27 de dezembro de 2024

Projeto adapta carrinhos motorizados e proporciona mais autonomia para crianças com deficiência grave de locomoção


Profissionais da saúde e alunos de engenharia de Jundiaí (SP) se uniram para desenvolver um plano piloto para atender crianças com deficiência motora, proporcionando mais autonomia e liberdade em tarefas simples, como se locomover dentro de casa e ir ao parque. Projeto proporciona autonomia para crianças com deficiência grave de locomoção
Uma união entre profissionais da saúde e alunos de engenharia deu origem a um projeto que ajuda a transformar a vida de crianças com deficiências de locomoção em Jundiaí (SP). Com menos de um ano de existência, o MobiZika adapta carrinhos motorizados para que se tornem um meio de transporte seguro, proporcionando mais autonomia.
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As crianças selecionadas para participar do projeto passam por um acompanhamento de oito semanas, que busca ensiná-las a pilotar o carrinho e também oferece orientações aos pais e responsáveis. Ao final de cada sessão, é elaborado um relatório que registra o avanço da criança.
A entrega do carrinho é feita de forma gratuita. Quando o equipamento não for mais necessário, ele é devolvido para que outras crianças possam usá-lo. A manutenção fica sob responsabilidade dos alunos do curso de engenharia da Faculdade Anchieta de Jundiaí.
Fisioterapeuta Fabio e a paciente Yara do projeto MobiZika
Reprodução
A iniciativa do projeto partiu do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ), com o objetivo de atender crianças participantes da Coorte Zika Jundiaí, um estudo sobre a Síndrome Congênita do Zika Vírus, coordenado por Saulo Passos, médico pediatra e doutor em infectologia pediátrica.
“Ao iniciarmos o Projeto Zika, pensávamos que três anos seriam suficientes para acompanhar o desenvolvimento das crianças expostas ou infectadas. No entanto, a realidade tem se mostrado desafiadora à medida que essas crianças crescem. É evidente que essas crianças demandam cuidados contínuos. O Projeto MobiZika surge como uma resposta a essa nova fase de acompanhamento”, explica o médico.
Yara de 5 anos em aula com o seu carrinho adaptado
Reprodução
Os carrinhos motorizados possibilitam que as crianças com deficiência possam realizar atividades do dia-a-dia com mais conforto, como ir ao parque, e se locomover dentro de casa.
“Promover o desenvolvimento cognitivo e motor é o objetivo principal. O projeto visa melhorar significativamente a qualidade de vida das crianças afetadas pela Síndrome Congênita do Zika Vírus e daquelas com deficiências motoras graves que necessitam de auxílio para a mobilidade”, acrescenta o médico.
Democratizar as possibilidades
Yara e sua mãe Grasiele de oliveira Silva
Reprodução
O fisioterapeuta responsável pela ação, Fabio Valente Rizzo, explica que as crianças gostam de brincar com os carrinhos. Segundo ele, a ideia central é democratizar as possibilidades para essas crianças, considerando que os preços de carrinhos motorizados e cadeiras de rodas são muito altos.
Durante o tempo de desenvolvimento do trabalho, Fabio observa que os pais ficam contentes ao ver os filhos superando barreiras.
“Os pais gostam da ideia de ver os filhos fazendo algo sozinhos. Muitas vezes, as pessoas não acreditam que essas crianças possam realizar certas coisas. É emocionante oferecer um brinquedo que suporta o corpo delas de forma segura, permitindo brincadeiras e mobilidade”, comenta o fisioterapeuta.
Pequenos avanços, grandes resultados
Uma das crianças beneficiadas pelo projeto é Yara Gabriele da Silva Oliveira, de cinco anos. A mãe da menina, Grasiele de Oliveira Silva, contou ao g1 que a filha é atendida na Associação Educação Terapêutica Amarati e que o convite para participar do projeto foi recebido com entusiasmo.
“Quando o Fabio me perguntou se eu queria participar, aceitei imediatamente, acreditando que ajudaria minha filha na função motora. Está sendo maravilhoso vê-la aprendendo a se locomover com o carrinho e a felicidade dela ao usá-lo é gratificante demais”, comentou a mãe.
Grasiele também destacou que as atividades com o carrinho têm ajudado na sensibilidade das mãos de Yara. “Hoje, ela pega objetos, tem curiosidade, segura as coisas por mais tempo e presta mais atenção quando falamos com ela”, conta.
Nas sessões, Gabriele aprendeu pequenas ações como acionar o carrinho, parar, e guiá-lo.
“Assim, de forma autônoma, elas poderão utilizar a ferramenta, ampliando seu desenvolvimento cognitivo e motor. Além disso, promovemos maior socialização, permitindo que elas possam, por exemplo, ir ao parque”, destacou o fisioterapeuta.
Grasiele também relatou que a filha tem dormido melhor e brincado mais. “Está sendo maravilhoso para nós. Agora ela tem um carrinho para brincar, ir ao parque e não ficar apenas na cadeira de rodas ou no colo”, afirmou.
*Colaborou sob supervisão de Júlia Martins
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