14 de novembro de 2024

Novas doses da vacina contra mpox chegam este mês ao Brasil para reserva estratégica


Previsão é de que 25 mil imunizantes adquiridos pelo Ministério da Saúde cheguem em novembro. Devido ao baixo quantitativo, pasta deve utilizar a vacina apenas para compor estoque estratégico. OMS convocará reunião de emergência na próxima semana. Frascos da vacina contra mpox da Bavarian Nordic. Ministério da Saúde negocia compra de uma nova remessa do imunizante para o país.
Alain Jocard/Pool via REUTERS
As novas doses da vacina contra mpox em negociação pelo Ministério da Saúde devem chegar neste mês de novembro ao Brasil. A informação foi apurada pelo g1.
Devido ao baixo quantitativo disponível, os imunizantes serão utilizados para compor o estoque estratégico da pasta e serão distribuídos em situações de surto de casos de mpox, por meio de ações de vacinação pontuais.
Na próxima semana, a Organização Mundial da Saúde convocará uma reunião de seu Comitê de Emergência para determinar se a doença continua sendo uma emergência sanitária global.
Em uma entrevista exclusiva ao g1 em agosto, a secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, disse que as negociações para a aquisição da vacina da Bavarian Nordic – a mesma enviada aos estados em 2023 – já estavam em andamento antes mesmo do decreto de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS), que definiu o mais alto nível de alerta para a mpox na última semana.
A compra da vacina foi operacionalizada por meio do Fundo Rotatório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), um mecanismo de cooperação técnica destinado a facilitar o acesso dos países das Américas a medicamentos, seringas, equipamentos e outros insumos.
Ao todo, 25 mil doses devem chegar ao país. Ainda segundo informou a secretária, após a chegada das doses, será realizada uma reunião do Comitê Técnico Assessor de Imunizações (CTAI) do ministério, seguindo a orientação da ministra da Saúde, para avaliar se a estratégia de vacinação precisa ser ajustada com base na situação global.
O Brasil, que tem um risco baixo para o atual surto, começou a campanha de imunização em março de 2023, inicialmente focada em:
pessoas que vivem com HIV/aids (PVHA), profissionais de laboratórios que atuam em locais de exposição ao vírus, além de pessoas que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de pessoas suspeitas.
Em junho do mesmo ano, uma nota técnica da pasta ampliou o programa para usuários da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP), permitindo que, em casos de vacinas disponíveis na rede estadual ou municipal sem uso para PVHA, elas fossem aplicadas em pacientes que usam a PrEP.
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“A partir da discussão dentro da nossa câmara técnica a gente vai ver se a estratégia tem que ser repensada, também avaliando o que tá acontecendo em outras partes do mundo”, pontuou a secretária em agosto.
Contudo, para Rico Vasconcelos, médico infectologista do Hospital das Clínicas da USP e do Núcleo de Medicina Afetiva (NuMA), embora a adição dessas doses seja positiva, o número ainda é considerado insuficiente considerando o surto contínuo da doença desde 2022 e o número de pessoas que precisariam ser vacinadas.
“No Brasil, com cerca de 1 milhão de pessoas vivendo com HIV e 100 mil em uso de PrEP, 25 mil doses cobrem apenas uma pequena parte das necessidades”, avalia.
A vacinação contra a Mpox no Brasil começou em 2023, com uma licença especial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para vacinar os grupos vulneráveis e pessoas que tiveram contato com casos confirmados.
Ainda segundo a pasta, todo o estoque adquirido em 2023 foi distribuído aos estados, o equivalente a 49 mil doses, num esquema de vacinação que tem indicação de duas doses para cada pessoa com intervalo de quatro semanas entre elas.
Apesar disso, somente 29.165 foram aplicadas até o final de junho, segundo dados do ministério que o g1 teve acesso.
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