20 de setembro de 2024

‘A hostilidade aumentou de alguns anos para cá’: o autoritarismo e o conservadorismo do governo Viktor Orbán na Hungria

Uma lei do governo Órban determina que livros para crianças ou adolescentes que tenham personagens de minorias sexuais sejam lacrados com plástico ou vendidos em uma sessão da livraria só para maiores de idade. ‘A hostilidade aumentou de alguns anos para cá’: o autoritarismo e o conservadorismo do governo Viktor Orbán na Húngria
O Fantástico deste domingo (31) falou sobre Húngria, exemplo para a extrema direita, destacando a probidade do ex-presidente Jair Bolsonaro com o governo húngaro.
Elogiada pelo deputado Eduardo Bolsonaro, a Hungria atual rejeita a influência do Ocidente, rejeita os imigrantes, principalmente os do Oriente Médio, assim com o povo roma, antes chamados de ciganos. Além disso, eles não apoiam a autonomia das universidades, juízes independentes, imprensa livre e minorias sexuais.
“A hostilidade definitivamente aumentou de alguns anos para cá. As leis da Hungria estigmatizam e demonizam pessoas LGBTQ, tentam fazer as pessoas acreditarem que pessoas LGBTQ e pedófilos são a mesma coisa”, relata o escritor Krisztian Marton.
Krisztian é filho de uma húngara com um sudanês. O livro mais recente dele se chama “Resmungão”. Conta uma história parecida com a do próprio Kristian.
“É a história de um jovem mestiço gay que cresce em um país onde não vê pessoas como ele”.
Uma lei do governo Órban determina que livros para crianças ou adolescentes que tenham personagens de minorias sexuais sejam lacrados com plástico ou vendidos em uma sessão da livraria só para maiores de idade. Os livros do Krisztian se livrou dessas restrições porque é para adultos.
“O governo percebeu o potencial político da homofobia e sorrateiramente nos usa como ferramenta para explorar o medo das pessoas”, afirma Krisztian.
O caso do escritor representa o tipo de autoritarismo de Viktor Orbán. O coordenador do Observatório da Extrema Direita, Guilherme Casarões, destaca porque a extrema-direita atual não se assemelha aos ditadores do século 20.
“A gente não vai ver tanque na rua dando golpe pelas mãos dessa extrema-direita contemporânea. Na maioria esmagadora dos casos, há um movimento de estratégia eleitoral para se ganhar as eleições, para se conquistar o poder pela via democrática e um desmantelamento subsequente da democracia por dentro”, afirma.
“O nacionalismo atrelado à dimensão religiosa majoritária é talvez a característica mais importante para a gente entender o apelo que a extrema-direita contemporânea tem, inclusive nas ruas”, completa Guilherme Casarões.
A proximidade de Bolsonaro com Hungria
Registros de câmeras de segurança mostraram o ex-presidente Jair Bolsonaro chegando à embaixada da Hungria em Brasília. As imagens foram reveladas esta semana pelo jornal The New York Times e indicam que Bolsonaro passou 43 horas por ali.
O episódio originou uma investigação da Polícia Federal sobre os motivos da visita. Segundo os advogados de Bolsonaro, a hospedagem, que incluiu dois pernoites, serviu para “manter contatos com autoridades do país amigo”.
Na última quarta-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, pediu parecer da Procuradoria Geral da República sobre as explicações dadas pela defesa do ex-presidente.
O cientista político Guilherme Casarões abordou a possível afinidade entre Bolsonaro e o governo húngaro. O país tem um regime autoritária e ultraconservadores no poder.
“De todos os países do mundo, a Hungria certamente é aquele que mais se alinha com a ideologia do Bolsonaro, com a percepção do Bolsonaro sobre a política. A Hungria foi um aliado importante do Brasil no governo Bolsonaro”, ressalta o especialista.
De país comunista a exemplo para a extrema direita
Para entender como a Hungria se transformou em porto seguro para alguém como Jair Bolsonaro, é preciso voltar 35 anos no tempo, ao dia 16 de junho de 1989, quando a poderosa União Soviética entrou em colapso.
Agora, 35 anos depois, a Hungria se livrou do comunismo numa transição negociada, sem derramar sangue. Porém, o país enfrentou várias crises, o que gerou uma certa desilusão com a democracia liberal. Desde então, o país é dominado pela extrema-direita.
Foi em 1998 que o estudante sonhador Viktor se transformou no político todo-poderoso Orbán, após o partido dele, FIDESZ ganhar a eleição.
Veja a reportagem completa abaixo:
Exemplo para a extrema direita: o que explica proximidade de Bolsonaro com a Hungria?
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