27 de dezembro de 2024

Justiça por Carol: familiares de advogada morta após cair do 8º andar de prédio participam de caminhada pelo fim da violência


A Caminhada pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas aconteceu neste domingo, na Praça da Bandeira, em e BH. Protesto ocorreu simultaneamente em várias cidades do país. Maria Ignês da Cunha Pereira França Magalhães e Evandro França Magalhães, advogados e pais de Carolina da Cunha
Raquel Freitas/TV Globo
Familiares e amigos da advogada Carolina da Cunha Pereira França Magalhães, morta em 8 de junho de 2022 após cair do 8º andar do prédio onde morava, participaram da 7ª edição da Caminhada pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas, na manhã deste domingo (1).
O protesto é organizado pelo Grupo Mulheres do Brasil e ocorre de forma simultânea em mais de 90 cidades do país. Na capital mineira, a manifestação aconteceu na Praça da Bandeira, na Região Centro-sul de Belo Horizonte, com uma ala especial em homenagem à Carolina.
Justiça por Carol: Porteiro de prédio diz que suspeito foi frio ao ver o corpo da mulher
Na época, a morte dela foi tratada como suicídio, no entanto, as investigações da Polícia Civil apontaram que ela foi assassinada. O suspeito é o advogado Raul Rodrigues Costa Lages, com quem a advogada namorava.
“Fizemos questão de estarmos presentes, porque é uma luta mundial. Só um movimento desse pode ajudar a levar consciência de que a violência contra a mulher é um mal da humanidade e tem que ser extinguida. Espero que as pessoas vejam que o feminicídio é o extremo”, afirma Maria Ignês da Cunha Pereira França Magalhães, mãe de Carolina da Cunha.
Caminhada pelo fim da violência contra mulheres e meninas em Belo Horizonte
Raquel Freitas/TV Globo
Vestindo uma camiseta laranja e com uma foto da filha, o pai da advogada, Evandro França Magalhães, disse que a caminhada é importante para que a sociedade tome conhecimento das formas de violência que atingem as mulheres e meninas. Além de acreditar de que a justiça por Carol será realizada.
“É preciso que a sociedade tome consciência de que as mulheres têm que ser respeitadas dentro e fora de casa. Infelizmente, essa tragédia aconteceu na nossa família. Temos certeza que a justiça de Deus e dos homens será feita”, falou.
Relembre o caso
A advogada Carolina da Cunha Pereira França Magalhães foi morta na noite de 8 de junho 2022, aos 40 anos, quando caiu do oitavo andar de um prédio no bairro São Bento, Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Na época, a morte de Carolina foi tratada como suicídio, no entanto, as investigações da Polícia Civil apontaram que ela foi assassinada. No último mês, a justiça tornou réu o advogado Raul Rodrigues Costa Lages pela morte da namorada. A vítima deixou dois filhos.
Carolina da Cunha Pereira França Magalhães
Reprodução/redes sociais
Mais de dois anos depois do crime, o Tribunal de Justiça de MG aceitou a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e tornou Raul réu no processo em que ele é acusado de matar a namorada.
Raul Rodrigues Costa Lages
Reprodução/OAB-MG
“A gente não tinha muitas informações e não tinha presença de testemunhas oculares. Quando ele [o suspeito] foi ouvido, nos passou as informações do que tinha acontecido naquela noite. Tentou dissimular e colocar várias situações que o colocavam fora do local do crime. Ele disse que […] teria decidido terminar o relacionamento, pegado algumas coisas dele do apartamento e descido e, no momento que ele já estava na portaria, teria sido avisado pelo porteiro que havia o corpo de uma mulher”, afirmou a delegada Iara França Camargos, responsável pelo caso.
Imagens exclusivas mostram últimas horas de vida da advogada
Segundo ela, as imagens das câmeras de segurança do condomínio foram fundamentais para a elucidação do caso.
“Ao longo das investigações, a gente foi quebrando todos os argumentos dele, inclusive o mais importante, de que ele não estava no local dos fatos no momento da queda”, disse.
Delegada Iara França, da Polícia Civil de MG
TV Globo/ Reprodução
De acordo com a Polícia Civil, a hipótese é de que, na noite do crime, Raul tenha derrubado Carolina no apartamento e, ao perceber que ela estava desacordada, teria limpado e organizado o local, colocando roupas de cama na máquina de lavar e recolhendo pertences.
Em seguida, ele teria cortado a tela da varanda, jogado a tela fora na lixeira da cozinha, guardado a tesoura, carregado Carolina e jogado o corpo dela pelo buraco na tela. A polícia não conseguiu descobrir se a vitima já estava morta quando caiu.
“De acordo com as imagens, quando ele se encontrava na portaria, o corpo já havia caído havia alguns minutos. Ele chegou a ver esse corpo, retornou para a portaria e, depois, saiu do local”, explicou Iara França.
Justiça por Carol: Advogado vira réu por morte de mulher em BH
A delegada disse que Raul tinha um histórico de agressões psicológicas e físicas contra mulher e buscava desqualificar e desmoralizar a vítima.
“É algo muito típico dos feminicidas, tentar desqualificar dizendo que ela era deprimida, que ela era louca, ciumenta, que o tempo todo corria atrás dele, quando as investigações mostram que ela tentava terminar com ele, e ela tentou por várias vezes, ele não permitia, ele a manipulava emocionalmente”.
‘Muito tempo em silêncio’
O filho de Carolina, Vítor Magalhães, explicou que a família precisou “ficar em silêncio” durante os últimos anos para as investigações pudessem caminhar sem intercorrências. O estudante de direito diz que a família quer honrar a memória da mãe.
“A gente tinha uma amizade muito forte, e acho que são essas recordações boas que ficam. A gente tem que continuar forte, tem dias que são mais difíceis. Eu e meu irmão agora estamos continuando uma coisa que ela sempre quis, que é ver a gente cantando, então, a gente consegue sentir ela próxima a todo momento”, disse Vítor.
Carolina França Magalhães deixou dois filhos
Reprodução/redes sociais
A Defesa de Raul Lages afirmou que o réu é inocente, e que serão apresentadas provas no processo que atestem esta afirmação.
“Ademais, tais provas, no momento, encontram-se acobertadas pelo sigilo imposto pelo Poder Judiciário, em atendimento ao requerimento unilateralmente apresentado pela acusação”, diz a defesa, em not
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