26 de dezembro de 2024

Calor, chuvas, sorotipos: por que dengue voltou a ter índices alarmantes em Ribeirão Preto?


Cidade registrou mais de 42,6 mil casos da doença desde janeiro, mais que o triplo do ano passado. Ribeirão Preto tem maior número da história de casos de dengue para um mês de novembro
A faxineira Jandara Ferreira de Araújo já pegou dengue duas vezes somente este ano em Ribeirão Preto (SP). Os primeiros sintomas apareceram com dores pelo corpo e se agravaram com o tempo. “A gente começa com o corpo muito ruim, como se tivesse pegado uma gripe, era muita dor no corpo, canseira, corpo estranho, cansado, e em seguida começou com quadro de vômito, diarreia, muita dor de cabeça, febres nos períodos noturnos, calafrios”, lembra.
O quadro que ela enfrentou ajudou a impulsionar os mais de 42,6 mil casos confirmados da doença somente em 2024, entre janeiro e quarta-feira (27).

É mais do que o triplo do registrado no mesmo período do ano passado, uma marca que deixa as autoridades em alerta, principalmente porque os números tendem a aumentar com a chegada de estações mais quentes e chuvosas, inclusive com precipitações acima da média já em novembro. Somente este ano foram 21 mortes confirmadas.
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Por trás da elevação de casos, há uma combinação de fatores listados abaixo que podem estar associados, com explica o médico infectologista Benedito da Fonseca.
✔Chuva e calor
De acordo com o especialista, como o mosquito Aedes aegypti se reproduz na água, as recentes chuvas, associadas com o valor, criaram um ambiente mais propício para a eclosão dos ovos.
“O que acontece também é que a fêmea muitas vezes, quando ela coloca os ovos esses ovos já estão infectados, então esses mosquitos que nascem já nascem infectados e capazes de transmitir a doença, essa é uma possibilidade”, explica.
Dengue atinge índices alarmantes em Ribeirão Preto (SP) com acúmulo de chuvas
Reprodução/EPTV
✔Sorotipos diferentes
Outra possibilidade associada ao aumento dos casos é a incidência de sorotipos da dengue até então menos comuns. Ele menciona que duas variedades já estavam em circulação, mas um terceiro tipo, presente o oeste paulista, também foi detectado na cidade.
“Nos últimos anos quem tem circulado é a dengue 1, dengue 2 e dengue 3, a dengue 3 é a que está há ja mais tempo, há quase 15 anos, sem circular em Ribeirão Preto, então tem um monte de gente que está suscetível à infecção do tipo 3.”
Cuidados
De acordo com o infectologista, entre os diferentes sorotipos não há diferença na gravidade da dengue. “Em termos de causar infecção é tudo igual, todos eles podem causar a mesma doença, desde infecções pouco sintomáticas até infecções muito graves.”
Mas ele alerta que pessoas que já tiveram a doença pela primeira vez nos últimos dois anos precisam estar mais atentas, porque há casos de reinfecções que podem ser mais graves.
“De qualquer forma tanto a pessoa tem que se preocupar e talvez chegar no médico e falar, aí o médico avalia com maior cuidado, mas existem outras causas que a gente precisa tomar cuidado, situações, por exemplo, o idoso, a criança, a gestante, porque são as pessoas em risco de ter uma doença grave.”
Fonseca também orienta as pessoas a seguirem as orientações básicas dentro das casas, para combater os criadouros, e sobre a possibilidade de vacinar crianças de 10 a 14 anos pela rede pública.
“A única coisa é controlar o mosquito, a prefeitura faz o trabalho dela, arrastões, mas nós como munícipes temos que olhar pra ver se não tem foco do mosquito em casa, porque esse mosquito tem uma característica muito importante, gosta de pessoas, ele está morando no nosso domicílio, dentro de casa, no quintal, a gente só precisa olhar se tem o criadouro ali”, diz.
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