16 de novembro de 2024

Universidade suspende matrícula de adolescente autista que se formou antecipadamente no ensino médio


Henrique Morrone Ferreira, de 17 anos, conseguiu autorização na Justiça para que concluísse o ensino médio antecipadamente. Ele prestou o vestibular e se matriculou na universidade, no entanto, a instituição cancelou a matrícula e citou “preparo acadêmico, emocional, intelectual e até mesmo físico” na justificativa. Universidade suspende matrícula de adolescente autista que se formou antecipadamente
Um jovem de 17 anos que concluiu o ensino médio antecipadamente e iniciou um curso superior teve a matrícula suspensa por uma universidade em São Roque (SP). Apesar disso, a Secretaria de Estadual de Educação garante que ele deve voltar a frequentar as aulas.
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O rapaz, que foi diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), ganhou na Justiça o direito de antecipar a conclusão do ensino médio e se matriculou em uma universidade para cursar tecnologia da informação, porém, depois de alguns dias frequentando as aulas, a universidade suspendeu a matrícula do estudante.
Universidade suspende matrícula de adolescente autista de São Roque (SP) que se formou antecipadamente no ensino médio
TV TEM/Reprodução
Na justificativa recebida pela família de Henrique Morrone Ferreira, a universidade afirmava que o adolescente “não pode legalmente cursar a graduação” e que “sequer deveria ter se candidatado ao vestibular, a não ser na modalidade de treineiro”.
“Trata-se de preparo acadêmico, emocional, intelectual e até mesmo físico para a frequência do ensino superior”, diz o documento enviado à família pela universidade.
Documento com a justificativa da universidade sobre a suspensão da matrícula de jovem autista de São Roque (SP)
TV TEM/Reprodução
“Em relação a essas alegações sobre preparo emocional e intelectual, considerando que quem escreveu isso não conhece o meu filho, é um argumento que até nós poderíamos entender. Porque depois, o conheceriam e veriam que ele não se aplica. Mas, a questão do preparo físico foi surpreendente, especialmente por estarmos falando de um curso online”, afirma Débora Morrone, mãe de Henrique.
Em outro trecho do documento, a instituição alega que a família deveria ter inserido o jovem em “sistemas de acompanhamento apropriados para a sua condição, que lhe dariam o suporte necessário para absorver todo o conteúdo e as vivências do ensino médio”.
Documento com a justificativa da universidade sobre a suspensão da matrícula de jovem autista de São Roque (SP)
TV TEM/Reprodução
“Isso dá a entender que nós estamos buscando uma condição exclusiva, diferenciada, e não é. Nós buscamos exercer o direito previsto em lei que o estudante alcance os maiores níveis de ensino. Então, pra isso, ele precisa comprovar que está apto, e foi o que aconteceu. Ele fez a prova e constatou estar apto. Não tem sentido, isso é uma segregação”, afirma.
Em nota, a assessoria da Univesp informou que decidiu reativar a matrícula de Henrique. Também disse que todos os documentos necessários para o retorno foram emitidos pela Secretaria Estadual de Educação e que uma reunião com o estudante, sua família, um representante da universidade e um dirigente de ensino será realizada nesta terça-feira (12), para alinhar como ele voltará à rotina universitária.
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