21 de setembro de 2024

Justiça do RJ absolve PMs acusados das mortes de Mãe de Acari e sobrinha

Absolvição se deu pela alegação de ausência de provas. Movimento de Mães de Acari busca justiça pelas vítimas da mundialmente conhecida Chacina de Acari. O Conselho de Sentença do 4º Tribunal do Júri absolveu 4 policiais militares acusados do envolvimento nas mortes de Edmea da Silva Euzébio, uma das líderes do movimento Mães de Acari, e de sua sobrinha, Sheila da Conceição. A execução aconteceu no dia 19 de janeiro de 1993, no estacionamento da estação do metrô da Praça 11, no Centro do Rio de Janeiro.
A absolvição de Eduardo José Rocha Creazola, Arlindo Maginário Filho, Adilson Saraiva Hora e Luis Claudio de Souza se deu pela alegação de ausência de provas.
Na tarde do crime, Edmea foi a um antigo presídio, agora inexistente, na Rua Frei Caneca. A vítima teria suspostamente recebido a informação de que uma pessoa que estava presa sabia de algo sobre a Chacina de Acari. Ao sair dali, ela foi assassinada junto com a sobrinha que a acompanhava.
Na época, Eduardo, Arlindo e Adilson atuavam como policiais militares. Já Luiz Carlos era motorista do então subprefeito da Barra da Tijuca, Eduardo Paes, hoje prefeito da cidade do Rio de Janeiro.
Mães de Acari
Mães de Acari é um movimento formado por mães de 11 jovens da Favela do Acari, que, em julho de 1990, foram sequestrados em um sítio em Suruí, bairro de Magé, onde passavam o dia. Os 7 adolescentes, entre 13 e 17 anos de idade, e outros 4 adultos desapareceram.
As mães dos desaparecidos começaram uma busca pelos filhos e por justiça — e ficaram conhecidas como Mães de Acari.
O crime ficou mundialmente famoso como Chacina de Acari.
De acordo com as investigações, os sequestradores queriam joias e dinheiro e, após supostamente negociarem a sua libertação por meio de um pagamento, levaram as vítimas para um local abandonado. Os corpos nunca foram encontrados.
Corte internacional
Em maio de 2022, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos apresentou o caso à Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). O órgão, autônomo da Organização dos Estados Americanos (OEA), considerou que as vítimas sofreram um desaparecimento forçado nas mãos de agentes do Estado e que problemas na investigação levaram à falta de elucidação do caso.
A decisão recomendou que os familiares das vítimas sofram reparações materiais e apoio psicológico, entre outras medidas. E que o trabalho promovido pelas Mães de Acari seja preservado.

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