21 de setembro de 2024

Testemunha diz que contou à polícia que viu garrafas em Porsche de empresário; informação não está no seu depoimento

A testemunha é a mesma que tinha dito anteriormente que viu Fernando com sinais de embriaguez, voz pastosa e cambaleando após ele bater o Porsche no Sandero. Testemunha contou ter dito à polícia que viu três garrafas de bebida dentro do Porsche, mas informação não está no depoimento dela
Lucas Jozino/ TV Globo
Uma testemunha contou nesta sexta-feira (5) à TV Globo que falou para a Polícia Civil ter visto três garrafas de vidro dentro do Porsche do empresário Fernando Sastre de Andrade Filho após ele bater no Sandero do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana. Ornaldo morreu no acidente ocorrido no último domingo (31) na Zona Leste de São Paulo.
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A informação sobre as garrafas encontradas no carro de luxo não está, no entanto, no depoimento que a testemunha deu à Polícia Civil sobre o caso. A mulher havia falado na terça-feira (2) com o 30º Distrito Policial (DP), Tatuapé.
Procurada pela reportagem, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) não comentou o assunto.
A testemunha é a mesma que tinha dito anteriormente que viu Fernando com sinais de embriaguez, voz pastosa e cambaleando após ele bater o Porsche no Sandero.
“O pouco que eu vi tinha umas garrafas na parte do passageiro. Só que eu não sei precisar que tipo de garrafa é essa. Acho que tinha umas 3 dentro”, disse a mulher, que aceitou falar com a reportagem sob a condição de não divulgar seu nome e mostrar o rosto.
Amigo de empresário está na UTI
Fernando Sastre de Andrade Filho (foto) é o motorista do Porsche envolvido no acidente que matou um motorista por aplicativo.
Reprodução/TV Globo
Marcus Vinicius Machado Rocha, amigo do motorista do Porsche que causou um acidente com morte continuava entubado e internado em coma induzido na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital São Luiz Anália. A informação foi confirmada nesta sexta-feira (5) ao g1 por pessoas que têm contato com a família do rapaz.
O estudante de 22 anos estava sentado no banco do carona do carro de luxo que era conduzido por Fernando, de 24 anos, e bateu na traseira do veículo de Ornaldo, de 52 anos, que morreu num hospital. Segundo testemunhas, as três pessoas usavam cintos de segurança.
Marcus quebrou quatro costelas e precisou retirar o baço numa cirurgia. Seu estado de saúde ainda apresenta riscos. Por esse motivo não há previsão de alta. Ele ainda não foi ouvido pela polícia sobre o caso. Fernando teria tido um corte na boca, mas não foi para nenhum hospital.
Câmeras de segurança gravaram a batida na Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé (veja vídeo abaixo). A Polícia Civil indiciou Fernando por homicídio por dolo eventual, quando se assume o risco de matar, lesão corporal e fuga do local do acidente. O empresário responde aos crimes em liberdade.
Empresário tomou ‘alguns drinks’
Novas imagens mostram motorista de Porsche antes e depois do acidente
Segundo a namorada de Marcus contou no 30º Distrito Policial (DP), Tatuapé, eles, Fernando e sua namorada beberam “alguns drinks” num restaurante. Depois foram no Porsche e em outro carro para uma casa de pôquer com “open bar” (comida e bebida à vontade). Outras câmeras de segurança gravaram a chegada e saída do grupo do estabelecimento.
Em seguida, Fernando discutiu com a sua namorada, que não queria deixá-lo dirigir porque ele estava “alterado”. Marcus se ofereceu para conduzir o Porsche do amigo, que recusou. Então foi de carona com o empresário no veículo enquanto suas namoradas seguiram atrás em outro automóvel.
Durante o trajeto, a namorada de Marcus contou que Fernando “acelerou” o carro de luxo e quando ligou para seu namorado, ele contou que o Porsche se envolveu num acidente. As namoradas dos rapazes foram ao local.
Outras testemunhas contaram à investigação que Fernando dirigia em alta velocidade, tinha sinais de embriaguez, voz pastosa e estava cambaleando. O limite de velocidade para a via é de 50 km/h.
Liberação pela PM e fuga
Polícia Civil vai até prédio onde funciona casa de pôquer onde dono de Porsche foi antes do acidente
Abraão Cruz/TV Globo
A Polícia Militar (PM), que atendeu a ocorrência, acabou liberando o motorista do Porsche para sair do local do acidente sem fazer o teste do bafômetro nele. O equipamento poderia indicar se o empresário havia bebido álcool enquanto dirigia, o que é crime.
Os policiais militares alegaram que a mãe de Fernando, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, também foi ao local do acidente e disse que levaria o filho para tratar de um ferimento num hospital. Mas quando os agentes da PM foram depois a unidade médica, não encontraram nenhum dos dois.
A Corregedoria da PM apura se se os policiais militares que liberaram Fernando sem fazer o teste do bafômetro erraram no procedimento. A Ouvidoria da Polícia pediu as imagens das das câmeras corporais dos agentes que atenderam a ocorrência para serem analisadas.
Para a Polícia Civil o motorista do Porsche havia fugido. Depois de 38 horas, ele se apresentou espontaneamente na delegacia que investiga o caso e negou que tivesse bebido ou fugido. Afirmou, porém, que estava “um pouco acimado limite” de velocidade para a avenida. Mas não soube informar a velocidade que estava no momento.
Perícia e investigação
Testemunha contou que Fernando Sastre de Andrade Filho dirigia Porsche em ‘alta velocidade’ e estava com ‘sinais de embriaguez’
Reprodução/TV Globo
A Polícia Técnico-Científica vai analisar as imagens para determinar qual era a velocidade do Porsche no momento da batida com o Sandero. O laudo será feito pelo Instituto de Criminalística (IC).
A Polícia Civil chegou a pedir a Justiça a prisão temporária do motorista do Porsche, mas a solicitação foi negada. A juíza alegou que “clamor público” não era motivo para prender alguém. A investigação avalia a possibilidade de vir a fazer um novo pedido de prisão, dessa vez preventiva, após concluir o inquérito do caso.
A investigação também apura se Daniela cometeu crime de fraude processual pelo fato de a mãe de Fernando, segundo a investigação, ter impedido o motorista do Porsche de fazer teste do bafômetro e ter supostamente mentido ao dizer que o levaria a um hospital, mas não o fez.
CNH foi recuperada
Motorista de Porsche que matou motorista de aplicativo se apresenta à polícia
Fernando havia recuperado sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) 12 dias antes do acidente, segundo a Polícia Civil de São Paulo.
O empresário teve a CNH suspensa em 5 de outubro de 2023 e ficou 152 dias proibido de dirigir após estourar o limite de multas permitidos. Entre as infrações cometidas por Fernando para ter a “suspensão do direito de dirigir” por pouco mais de cinco meses está ao menos uma multa por excesso de velocidade.
Por causa da suspensão da CNH, Fernando foi obrigado a passar por uma “reciclagem para infratores”. O jovem de 24 anos fez o curso entre 7 e 16 de novembro de 2023. Em 19 de março de 2024, ele recuperou a CNH e o direito de voltar a dirigir.
Defesa cita ‘fatalidade’ e família de morto alega ‘injustiça’
Câmera de segurança gravou momento que Renault Sandero branco é atingido na traseira por Porsche Carrera azul em São Paulo
Reprodução/Redes sociais
A defesa de Fernando divulgou nota à imprensa informando que seu cliente não bebeu e que o acidente foi uma “fatalidade”.
Ele é gerente de uma das empresas da família e ganha R$ 15 mil de salário. Há cinco anos, foi aprovado em uma universidade privada da capital paulista, o Mackenzie, onde cursou engenharia civil por algum tempo. Segundo a instituição de ensino, ele não está matriculado lá desde 2021.
“Um sentimento de injustiça gigantesco dentro de mim”, escreveu nesta segunda em seu Instagram, Luam Silva, filho de Ornaldo. O motorista por aplicativo deixou mais dois filhos e e esposa.
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