Em junho, Hunter Biden foi condenado por um júri popular por três crimes federais. Biden concede perdão incondicional a filho, anulando condenações
Reprodução/TV Globo
O presidente dos Estados Unidos anunciou no domingo (1º) uma anistia que ele próprio tinha dito que não concederia.
Joe Biden disse várias vezes que nunca usaria o poder para perdoar o filho. Neste domingo (1º), fez o contrário.
Ele disse que tomou a decisão porque considerou que Hunter foi perseguido injustamente. Biden culpou opositores políticos no Congresso e escreveu:
“Ao tentarem derrubar Hunter, eles tentaram me derrubar – e não há razão para acreditar que isso vai parar por aí. Basta, é basta.”, diz o presidente democrata.
Disse ainda:
“Eu acredito no sistema de justiça, mas ao lidar com isso, eu também acredito que a política crua infectou este processo”.
Em junho, Hunter Biden foi condenado por um júri popular por três crimes federais: dar declaração falsa em um formulário para compra de arma de fogo; mentir para um vendedor de armas; e possuir uma arma enquanto era usuário de drogas ilícitas.
No total, crimes passíveis de até 25 anos de prisão. Hunter lutou contra o vício em crack e cocaína por anos.
Em setembro, em outro caso, de evasão fiscal, sujeito a 17 anos de prisão, ele se declarou culpado.
As sentenças desses dois processos não serão mais anunciadas. O perdão é total e incondicional – e vale ainda para qualquer crime cometido pelo filho nos últimos dez anos.
O recurso dá ao presidente poder para isentar crimes federais. Esta lei surgiu na Inglaterra, quando o rei podia conceder misericórdia ao povo.
Na época, os Estados Unidos eram colônia britânica e, depois, decidiram incluir a lei na Constituição da nova República.
Perdão é instrumento historicamente usado por presidentes
O perdão já foi muito usado por presidentes americanos.
Gerald Ford, por exemplo, perdoou o ex-presidente Richard Nixon, envolvido no escândalo de Watergate.
Bill Clinton perdoou o irmão Roger, acusado de vender cocaína.
E Donald Trump, ao fim do primeiro mandato, perdoou o sogro da filha, Charles Kushner, acusado de vários crimes, incluindo falsificar declarações de imposto de renda.
Agora, o presidente eleito já anunciou que pode recorrer a este mecanismo para perdoar apoiadores que invadiram o Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021. Ele alegou que alguns sofreram perseguição pelo Departamento de Justiça.
Durante a última campanha eleitoral, o partido de Biden, o Democrata, acusou Trump de tentar tirar a credibilidade da justiça americana.
O cientista político Roger Smith, da Universidade da Pensilvânia, afirma que a decisão de Joe Biden não é tão diferente da de Trump. E que Biden enfrentou um dilema moral:
“Ele sentiu que o filho foi tratado injustamente. Mas ao mesmo tempo ele tem a responsabilidade, como presidente, de confiar na integridade do sistema e dar exemplo a futuros presidentes sobre como levar as pessoas a terem confiança no governo”, complementa.
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