21 de setembro de 2024

Atletas brasileiros abrem mão de fazer cirurgias para competir nas Olimpíadas de Paris

O boxeador Abner Teixeira sofreu uma ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho direito. O skatista Luigi Cini sofreu uma entorse que afetou diversas estruturas também do joelho direito. Dois atletas brasileiros abrem mão de fazer cirurgias para competir nas Olimpíadas
Dois atletas brasileiros que estão com lesões decidiram abrir mão de serem operados. Para se recuperarem a tempo de disputar as Olimpíadas em Paris, eles apostaram em treinamentos especiais.
Basta fechar os olhos e as memórias do dia da lesão vem à tona.
“Eu fiz um movimento de colocar o pé no chão e meu pé virou. Quando fui ver, eu senti uma dor que nunca tinha sentido, nunca tinha tido lesão no joelho, e acabei caindo, indo para o chão”, lembra o boxeador Abner Teixeira.
Era agosto de 2023. Abner Teixeira, bronze no boxe nos últimos Jogos Olímpicos, recebeu um diagnóstico temido por atletas de qualquer modalidade. O joelho direito havia sofrido uma ruptura do ligamento cruzado anterior. Uma estrutura que une os ossos tíbia e fêmur, e é essencial para a estabilidade da articulação.
Joelho de Abner Teixeira sofreu uma ruptura do ligamento cruzado anterior
Jornal Nacional/Reprodução
Era preciso parar e fazer contas. Em caso de cirurgia, seriam de sete a nove meses longe das competições. Abner não conseguiria fazer uma boa preparação para as Olimpíadas. Então, atleta, médicos e comissão técnica optaram por outro caminho: treinar e competir mesmo com a lesão. Um cenário clinicamente possível, mas que exige cuidados especiais: fortalecimento da musculatura para preservar ao máximo os movimentos do joelho.
Essa rotina com foco total em reabilitação também é a realidade do skatista Luigi Cini, vice-campeão mundial na modalidade Park. Em novembro de 2023, ele sofreu uma entorse que afetou diversas estruturas do joelho direito: ligamento cruzado posterior, ligamento colateral medial, lesão no menisco e uma fissura no osso da tíbia.
Luigi Cini sofreu uma entorse que afetou diversas estruturas do joelho
Jornal Nacional/Reprodução
Ir para mesa de cirurgia significava desistir das Olimpíadas. Uma equipe multidisciplinar, então, entrou em cena para ajudá-lo a seguir adiante. Era preciso trabalhar a musculatura das pernas, das costas, do abdômen. Tudo para conseguir um movimento corporal mais equilibrado.
“Quanto mais forte ele tiver, não que isso vá substituir o papel dos ligamentos, mas a gente consegue estabilizar melhor para que ele possa andar de skate, fazer as manobras e poder competir”, diz o fisioterapeuta Alison Leff Paz.
Deu certo. Luigi voltou para o skate. Está em quinto lugar no ranking mundial.
“Quando eu voltei a andar de skate agora, eu me senti melhor do que nunca. Eu sinto que estou tendo progresso em várias coisas que eu não conseguia antes”, afirma Luigi Cini.
Já o Abner, do boxe, com a lesão no joelho, ele não consegue se movimentar tanto no ringue. Para compensar, desenvolveu novas habilidades.
“Ele vai adequando isso com movimentos de tronco, trabalho de contra-ataque rápido com bloqueios. Ele vai adaptando esse jogo de acordo, ele vai evoluindo o movimento dele”, diz Mateus Alves, técnico da Seleção Brasileira de Boxe.
Os rivais sabem que ele está machucado e tentam desestabilizá-lo. Algo que o Abner, acredite, vê como vantagem na busca por mais uma medalha olímpica.
“Acho que o cara focar no meu joelho é até melhor, porque ele foca no joelho e não foca no meu boxe, que é o que ele tem que se preocupar de verdade”, afirma Abner.
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