21 de setembro de 2024

Caso Grande Vitória: Justiça condena seis PMs por triplo homicídio e absolve um dos réus

Condenados também vão responder pelo crime de ocultação de cadáveres. A sentença foi assinada pelo juiz Eliezer Fernandes Junior, na manhã desta quinta-feira (4). Após sete anos do crime, corpos das vítimas ainda não foram encontrados
Reprodução/Rede Amazônica
A Justiça do Amazonas condenou seis policiais militares pelo triplo homicídio e ocultação de cadáveres de jovens no bairro Grande Vitória, em Manaus, e absolveu um dos réus. A sentença foi assinada pelo juiz de Direito Eliezer Fernandes Junior, na manhã desta quinta-feira (4).
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Alex Júlio Roque de Melo, de 25 anos, Ewerton Marinho, 20, e Rita de Cássia, 19, desapareceram no dia 29 de outubro de 2016, após serem abordados por PMs no Grande Vitória, enquanto voltavam de uma festa. Desde então, os jovens nunca mais foram vistos.
O julgamento, que durou três dias, foi encerrado, nesta quarta (4). Os sete réus foram interrogados no segundo dia do júri, mas optaram por permanecer em silêncio.
José Fabiano Alves da Silva, Edson Ribeiro da Costa, Ronaldo Cortez da Costa, Eldeson Alves de Moura e Denilson de Lima Corrêa foram condenados a 40 anos e 6 meses de prisão, cada um pelos crimes de triplo homicídio e ocultação de cadáver. Já Cleydson Enéas Dantas, que era o motorista da viatura, recebeu uma pena menor de 27 anos de prisão.
O armeiro no dia do desaparecimento dos jovens, Isaac Loureira da Silva, foi absolvido das acusações.
Todos os condenados cumpriram 1 ano e 4 meses de prisão e atualmente respondem em liberdade, apesar da condenação.
A defesa dos réus informou à Rede Amazônica que vai recorrer da decisão para diminuição da pena dos policiais.
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A promotoria, insatisfeita com o resultado, afirmou que vai solicitar a perda de cargo dos policiais que ainda estão trabalhando e a prisão imediata dos condenados, alegando que houve equívoco do juiz ao conceder liberdade provisória.
Julgamento
O julgamento, que teve grande repercussão na época do crime, estava marcado para ocorrer, inicialmente, em novembro do ano passado, mas foi adiado a pedido do Ministério Público do Amazonas (MPAM) e da defesa de um dos réus que, na época, estava com suspeita de meningite.
Na segunda-feira (1°), o julgamento foi retomado com audiência no Fórum Henoch Reis. Já no terceiro dia de júri, houve um desentendimento entre a advogada Martha Gonzales e o juiz Eliezer Fernandes.
Martha, que está a frente da defesa de quatro suspeitos do crime, contestava a autenticidade das provas apresentadas e o magistrado a interrompeu. Neste momento, os dois começaram uma discussão.
Logo em seguida, a advogada foi impedida de continuar a entrevista e fez uma crítica a Justiça do Amazonas.
Relembre o caso
O desaparecimento do trio aconteceu em 2016 após abordagem policial. Imagens de câmeras de vigilância da área registraram o momento que os policiais mandaram o trio entrar no carro da PM.
À época, o g1 ouviu a cunhada de Rita, que não quis se identificar. Ela contou que a jovem voltava de um pagode no bairro São José de carona com os dois rapazes desaparecidos.
Weverton pilotava a moto quando houve a abordagem. Segundo a esposa dele, Andresa Andrade, de 19 anos, o marido estava desempregado há pouco tempo. Ele trabalhava como frentista e comprou o veículo com o FGTS. “De vez em quando, fazia corridas, e deu carona para os dois”, relatou a esposa.
No dia do desaparecimento, moradores do bairro fizeram grande manifestação e entraram em confronto com a polícia. Eles chegaram a atear fogo em madeiras e incendiaram um veículo. A PM teve que conter os manifestantes com balas de borracha.
Em dezembro de 2016, a Polícia Civil do Amazonas concluiu o inquérito e após encontrar material genético das vítimas apontou que o trio foi morto, e confirmou o envolvimento dos policiais no caso.
Sete anos após o crime, os corpos das vítimas não foram encontrados.
*Com informações de José Carlos Amorim da Rede Amazônica.
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