Célia compartilha a receita da tradicional iguaria nordestina, enquanto Petrônio fala sobre sua carreira de 40 anos fazendo artesanato em madeira. Queijo coalho e arte em madeira: casal une sabor e criatividade no Sertão de Alagoas
O dia começa cedo no sítio Corrupião, localizado na Ilha do Ferro, no Sertão de Alagoas. Às 6h, seu Petrônio já está ordenhando a vaca para tirar o leite que será usado pela esposa, dona Célia, para fabricar o queijo coalho, seguindo uma tradicional receita que passou por modificações ao longo do tempo.
A preparo do queijo coalho é uma tradição mantida há 150 anos. Durante esse período, a fabricação dessa iguaria mudou bastante. Célia conta que antigamente o coalho era feito a partir do estômago seco e salgado de animais silvestres como o mocó, um mamífero roedor que vive no sertão nordestino e no norte de Minas Gerais.
“Eu lembro que, quando eu era criança, minha mãe ia na caatinga, matava o mocó, tirava o intestino, que é o coalho, colocava o sal e colocava para secar. Depois de uns oito dias, já estava todo sequinho, ela colocava dentro de um copo com um pouco de leite e mexia. Depois, ela colocava dentro do leite para talhar”, lembra Célia.
Agora, Célia prepara o queijo coalho de uma forma muito mais rápida e simples. Confira:
Queijo coalho é uma iguaria tradicional do Sertão nordestino
Reprodução/TV Gazeta de Alagoas
Ingredientes:
5 litros de leite natural/pasteurizado
1 colher (chá) de coalho em pó
1 colher (sopa) e meia de sal
Modo de preparo:
Coar o leite e levar o leite ao fogo em temperatura alta por cerca de 2 minutos.
Depois, desligar o fogo, adicionar o coalho e deixar “descansando”.
Depois, quando o soro se separar do coalho. Neste momento, adicione o sal e misture.
Em seguida, com a ajuda de uma peneira, separe o soro do queijo. Pressione o queijo para que todo o soro escorra.
Coloque o queijo em uma forma forrada com um pano, para absorver o que sobrou do soro.
Por fim, basta desenformar e servir.
Dona Célia produz o queijo coalho seguindo uma tradicional receita que passou por modificações ao longo do tempo
Reprodução/TV Gazeta de Alagoas
40 anos de arte em madeira
Arte feita por Petrônio já conquistou outros estados e países
Reprodução/TV Gazeta de Alagoas
Enquanto Célia domina na gastronomia, Petrônio se destaca no artesanato há 40 anos. Uma frase estampada na entrada do ateliê dele diz tudo: “Se arte é vida, eu vivo a arte”.
Petrônio usa madeira para escupir “ex-votos”, que são objetos doados a santos como uma forma de agradecimento a um pedido atendido. Trata-se de uma manifestação artístico-religiosa que se liga à arte popular.
A arte de Petrônio é feita de maneira sustentável. Toda a madeira que ele usa em suas obras é “morta”, ou seja, partes de árvores caídas no ambiente. “A gente pega a madeira das proximidades, nas afluentes do Rio São Francisco”, explica.
“É um orgulho não só para mim, mas eu acho que para toda a comunidade. Esses dias o trabalho da gente estava exposto em Milão. Acho que nós artistas ganhamos com isso para que essa arte não morra”, afirma o artesão.
Petrônio faz arte em madeira há 40 anos
Reprodução/TV Gazeta de Alagoas
Para Petrônio, pescar, plantar e fazer artesanato fazem parte de um estilo de vida tranquilo que ele valoriza bastante.
“As pessoas dizem que é trabalho, mas para mim é uma diversão. Para quê vida melhor do que essa? Às vezes, na simplicidade estão as melhores coisas da vida”.
Casal Célia e Petrônio unem sabor e artesanato na Ilha do Ferro
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