21 de setembro de 2024

Datena migra para o PSDB e pode ser candidato do partido à Prefeitura de SP; sigla é a 11ª que o apresentador se filia desde 1992

Legenda não esconde o desejo de ter um ‘outsider da política’ como cabeça de chapa, mas não descarta que ele continue como candidato à vice na chapa de Tabata Amaral, do PSB, que participará do evento nesta quinta. O apresentador José Luiz Datena (PSB), o ex-tucano Andrea Matarazzo (PSD) e a deputada federal Tabata Amaral (PSB).
Montagem/g1/Divulgação
O PSDB vai filiar nesta quinta-feira (4) o apresentador José Luiz Datena.
A chegada dele ocorre em um momento de fragilidade da legenda, após a debandada dos vereadores do partido da bancada na Câmara Municipal de SP, por conta das eleições municipais e do já anunciado divórcio da legenda com o prefeito Ricardo Nunes (MDB).
A cerimônia de filiação será às 11h, no Novotel Jaraguá, Centro de São Paulo.
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O apresentador tinha se filiado ao PSB em dezembro de 2023 e era cotado para vice da pré-candidata Tabata Amaral.
Porém, a nova mudança de partido pode transformar Datena em cabeça de chapa da legenda, que sonha com um nome popular e ‘outsider da política’ para conseguir retomar o comando da cidade que governou quatro vezes nas últimas décadas.
Com a filiação, o PSDB será a décima primeira legenda que Datena já foi filiado desde 1992. O apresentador já fez parte de partidos como PT, o PP de Paulo Maluf, o antigo DEM e do novo União Brasil, além de PSC, PDT e MDB.
Há pelo menos uma década que o apresentador de programas policiais de Ribeirão Preto ensaia voo concreto na política, mas desiste de última hora.
Em conversa com o g1, o presidente municipal do PSDB, o ex-senador José Aníbal, afirmou que o partido trabalha com vários cenários depois de anunciar o fim da aliança com Ricardo Nunes.
A primeira – e mais sonhada pela Executiva Nacional do partido – é ter Datena como cabeça de chave na disputa, tendo Andrea Matarazzo como seu vice. O próprio Andrea – que já foi candidato à prefeito e vice-prefeito de SP pelo PSD de Kassab, onde ainda está filiado – também é cogitado como cabeça de chave.
O ex-senador José Aníbal, presidente municipal do PSDB na cidade de São Paulo.
Divulgação/PSDB
Porém, a conversa mais adiantada dentro no ninho tucano é que Datena continue como vice da deputada federal Tabata Amaral, mas em uma dobradinha entre as duas legendas. A deputada, inclusive, é uma das presenças confirmadas no evento de filiação do apresentador nesta quinta (4).
“A decisão da nova Executiva Municipal é de fortalecer o partido na maior cidade do Brasil. E a candidatura própria é um caminho forte nessa direção, assim como o apoio à Tabata. Mas nenhuma decisão vai ser tomada antes do fim da janela partidária, na sexta, porque a gente ainda depende de movimentos importantes de vários nomes”, disse José Aníbal ao g1 na tarde desta quarta (3).
Entraves da aliança
O apoio do PSDB à Tabata esbarra, principalmente, no cenário nacional. Os dois únicos governadores tucanos eleitos no pleito de 2022 foram Eduardo Leite (Rio Grande Sul) e Raquel Lyra (Pernambuco).
Lira será provável candidata à reeleição em 2026 e pode ter a figura do prefeito de Recife, João Campos (PSB), como adversário. O prefeito de Recife é namorado de Tabata e, segundo fontes do partido, não é desejo de Raquel Lyra fortalecer o nome de seu principal antagonista regional em SP.
O casal João Campos (recife) e Tabata Amaral, ambos do PSB; e a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB).
Reprodução/Redes Sociais/Instagram
Somado a isso, a saída em bando dos vereadores do PSDB deixou a sigla sem representação na Câmara Municipal e, na avaliação atual da Executiva Municipal, ter candidato próprio é o caminho mais seguro para os tucanos voltarem a ter corpo na cidade, que é seu berço político.
“Tenho uma ótima relação com o Datena desde que fui secretário de energia do estado, de 2011 para 2014. Apresentamos todos os cenários trabalhados pelo PSDB para ele e acreditamos que neste ano ele realmente se lançar na política”, declarou Aníbal.
Divórcio de Ricardo Nunes
Sobre a debandada dos vereadores do PSDB em São Paulo para outros partidos, Aníbal afirmou que, mesmo com a atual bancada, o partido já estava fragilizado na cidade, porque os atuais vereadores que não propunham políticas públicas novas para a cidade durante
“Eles fizeram uma escolha. Me reuni com eles em março, dia 5, com os oito [vereadores], e ficou claro pra mim que eles tinham uma adesão irrestrita ao prefeito. Não é por políticas públicas, porque você vê muito pouco em matéria de políticas públicas nessa prefeitura. Asfalto não é política pública, é zeladoria. Ter uma boa zeladoria, sim, é fundamental. O que não existe atualmente. (… ) Eles perderam toda a conexão com uma postura de questionamento, de oferecer alternativas de políticas públicas pra cidade, seja em que área for. Com a montanha de dinheiro que a prefeitura tem, dava pra fazer muito mais coisa que já foi feito até agora”, afirmou Aníbal.
Bruno Covas e o vice Ricardo Nunes durante posse em São Paulo, em janeiro de 2021.
ALEX SILVA/ESTADÃO CONTEÚDO
“Não vejo que com todos saindo vá fazer muita diferença para a ideia que o PSDB trabalha hoje com força, que é recuperar o protagonismo em São Paulo”, completou.
Na conversa com o g1, o presidente municipal do PSDB mostrou mágoa com Ricardo Nunes por deixar os tucanos de lado na composição da nova chapa, uma vez que foi graças ao ex-prefeito Bruno Covas – que escolheu o atual prefeito como vice.
“Nós propusemos ao prefeito – e estive com ele e o Baleia Rossi duas ou três vezes – e disse: ‘olha, na eleição passada houve um acordo PSDB/MDB. O Bruno era nosso candidato à reeleição. E a decisão foi fazer uma aliança com o MDB. E o Bruno Covas escolheu o Ricardo nunes como vice. Bruno morreu, ele assumiu e, com toda a condição, natural querer ser candidato à reeleição. Mas vamos reproduzir o acordo. Nós indicamos o vice. Em nenhum momento eles sequer cogitaram isso. Mesmo conversando olho no olho”, disse Aníbal.
“Disseram que ‘o PSDB tem espaço no governo, tem secretários e vereadores’. Nada disse responde o pano de fundo: Nós queríamos o vice para fazer políticas públicas. Podemos trabalhar no governo por propósitos que interessem à população de SP. E eles não aceitaram porque já estavam fechados com o Bolsonaro em SP. Não consideraram em nenhum momento a aliança conosco”, completou.
Antes de Nunes, o PSDB já tinha governado a capital paulista por quatro vezes com os seguintes prefeitos:
Bruno Covas (abril de 2018 até maio de 2021);
João Doria (janeiro de 2017 até abril de 2018);
José Serra (janeiro de 2005 até março de 2006);
Mario Covas (maio de 1983 até dezembro de 1985 [Covas era do antigo PMDB, que rachou e deu origem ao PSDB, com o tucano como principal nome fundador).
Indicação de vice do PL
O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, o Coronel Mello, Jair Bolsonaro e o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição em São Paulo.
Montagem/g1
No final de janeiro, o presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, havia confirmado oficialmente que a legenda de Bolsonaro indicaria o vice na chapa de reeleição de Ricardo Nunes.
Na ocasião, Bolsonaro havia levado o nome do Coronel Mello Araújo- ex-presidente da Ceagesp e ex-integrante da ROTA, as Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, como principal indicado pessoal dele para a composição da chapa, segundo o próprio Valdemar.
Como as negociações para a viabilização de Mello Araújo não avançaram, outro nome indicado pela família Bolsonaro foi o do ex-secretário de Comunicação e advogado pessoal de Jair Bolsonaro (PL), Fabio Wajngarten.
Ricardo Nunes (segundo da esquerda para a direita) e Jair Bolsonaro durante almoço em SP
Divulgação
Wajngarten, inclusive, ofereceu um almoço ao prefeito de SP em sua casa no final de março, com a presença de Jair Bolsonaro e outros nomes do PL no estado.
O advogado não é filiado a nenhum partido. Mas é um dos aliados mais fiéis de Bolsonaro e tem se aproximado do PL.

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