18 de novembro de 2024

Hotel ‘mal-assombrado’ dos anos 80 preocupa moradores por abandono no litoral de SP; VÍDEO


Fundado na década de 1980, o Hotel Maré Alta, em Ilha Comprida, era atração para turistas. Estrutura ficou abandonada e, atualmente, preocupa moradores. Hotel abandonado atrai turistas e preocupa moradores em Ilha Comprida, SP
Mato, paredes pichadas e outros sinais de abandono. Essa é a visão de quem se aproxima do Hotel Maré Alta, em Ilha Comprida, no litoral de São Paulo. Conhecido popularmente como ‘mal-assombrado’, o imóvel já teve anos de glória em que servia como atração na cidade. Agora, é motivo de preocupação até para turistas. Ao g1, a prefeitura disse monitorar o local.
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As ruínas do Hotel Maré Alta, fundado em 1984 e abandonado há aproximadamente 20 anos, chamam atenção no Balneário Praia do Marlyn.
Ao g1, uma ex-funcionária que lavava louças no estabelecimento contou ter lembranças vagas da época em que trabalhava lá. Selma Pires Medeiros Barbosa, de 51 anos, acompanhou a ascensão do comércio desde o ano da inauguração.
“Tinha o restaurante [e] o salão do restaurante, que era enorme. Tinha sala de jogos, salão de festa, [e] a parte da lavanderia embaixo, onde as camareiras trabalhavam. Era um hotel muito chique, muito chique na época”, disse.
A fotógrafa e monitora ambiental Monica Novaes também frequentou o hotel a trabalho. Entre ensaios fotográficos e visitas turísticas que fez por mais de dois anos, a partir de 2022, ela agora prefere manter distância do imóvel.
“Ali está perigoso, o mato está da minha altura, tem bicho ali, tem cobra, tem escorpião. Então, o certo seria ali estar interditado e não acontecer turismo […]. Se a pessoa tem acesso para entrar sozinha, ela está correndo risco ali dentro”, opinou a profissional.
História
Hotel Maré Alta fica em Ilha Comprida, SP
Paulo Bergamo
Com pouco mais de 13 mil habitantes, Ilha Comprida tem 74 km de praias com variadas opções de passeios. Justamente a diversidade de afazeres consagrou a cidade como ponto turístico conhecido no estado de São Paulo.
Foi nesse cenário que, em 1984, o Maré Alta foi fundado. A fotógrafa e monitora Monica explicou ao g1 que a arquitetura do hotel foi inspirada em um navio. Durante os tours que fazia pelo imóvel com clientes, a profissional explorava essa curiosidade e levantava hipóteses sobre os motivos do abandono priorizando um tom de suspense.
“Comecei a fazer turismo, criei uma historinha a respeito do lugar, porque lá tem muita pichação, está bem deteriorado […] só que, agora, ele está muito deteriorado. Então, eu parei de fazer porque está meio perigoso. A estrutura está muito comprometida”, complementou ela.
Selma, por sua vez, relatou ter começado a trabalhar no estabelecimento quando ainda era adolescente e no cargo de ajudante de cozinha.
Além de lavar louças, a funcionária passou pelos cargos de garçonete e recepcionista enquanto crescia junto com o hotel. “Ia bastante turista para lá, grupos musicais famosos […] ia muita gente famosa”, disse Selma.
‘Cada um fala uma coisa’
Ruínas do Hotel Maré Alta, em Ilha Comprida (SP)
Paulo Bergamo
Todo o luxo se transformou em preocupação quando, há aproximadamente 20 anos, o estado de abandono do hotel começou a chamar atenção de maneira negativa.
O criador de conteúdo Paulo Bergamo, de 68 anos, autor das imagens do início da reportagem, contou que já ouviu diversas ‘lendas urbanas’ a respeito do hotel. Ele não sabe exatamente o que aconteceu, mas, assim como Monica, não se sente à vontade lá dentro.
“Cada um fala uma coisa. Uns falam em briga de família, outros falam que quebrou financeiramente”, disse ao g1. “Eu acho perigoso entrar no hotel [pela] questão física, de cair um pedaço de teto na sua cabeça, uma telha. É isso que eu vejo”.
Monica destacou que teme as condições estruturais da construção abandonada. Ela também citou a ausência de intervenção do município para solucionar o problema.
“Ninguém está tomando conta, está aberto ao público. Então, tem gente fazendo uso, por exemplo, morador [em situação] de rua. Você vai lá, tem resto de roupa, tem marca de fogueira nos espaços. Mas, autoridade, eu nunca vi ninguém falando nada a respeito”, lamentou.
Prefeitura
A administração municipal informou, por meio de nota, que está “adotando as providências cabíveis para a interdição do local e para a aplicação das penalidades legais” aos proprietários, que abandonaram o espaço.
Segundo a prefeitura, a Defesa Civil será acionada para fazer uma análise técnica e emitir um parecer detalhado sobre a condição estrutural, “indicando a melhor forma e os procedimentos adequados para garantir a segurança do local”. A data não foi divulgada.
O município reforçou que o local é distante do centro urbano e não pode ser visitado. Ele é monitorado pelo Controle de Vetores de Ilha Comprida.
“Com os Equipamentos de Proteção Individuais , os EPIs, os agentes coletam amostras de larvas para análise. Quinzenalmente é aplicado o larvicida. A orientação preventiva é que as pessoas não visitem esse local, já que o imóvel apresenta riscos e resíduos para proliferação de doenças”, afirmou.
O g1 não conseguiu entrar em contato com os donos do hotel até a última atualização desta reportagem.
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