28 de dezembro de 2024

‘Meu filho foi executado’, diz mãe de adolescente de 17 anos morto a tiros em Salvador; policial militar é suspeito do crime


Crime ocorreu no bairro de Ondina e jovem de 19 anos também foi baleado. Ação foi gravada por celular por uma testemunha Pedido de prisão preventiva de PM é analisado pela justiça após morte de jovem em Salvador
“Meu filho foi executado”, disse a mãe de um adolescente de 17 anos morto a tiros no bairro de Ondina, em Salvador, na madrugada de domingo (1°). O homem que atirou foi identificado como o policial militar Marlon da Silva Oliveira. A ação foi gravada por celular por uma testemunha.
Marlene Santos disse, em entrevista à TV Bahia, que recebeu uma ligação por volta das 3h30 da madrugada de domingo, e foi avisada sobre a morte de Gabriel Santos Costa. Naquele momento, ela disse que ainda não sabia que o filho tinha sido assassinado, nem que o homicídio foi gravado por uma testemunha.
A mãe do adolescente prestou depoimento, nesta terça-feira, na sede da Delegacia de Proteção a Pessoa (DHPP).
“Eu estava dormindo quando eu recebi a notícia por uma moça da Vila Matos que tem uma vendinha. Eu não acreditei naquele momento, só quando meus filhos chegaram lá em casa e falaram que era verdade. Meu filho foi executado.”
“Com aquela imagem [do crime], ninguém tem mais dúvida. Ele [suspeito] tem que falar o que ele fez. Foi muita maldade, eu nunca imaginei que isso fosse acontecer comigo. Eu tinha pena das mães [que perdem os filhos] e agora estou no meio delas”.
Mãe de adolescente morto presta depoimento nesta terça-feira (3)
O policial militar Marlon da Silva Oliveira é investigado por suspeita de executar Gabriel Santos Costa. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou que a PM instaurou um processo administrativo disciplinar, enquanto a Polícia Civil abriu inquérito para esclarecer a motivação e a dinâmica do crime.
A delegada que investiga o caso pediu a prisão preventiva do suspeito, mas a Justiça não analisou a solicitação no plantão judiciário por entender que não havia urgência. Com isso, o PM foi liberado alegar legítima defesa durante depoimento na delegacia, na noite de segunda-feira (2). [Veja detalhes abaixo]
O crime aconteceu no bairro de Ondina e foi filmado por uma pessoa. A gravação feita por uma testemunha flagrou o momento em que o adolescente Gabriel Santos Costa e um outro jovem de 19 anos, que não teve nome divulgado, foram rendidos pelo policial. Na filmagem é possível ouvir que o suspeito xingou e agrediu as vítimas. Depois, mandou que os rapazes colocassem o rosto no asfalto e as mãos na cabeça. Eles obedeceram às ordens do suspeito, que fez uma espécie de revista. Mesmo rendidos, os dois foram baleados. Cerca de 12 tiros foram disparados pelo suspeito.
O vídeo mostra o momento em que o adolescente Gabriel Santos Costa e o jovem de 19 anos, que não teve nome divulgado, foram rendidos pelo policial. Na filmagem é possível ouvir que o suspeito xingou e agrediu as vítimas. Depois, mandou que os rapazes colocassem o rosto no asfalto e as mãos na cabeça. Eles obedeceram às ordens do suspeito, que fez uma espécie de revista. Mesmo rendidos, os dois foram baleados. Cerca de 12 tiros foram disparados pelo suspeito.
Após balear a dupla, o homem entrou no carro branco que aparece no vídeo e deixou o local. O adolescente morreu na hora. Já o jovem de 19 anos foi socorrido para um hospital da capital baiana. O estado de saúde dele não foi divulgado.
Suspeito alega legítima defesa
Marlon, que atua na 9ª Companhia Independente da Polícia Militar, no bairro da Boca do Rio, não estava fardado, nem usava o carro da corporação. Ele alegou legítima defesa em depoimento à Polícia Civil e afirmou que os jovens tentaram assaltá-lo.
O mesmo argumento foi apresentado pela namorada do policial, que não teve nome divulgado. A mulher é uma das oito testemunhas que já foram ouvidas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A Polícia Civil, no entanto, não aceitou a justificativa e ingressou com o pedido de prisão preventiva.
Procurado, o advogado Otto Lopes, que defende o casal, disse que não vai se manifestar até que as investigações sejam concluídas. A Polícia Civil tem 30 dias para concluir o inquérito, que deverá ser analisado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA). O órgão acompanha o caso.
Família pede justiça
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O corpo de Gabriel foi sepultado na tarde de segunda-feira (2) sob forte comoção e pedidos de justiça. A defesa da família de Gabriel pede a quebra de sigilo do celular do suspeito.
O pai dele, que preferiu não se identificar por medo, disse, em entrevista à TV Bahia, que o filho não era envolvido com a criminalidade. Ele contou que, dias antes de morrer, o adolescente foi apreendido por ter xingado um policial militar e foi acusado de desacato. No entanto, foi liberado logo em seguida.
“Podia ser o pior vagabundo rendido ali, ele não podia matar um ser humano. Era um menino bom. Não puxava bonde nenhum, graças a Deus. O policial o xingou, ele também xingou o policial e foi preso. Aí eu fui lá, liberou ele lá na Dercca, mas não teve nada demais”, relatou o pai da vítima.
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