18 de novembro de 2024

‘Enel levou cartão amarelo envermelhando’, diz Alexandre Silveira


O ministro de Minas e Energia assinou nesta segunda um Memorando de Entendimento (MoU) com o presidente argentino Javier Milei, que participa do G20, no Rio. Carlos Henrique Baqueta Fávaro e Alexandre Silveira anunciam assinatura para importação de gás natural da Argentina
Thais Espírito Santo/g1
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse em entrevista coletiva nesta segunda-feira (18), durante o G20, que o governo deu um “cartão amarelo envermelhando” para a Enel após episódios de falta de luz nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro este ano.
A declaração ocorreu durante coletiva para falar de um acordo para ampliar a importação de gás natural da Argentina.
O ministro disse que, em reunião, esclareceu que os modelos de contratos estabelecem regras a serem seguidas e que a Enel não está seguindo as regras de qualidade, como mostrado nos eventos de SP e do RJ. Segundo ele, na renovação dos contratos, os eventos climáticos vão contar como índice de qualidade na prestação de serviços. Ele afirma que os ministros da Itália ficaram de se reunir com a Enel e dar um retorno
“Se eu pudesse resumir em palavras, nós demos um cartão amarelo envermelhando para a Enel”, disse ele.
O Brasil assinou, nesta segunda-feira (18), um Memorando de Entendimento (MoU) com a Argentina, durante o primeiro dia da cúpula do G20. O acordo indica que o Brasil deve desenvolver infraestrutura e interconexão para trazer mais gás natural argentino para o país. A medida para baratear o combustível no país já era estudada há meses.
Um dos destaques do acordo é a exploração do gás de Vaca Muerta, que é um gás natural de um megacampo argentino e que atualmente está subaproveitado no país. O acordo firma um grupo de trabalho entre os dois países para viabilizar a oferta do combustível no Brasil.
Segundo o governo, a abertura do mercado de gás no Brasil pode gerar benefícios a longo prazo, além de incluir investimentos, empregos e redução dos preços dos alimentos, com a demanda estimada em 30 milhões de metros cúbicos por dia até 2030.
“Estamos focados em construir políticas de estado e não de governo para dar um passo fundamental. A gente visa ampliar a competitividade do gás natural no Brasil. O gás é uma energia de transição. Precisamos eliminar os combustíveis fósseis, mas precisamos respeitar a transição”, disse o ministro Alexandre Silveira.
Segundo o ministro, uma das formas de fazer a transição energética no país é focar no gás natural. Ele afirma que, com o acordo, o país aumentará em 3 milhões de metros cúbicos de importação a um preço mais acessível.
“A gente só vai conseguir diminuir o preço quando aumentar a oferta. Então estamos buscando formas sustentáveis de aumentar a oferta”, diz Silveira.
O país pode chegar a 30 milhões de importação de gás natural argentino. O ministro afirma que há 4 rotas possíveis para trazer o combustível ao país.
Outros acordos
Na coletiva, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro afirmou que o Brasil ampliará os acordos de exportação com a China, com a diversificação dos produtos exportados. Os detalhes ainda serão divulgados.
Silveira disse também que podemos esperar acordos de energia com o Egito e Arábia Saudita. Também observou que o consumo de combustíveis fósseis deve ser revisto no futuro e fez referência a uma frase do ministro Ricardo Salles, do governo Bolsonaro.
“As próximas gerações vão tratar os combustiveis fósseis como hoje tratamos o cigarro (…) Somos veemente contra o ‘passar a boiada’ e a qualquer radicalização ideológica”, ministro Alexandre Silveira.
Durante a coletiva, um jornalista da Turquia perguntou quando o Brasil vai parar de exportar petróleo para Israel, “que usa para produzir bombas e matar crianças na Palestina”. O ministro disse que o Brasil vai parar de exportar quando parar de ter demanda, o que provocou reprovação de alguns presentes.
O que é o gás de Vaca Muerta
Em abril desse ano, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento Geraldo Alckmin, já tinha defendido a importação do gás de Vaca Muerta como uma das apostas para barater o preço do combustível no Brasil.
O gás natural produzido em Vaca Muerta é um “gás de xisto”, um tipo de recurso não-convencional. Isso significa que o gás está “preso” em formações rochosas, que impossibilitam a sua fruição sem a utilização de técnicas que estimulem a produção –como a injeção de líquidos.
Essa técnica é utilizada nos Estados Unidos, levando o país ao patamar de maior produtor mundial de petróleo e gás natural. Contudo, também é questionada por ambientalistas por causa de possíveis danos ao meio ambiente, como poluição de lençóis freáticos, por exemplo.
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