21 de setembro de 2024

Com falta de insumos, produção de repelentes no Brasil não supre alta demanda

As duas principais substâncias que dão o efeito repelente são importadas e o que tinha sido comprado já acabou, obrigando as empresas a fazer novos pedidos e esperar pelas entregas. O transporte marítimo leva meses e a opção mais rápida, de avião, é também a mais cara. Com falta de insumos, produção de repelentes no Brasil não supre alta demanda
Um produto importante para se proteger do mosquito da dengue anda sumido das farmácias.
Quando ele aparece na prateleira, rapidinho já acaba. A Adélia tentou comprar repelente em uma farmácia em São Paulo, mas só achou poucos frascos do infantil.
“Agora vou continuar procurando para ver”, conta ela.
O repelente para crianças serve para a irmã do Henrique, que está com dengue. Ela precisa do produto para não ser picada e aí o mosquito contaminar outras pessoas da casa, mas os adultos da família correm o risco de ficar sem.
“Eu já passei em várias farmácias. Não estou achando nada”, relata ele.
O coordenador farmacêutico Paulo Victor Zanata Rocha, responsável pela farmácia, diz que a procura por repelentes aumentou muito além da oferta: “A gente tem procurado com os fornecedores também, que também relatam dificuldades de conseguir com a indústria”.
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A indústria aumentou a produção para tentar dar conta dessa procura maior. Uma empresa tem fabricado três vezes mais repelentes do que o normal para essa época e, no centro de distribuição, quando chega um carregamento de repelente, ele vira prioridade. Vai ser colocado antes de outros produtos nos caminhões, para abastecer mercados e farmácias.
“O nosso compromisso com a população é atender o máximo possível essa demanda, inclusive trazendo produtos também de outros países, como por exemplo a Argentina”, diz Tatiana Ganem, gerente-geral da SC Johnson Brasil.
Alguns fabricantes afirmam que só não aumentaram ainda mais a produção por causa do prazo de entrega e da disponibilidade dos insumos. As duas principais substâncias que dão o efeito repelente — o deet e a icaridina — são importadas e o que tinha sido comprado já acabou, obrigando as empresas a fazer novos pedidos e esperar pelas entregas. O transporte marítimo leva meses e a opção mais rápida, de avião, é também a mais cara.
“Aumento aí de 40% no custo, principalmente pelo impacto do aéreo. Normalmente, um produto hoje quando ele vem marítimo, até você embarcar e desembarcar são 120 dias”, diz João Adibe Marques, CEO da Cimed.
Segundo a associação que representa o setor, o abastecimento deve ser normalizado nas próximas semanas. Uma fábrica no interior de São Paulo teve que refazer todo o planejamento, contratou funcionários, dobrou os turnos de trabalho e também está trazendo insumos de avião.
“A gente tem aí praticamente três vezes mais matéria-prima chegando agora do dia 20 a 25 de abril. A tendência é dar continuidade, porque o inverno dizem também que a temperatura não vai ser tão baixa e a gente tem que suprir os nossos clientes”, comenta Norberto Luiz Afonso, CEO da Henlau Química.
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