14 de novembro de 2024

COP29: mercado de carbono pode injetar muito dinheiro nas economias de países emergentes


Grupo técnico foi criado, e começaram a ser definidos requisitos para a geração de créditos de carbono, metodologias e padrões para projetos de remoção de poluentes da atmosfera. Acordo na COP29 abre caminho para regulação de mercado global de créditos de carbono
Um dos principais avanços da COP, até agora, é em relação às regras do mercado de carbono, que pode injetar muito dinheiro nas economias de países emergentes.
A teoria do mercado de carbono é relativamente simples: quem deixa de poluir pode ganhar créditos para vender para quem ainda polui. E, em diversos países, empresas já fazem isso em um mercado voluntário.
Mas criar um mercado global regulado, controlável e confiável é um desafio que mais de 190 países tentam fazer desde o Acordo de Paris em 2015. Agora, um grupo técnico foi criado, e começaram a ser definidos os requisitos para a geração de créditos de carbono, as metodologias e padrões para projetos de remoção de poluentes da atmosfera.
O sistema global de comércio de créditos de carbono seria administrado pela ONU. É ela que manteria a espécie de livro caixa, controlando de onde vem e para onde os créditos estão se movimentando, fiscalizando essa contabilidade para que não haja fraudes.
COP29: mercado de carbono pode injetar muito dinheiro nas economias de países emergentes
Jornal Nacional/ Reprodução
Os créditos são criados de duas formas. Se uma empresa ou país reduzir as emissões de gases do efeito estufa, acumula créditos e pode vendê-los para quem não cumpriu as metas. Também é possível gerar créditos investindo em projetos para remover gases da atmosfera.
Existem basicamente duas formas de remover carbono da atmosfera. Uma delas é artificialmente. Mas essa é uma tecnologia que ainda está em desenvolvimento, não é muito eficiente e é cara. A outra é muito eficiente, já foi extremamente testada e é uma velha conhecida nossa: plantar florestas.
Entenda o que é o crédito de carbono
Em geral, cada tonelada de dióxido de carbono que deixa de ser lançada ou é capturada da atmosfera equivale a um crédito. A ideia principal do mercado é que países ricos acabem financiando projetos ambientais em países em desenvolvimento.
“É como se a gente conseguisse construir no mundo um grande registro em que você conseguisse registrar e contabilizar todas as negociações que estão acontecendo no planeta. E aí você teria uma fotografia efetivamente de quem reduziu, quem comprou, e isso é importante ter as regras para que tenha essa integridade. Não pode ter, por exemplo, uma pedalada contábil, porque aí você vai ter problema de continuar o aquecimento global”, afirma Guarany Osório, professor e pesquisador da FGV EAESP.
Mercado de carbono
Jornal Nacional/ Reprodução
No Azerbaijão, Helder Barbalho, governador do Pará – que vai sediar a COP em 2025 -, disse que a regulação desse mercado é fundamental para criar uma nova economia, verde e sustentável.
“Passaremos a fazer com que floresta viva seja uma nova economia para o estado, para a Amazônia. Com isso, nós viramos a chave de floresta a se transformar em um obstáculo para o desenvolvimento. E a preservação da floresta passa a ser a grande locomotiva para a economia verde na Amazônia”, diz Helder Barbalho, governador do Pará – que vai sediar a COP de 2025.
O acordo de agora ainda é parcial. Mas, para os especialistas que acompanham a discussão há quase uma década, foi um primeiro pequeno grande passo.
“Eu acho que ele não é perfeito, mas eu acho que ele está bom para começar. A emergência climática está aí. A gente, todo dia, toda semana, todo mês, a gente tem um desastre novo para chamar de nosso. Seja no Brasil, seja em qualquer país do mundo. E a gente tem que ter recurso para, seja para reduzir emissões, seja para adaptação, e para apoiar as populações mais vulneráveis”, afirma Alexandre Prado, líder em mudanças climáticas do WWF Brasil.
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