A declaração de óbito de Jadson Vitor de Souza diz que a morte foi causada por asfixia mecânica, esganadura e politraumatismo. Homem morre após ferimentos causados por seguranças de estação de trem
Imagem: Reprodução/ TV Globo
E um homem morreu ao ser imobilizado por agentes de segurança em uma estação de trem na Grande São Paulo.
As primeiras imagens mostram Jadson Vitor de Souza Pires com dificuldades de ficar em pé, escorado na catraca. Ele cai sozinho. Um segurança da estação puxa Jadson. Ele levanta, tenta seguir em direção à catraca novamente, mas leva uma rasteira do segurança.
Um homem de camiseta preta passa a chutar a cabeça de Jadson. A concessionária ViaMobilidade disse que ele é um guarda municipal, que não estava trabalhando na estação.
Mas se negou a passar informações sobre quem ele é, ou que guarda ou instituição ele trabalha.
Na sequência, dois seguranças arrastam Jadson pelos pés. Jadson foi arrastado para fora da estação. Mas em outra imagem ele aparece novamente dentro da estação — ou mais exatamente, para o lado de dentro das catracas. Naqueleponto, uma câmera registrou onde ele foi imobilizado pelos segurnaças.
Pessoas que estavam na estação também registraram o momento. Jadson agora está sem camisa, sem tênis e cambaleante. Ele é arrastado por um dos seguranças, que dá uma joelhada no lado do peito e depois passa a manter o joelho nas costas de Jadson.
Outro segurança, por pelo menos duas vezes, coloca o joelho próximo do pescoço dele. Um terceiro segurança imobiliza as pernas de Jadson.
A imagem seguinte também é de uma pessoa que estava na estação. Mostra Jadson sendo levado já inconsciente.
Uma câmera do circuito interno mostra um segurança fazendo massagem cardíaca e a chegada do SAMU.
Jadson chegou morto ao hospital. No boletim de ocorrência, os seguranças afirmaram que:
“Não foi tocado na região do pescoço e nem da cabeça, somente nas pernas e braços da vítima.Nada excessivo, somente o necessário.”
A perícia afirma que as costelas de Jadson foram quebradas no ponto exatamente onde o segurança deu o golpe com o joelho.
O laudo também aponta machucados no tórax, rosto, ombros, mãos e pernas. A declaração de óbito diz que a morte foi causada por asfixia mecânica, esganadura e politraumatismo.
O segurança que imobilizou Jadson com o joelho usava uma câmera corporal.
A ViaMobilidade disse que todas as imagens disponíveis foram entregues à polícia e o “comportamento dos profissionais que atuaram na contenção de Jadson Pires não corresponde aos seus valores, treinamento e padrão dos seus procedimentos de segurança e atendimento”. E que “os agentes envolvidos foram preventivamente afastados.”
Faz 22 dias que Jadson morreu. E até hoje a família não tinha visto essas imagens, nem tinha ideia de como ele tinha morrido.
“Não justifica o que fizeram. Ele podia está ali feito de droga, como estão falando. Podia está em efeito de álcool. As pessoas que atenderam ele não teve nenhum sentimento humano com ele. De entender, explicar para ele: ‘Olha, eu posso te ajudar?’ Não. Já foram agredindo ele. Eu estou juntando força de onde não tem para correr atrás da Justiça”, afirma a esposa, Renata Santos de Souza Pires.
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