto, Cara Preta pediu de volta parte do dinheiro para investir na construção de um prédio, e Gritzbach teria começado a dar desculpas para não entregar os valores. Os dois tiveram uma discussão acalorada, segundo testemunhas.
Dias depois, Cara Preta e o motorista dele foram assassinados numa emboscada no Tatuapé. Segundo o Ministério Público, Gritzbach foi o mandante do crime para não ter de devolver o dinheiro a ele.
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Como foi a execução
O ataque ocorreu por volta de 16h de sexta-feira. Gritzbach voltava de Maceió acompanhado da namorada e foi surpreendido por dois homens encapuzados ao desembarcar no Terminal 2 do aeroporto.
De acordo com o registro policial, foram ao menos 29 disparos, de calibres diversos. Gritzbach foi atingido por 10 tiros.
Na bagagem do delator morto, havia mais de R$ 1 milhão em joias e objetos de valor, alguns de joalheiras de luxo como Bulgari e Cartier. Segundo fontes da polícia, familiares teriam relatado que Gritzbach tinha ido à capital alagoana para cobrar uma dívida de um conhecido.
Gritzbach levava na bagagem joias e objetos de valor que somavam mais de R$ 1 milhão
Reprodução
No tiroteio, um motorista de aplicativo também foi baleado e morreu no sábado (9) no Hospital de Guarulhos. Celso Araujo Sampaio de Novais, de 41 anos, levou um tiro de fuzil nas costas.
Um funcionário terceirizado do aeroporto e uma mulher que estava na calçada do terminal também ficaram feridos.
Local do atentado no Aeroporto de Guarulhos
Arte/g1