Servidores relatam problemas financeiros e até parcelamentos de procedimento cirúrgicos em Sorocaba (SP). A Funserv negou saída de empresas e profissionais conveniados. Servidores municipais de Sorocaba reclamam de convênio médico da Funserv
Google Street View/Reprodução
Servidores públicos municipais, ativos e inativos, estão reclamando de diversos problemas com o convênio da Fundação da Seguridade Social dos Servidores Públicos Municipais de Sorocaba (Funserv). A demora no agendamento e até cancelamento de consultas e procedimentos estão entre os apontamentos feitos por eles, mas a Funserv nega o atraso de pagamentos à rede credenciada (veja mais detalhes abaixo).
📲 Participe do canal do g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp
Segundo os servidores, a falta de pagamento seria o principal motivo do transtorno. O g1 e a TV TEM receberam diversas reclamações dos usuários a respeito do caso, onde relatam que recebem mensagens lamentando a situação e informando a suspensão das consultas.
“Primeiramente, peço desculpas pelo transtorno, porém, terei que suspender as consultas do dia 09/12, devido a falta de pagamento da Funserv, a dra está suspendendo o atendimento até Janeiro”, diz uma das mensagens recebidas pelos usuários.
Os servidores, que pediram para não serem identificados, chegaram a receber uma lista de nove médicos cancelando o atendimento com o convênio. A mesma lista também mostrava o cancelamento do atendimento em três clínicas. Tudo, conforme os relatos, por falta de pagamento.
Uma funcionária pública conta que passou mais de uma hora ao telefone com a fundação e, mesmo assim, não conseguiu resolver o problema.
“Uso remédios controlados há mais de cinco anos. Ele está acabando e meu médico não vai me atender enquanto não receber da Funserv. Hoje, após mais de uma hora tentando uma resposta da Funserv, me transferiram para o ambulatório para ver se o médico do ambulatório poderia me fornecer receita. Todo esse tempo aguardando na linha e nenhuma solução. Não há médico para me atender”, desabafa a mulher, que atua no serviço público há 14 anos.
Os servidores contam que a divida da fundação com instituições de saúde da cidade seria superior a R$ 9 milhões, de acordo com o que foi apresentado em plenários para os servidores.
Eles ainda dizem sentir medo de o valor do convênio aumentar e eles não terem condições de pagar. “Quando falo de dívidas é referente ao nosso salário. A maioria dos servidores tem empréstimos consignados. Estou querendo dizer que, possivelmente, muitos não conseguirão ficar com o convênio com o novo reajuste por falta de condição mesmo porque o salário já está comprometido”, conta outra servidora, também com 14 anos de atuação no serviço público.
Os servidores ainda dizem que o convênio também estaria pagando por cirurgias de forma parcelada. Em um dos casos, o usuário cita que a cirurgia foi feita em janeiro, mas o pagamento só ocorreu em outubro.
“Acontece que a Funserv passou um comunicado para as clínicas conveniadas que irá realizar o pagamento para as clínicas de forma parcelada. Diante disso, várias clínicas não estão mais atendendo pacientes da Funserv. Sem falar de outras clínicas que estão deixando de atender. Eu tentei marcar uma consulta com uma clínica de anestesia (para minha cirurgia) e não estão mais atendendo”, conta outra servidora, que atua na Prefeitura de Sorocaba há 12 anos.
Os servidores também reclamam que, em meio à situação, a entidade estaria fazendo compras desnecessárias, contrariando a suposta crise, como a compra recente de um fogão industrial, no valor de mais de R$ 12 mil.
O que diz a Funserv
Em nota, a Funserv afirmou que conta com cerca de 900 prestadores de serviço credenciados, incluindo hospitais, clínicas e médicos.
“Em 31 anos de Fundação, nunca houve situação como tal, de atraso de pagamentos à rede credenciada. Os pagamentos do mês de novembro foram parcelados em duas vezes, sendo que a primeira metade foi quitada no dia 7/11 e o restante deverá ser pago no sexto dia útil de dezembro.”
“Quanto ao pagamento referente a dezembro, será feito integralmente nesse mês: a maior parte dele junto com a segunda parcela equivalente a novembro e o restante até o dia 20 de dezembro”, garante.
A entidade nega que esteja ocorrendo pedido de descredenciamento. “Não há pedido de saída do credenciamento da Funserv. E, caso houvesse, mesmo assim é necessário cumprir 30 dias de aviso prévio, antes do encerramento contratual. No entanto, a Funserv analisa casos em que prestadores suspenderam o atendimento a beneficiários, a fim de adotar as medidas cabíveis legalmente.”
A Funserv não comentou sobre os relatos de compras que, segundo os servidores, seriam inapropriados para o momento.
O que diz o SSPM
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Sorocaba (SSPM) afirmou que há tempos vem cobrando manifestação da fundação “sobre a gestão e falta de transparência com as servidoras e servidores”.
Também afirmou que um estudo sobre as economias que poderiam ter sido feitas pela Funserv foi levado à corregedoria. Além disso, a entidade disse que atua na cobrança e questionamento na Funserv, mas que não possui “qualquer poder de decisão na fundação, uma vez que essa tem gestão própria e diretoria própria eleita”.
Não há informações sobre quantos servidores estão sendo afetados pela situação.
Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí
VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM