27 de dezembro de 2024

Juiz de Fora registra 4 casos de câncer de próstata por dia em 2024


Doença costuma ser silenciosa, o que reforça a importância de realizar exames anuais. Pacientes que enfrentam o diagnóstico compartilham os desafios e a luta contra a neoplasia. Símbolo da Campanha ‘Novembro Azul’, foto ilustrativa
Divulgação
O mês de novembro foi dedicado à prevenção do câncer de próstata, a segunda doença que mais mata homens no Brasil. O Ministério da Saúde estima que aproximadamente 1 em cada 8 homens será diagnosticado com a doença e 1 em cada 40 morrerá em decorrência da neoplasia.
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Em Juiz de Fora, foram diagnosticados 1.361 casos de janeiro até o dia 27 de novembro deste ano, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, por meio das Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon). Isso corresponde a cerca de 4 confirmações a cada 24 horas.
Ainda de acordo com os números da Ascomcer, a instituição registrou 12 mortes pela doença este ano e 163 casos confirmados. Em 2023, 92 pacientes foram identificados com a enfermidade e 17 morreram.
A cidade conta com três Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) que realizam o acolhimento e tratamento de pacientes com câncer de próstata: Ascomcer, IBG Saúde e Instituto Oncológico. No entanto, os dados de mortalidade das outras duas unidades não foram divulgados.
Doença pode ser silenciosa
Entre os sintomas do câncer de próstata, estão irregularidades para urinar e presença de sangue na urina ou no sêmen. Dores e ardências também fazem parte dos sinais que podem indicar o problema. No entanto, o médico urologista Humberto Lopes ressalta que, muitas vezes, essa condição pode ser silenciosa.
Foi o que aconteceu com o empresário Paulo José Monteiro de Barros, de 65 anos, e o professor Wilson Jorge Rodrigues Pereira, de 67. Eles faziam exames regularmente, como o toque retal, desde os 40 anos, não apresentavam sintomas e identificaram a doença por meio de um exame de sangue, conhecido como PSA, que mede o nível de uma proteína produzida pela próstata para avaliar o risco de câncer.
“Fiz um exame de sangue no dia 28 de novembro de 2022, recomendado pela minha endocrinologista, mas todo janeiro já fazia um check-up completo. E, ao fazer um novo exame de sangue, descobri que o meu PSA estava alto. Nunca senti nada, dor ou qualquer incômodo. Repeti os exames no mesmo laboratório e depois fiz em outro, então não tive dúvidas de que era câncer”, contou Paulo.
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Paulo José Monteiro de Barros
Paulo José Monteiro de Barros/Arquivo Pessoal
O empresário fez uma biópsia para localizar onde estava o câncer e, depois, foi para Belo Horizonte para realizar a cirurgia robótica, que era menos invasiva. Paulo ficou curado após retirar a próstata e a vesícula, não desenvolveu metástases e não precisou fazer tratamento com quimioterapia.
“Fiz a cirurgia e, depois que tudo passou, a ficha caiu e fiquei apavorado. Eu não dei o valor necessário para a doença, porque a minha necessidade de tirar o câncer era mais forte que qualquer medo”, desabafou.
Segundo o urologista Humberto Lopes, o diagnóstico precoce do câncer aumenta as chances de cura, podendo chegar a 90%. Contudo, ele destaca que o tratamento é individualizado, dependendo das áreas atingidas, das metástases, entre outros fatores.
🔎 A recomendação geral é que homens a partir dos 50 anos procurem fazer os exames regularmente. Mas, se houver histórico familiar de câncer de próstata, devem começar aos 45 anos, uma vez que 10% dos casos estão ligados a mutações genéticas hereditárias.
Diagnóstico não é uma sentença de morte
Wilson Jorge Rodrigues Pereira
Wilson Jorge Pereira/Arquivo Pessoal
O professor Wilson Jorge Pereira, de 67 anos, recebeu o diagnóstico em 2018, já em um estágio avançado, mas ainda faz tratamento com medicação para controlar o câncer. Logo que descobriu a doença, ele retirou a próstata em cirurgia, mas, como tinha metástases nos ossos, precisou fazer quimioterapia.
“No primeiro momento, senti muito medo, mas depois fui trabalhando meu psicológico. Como o estágio do meu câncer é mais avançado, não posso fazer mais exercícios físicos, porque meus músculos foram enfraquecendo, e isso me deixa chateado. Eu amava andar de bicicleta e, quando descobri a doença, esse esporte me ajudou muito”, contou Wilson.
Apesar de ser aposentado, ele ainda dá aulas de física e matemática, além de ser coordenador de uma escola. Wilson destaca que a doença não ocupa a mente dele.
“Embora você tenha um diagnóstico de metástase, isso não é uma sentença de morte. Existem várias formas de controle, assim como na diabetes. Os remédios são muito agressivos. Aí, temos que lutar com mais garra, mas, em hipótese nenhuma, desistir de viver. Já tenho 7 anos de luta contra essa doença, então imagina se eu tivesse parado a minha vida”, finalizou.
*estagiária sob supervisão de Carol Delgado.
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