Entrevistados relatam recuo de até 80% nas vendas e lojas vazias diante da dificuldade de clientes em chegar por conta de bloqueios em ruas como a São José. Obras afetam movimento do comércio no Centro de Ribeirão Preto
As prateleiras com menos materiais escolares na papelaria da Caroline Fernandes, no Centro de Ribeirão Preto (SP), não é sinal de boas vendas. A empresária conta que desistiu de fazer estoque para o fim do ano por conta da baixa procura associada às interdições para obras que se acumulam pela região. Dos quinze tipos de borracha com que ela costuma trabalhar, hoje tem apenas três. Faltam clientes, sobram prejuízos e muita poeira.
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“Tem sido desastroso. A gente conversa com vários clientes, pessoas que têm dificuldade de chegar aqui. Em novembro o pessoal já estaria se preparando para comprar a lista de material, a loja está às moscas”, lamenta.
Interdições em diferentes ruas atrapalha rotina de moradores e comerciantes no Centro de Ribeirão Preto
Cacá Trovó/EPTV
A rua em que Caroline trabalha é a São José, uma das afetadas por interdições adotadas no município para dar andamento e conclusão às obras de mobilidade urbana de Ribeirão Preto (SP). Segundo o site da Prefeitura, são pelo menos nove pontos de bloqueios parciais ou totais. De acordo com os comerciantes, esses bloqueios foram adotados sem planejamento e sem aviso prévio, o que se reflete em queda no faturamento.
Em nota, a Prefeitura informou que os trabalhos sofreram atrasos devido a as chuvas intensas e contínuas no sáabado que impediram a liberação ao tráfego, sendo necessário um trabalho de recuperação do pavimento que se encontra em andamento.
Queda de 80% nas vendas
Desde que as obras na mesma Rua São José avançaram em frente à ótica do empresário Adriano Pereira de Faria, entre as ruas Bernardino de Campos e a Quintino Bocaiúva, o comerciante reclama que o movimento caiu 80% e que, por isso, precisou dispensar dispensou duas funcionárias.
“A gente teve que dispensar funcionários, porque é inviável ficar com três funcionários aqui dentro da loja, e não tem cliente, cliente não chega, não consegue chegar, queira ou não acaba tendo a demissão, não tem o que fazer, você ficar com funcionário com uma obra dessa sem planejamento, a gente não sabe nem até quando vai terminar”, diz.
As obras no cruzamento das ruas Américo Brasiliense e São José também têm causado transtornos no salão de beleza da Izabel Cristina de Souza. A cabeleireira e podóloga diz que o movimento caiu 85% e a maior parte do tempo tem ficado vazio.
A agenda de clientes que no ano passado nessa mesma época estava cheia, agora tem espaço de sobra. “Fica difícil para estacionar, é muita volta pra chegar aqui. Cliente não quer saber de complicação, cliente quer chegar, ser bem atendido e ir embora”, afirma.
Caroline Fernandes, dona de papelaria no Centro de Ribeirão Preto (SP)
Cacá Trovó/EPTV
Acúmulo de obras e interdições
As obras para acabar com as enchentes no Centro são feitas ao mesmo tempo que os corredores de ônibus da Avenida Nove de Julho, que chegaram a ficar paradas por conta de um problema com a construtora contratada e foram retomadas após nova licitação, mas com prazo de mais 12 meses.
Outro ponto da região central que tem causado transtornos é um trecho da Avenida Francisco Junqueira, entre as ruas Cerqueira César e São José. As obras, para retirada de uma mureta de contenção que ocupava parte da pista, começaram na última quinta-feira (14) e deveriam ter sido finalizadas no domingo (17), mas isso não aconteceu.
Obras na Avenida Francisco Junqueira, em Ribeirão Preto (SP)
Cacá Trovó/EPTV
Enquanto isso, motoristas e comerciantes reclamam. Na loja de materiais elétricos de Edson Henrique da Silva, descarregar mercadorias tem sido difícil e por outro local. Ele pede mais planejamento.
“Geralmente é carga pesada, que a gente trabalha e temos sofrido, os meninos da expedição que recebem material têm sofrido bastante.”
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