21 de setembro de 2024

Fotógrafa que registra Festival de Curitiba há 30 anos lança livro com memória do evento

Lançamento da obra de Lenise Pinheiro será no sábado (6), no Sesc Paço da Liberdade. Fernanda Montenegro e Fernanda Torres no Festival de Curitiba
Lenise Pinheiro
Desde 1983, a fotógrafa Lenise Pinheiro retrata o que há de mais expressivo nos palcos brasileiros. Especializada em fotografia de cena, o trabalho dela flerta com o documental e o artístico.
Este olhar de Lenise capta, há três décadas, os detalhes do Festival de Curitiba, que agora terá a memória visual registrada em livro. O lançamento será no sábado (6), às 15h, no Sesc Paço da Liberdade.
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Com 41 anos de carreira acompanhando bastidores, camarins e palcos, este é o terceiro livro da fotógrafa. Além das fotos, o livro traz textos de atores, diretores, dramaturgos e produtores importantes do teatro brasileiro.
A obra reúne imagens de espetáculos que marcaram o festival, como:
As boas, com direção de Zé Celso Martinez Corrêa (1992);
The Flash and Crash Days, de Gerald Thomas;
Dois perdidos numa noite suja, direção de Emílio Di Biasi (1993);
Romeu e Julieta, direção de Gabriel Villela (1993);
Vereda da salvação, direção de Antunes Filho (1994);
A loba de Ray Ban, direção de José Possi Neto (2010);
Simplesmente eu, Clarice Lispector, direção de Amir Haddad (2012);
Esta criança, direção de Marcio Abreu (2013);
A vida é sonho, de Gabriel Villela (1992); entre muitas outras montagens.
“O livro da Lenise nos agracia com toda essa história do festival, que mudou a cidade e transformou carreiras. Esse registro perpetua esses momentos, é algo que a gente precisa realmente exaltar porque o teatro é efêmero”, afirma Giovana Soar, uma das curadoras do festival.
Estão na obra artistas como Fernanda Montenegro, Christiane Torloni, Débora Falabella, Fábio Assunção, Ney Latorraca, Renata Sorrah, Reynaldo Gianecchini, Vera Holtz, e tantos outros que subiram nos palcos do festival ao longo dos anos.
Festival de Curitiba
Lenise Pinheiro
O g1 conversou com a fotógrafa sobre o lançamento, leia a entrevista:
Você acompanha o festival desde a primeira edição. Como se deu esse envolvimento?
Aconteceu de maneira intensa e progressiva. Logo no início já intuí que as apresentações no festival serviriam de base para exposições e posteriormente para a realização de um livro. Mergulhei de cabeça.
Em 1991 integrei uma equipe de especialistas, que veio de São Paulo para (re)conhecer o terreno onde seria construída a Ópera de Arame. Nessa ocasião conhecemos muitos espaços e companhias de teatro. Algumas ainda em estágio embrionário, mas todas organizadas com determinação e muito talento. Ingredientes indispensáveis para evolução do Festival de Curitiba. Hoje, considerado o mais importante das artes cênicas do país.
Como foi acompanhar essa trajetória do evento?
São 32 edições, não existe nada igual em todo território nacional. Acompanho o evento ininterruptamente, com muita dedicação e entusiasmo. Tomara que ele passe a receber mais atenção do poder público.  Acompanho a batalha de seus realizadores frente a tantos percalços. Indistintamente todos os envolvidos participam de forma visceral.
A publicação do livro dos 30 anos traz uma edição festeira e comemorativa, que se tornou minha obsessão pessoal. É meu quarto livro. Editado entre protestos e (re)existências, para dizer: muito obrigada!
Diante de um acervo tão grande, deve ter sido difícil selecionar as fotos para o livro. Qual foi o critério?
A seleção das imagens foi um processo de regozijos e aflições concomitantes. Me fiz valer da documentação analógica que arregimentei ao longo de décadas de dedicação. E do acervo digital, formato que passei a adotar desde 2005.
Minhas escolhas passaram por trabalhos memoráveis, artistas missionários. O livro traz mais de 700 fotografias. Parte desse material, pela primeira vez num caderno Digital acessado por QR code. Foi uma inovação agregar tecnologia ao meu acervo, iniciativa da produtora Iris Cavalcanti, minha consorte.
As fotos são mais que registros. O que você conta nesta obra?
O teatro talvez seja uma das mais antigas manifestações de arte. Não pode ser repetido, é efêmero, é matéria-prima para meus registros documentais. Então, procuro imprimir atmosferas distintas. Oníricas em tons diáfanos. Preto e branco para fotografias analógicas. Cores, contrastes e tons carregados nas tintas das lâmpadas e refletores de led. O princípio eletrominescência tomou a cena digital.
Para falar sobre meu trabalho escolho trechos dos seguintes textos:
“O Teatro só existe no presente, mas uma boa foto o presentifica. Uma escultura pode ser teatral. Reza a lenda que Miquelângelo, ao terminar seu Moisés e vê-lo tão vivo teria exclamado. Parla! As fotos de Lenise produzem um efeito parecido”. Gregório Duvivier
“O Teatro brasileiro deve muito a Lenise Pinheiro, no tempo e no espaço. Deve imenso ao seu olhar interessado, ao seu talento de esteta e as imagens que imortaliza porque nunca deixa de estar presente”. Fernanda Torres
Ao fotografar a cena nacional do teatro, o que você tem percebido acontecer nos palcos?
Maior valorização da dramaturgia feminina e a presença crescente de criadoras nas fichas técnicas. O número ainda é desproporcional, mas está caminhando para um grau de equiparação. O que está muito defasada é a remuneração da artistas e técnicas.
Qual o teu foco atual para seguir contando a história do teatro no Brasil?
O foco se alterna entre inspirações e possibilidades.
Dramaturgia, direção, direção de arte, iluminação e fotografia são os componentes desse mosaico que me inspira e chama a minha atenção. Mas, meu olhar é arrastado pelas atrizes e pelos atores e suas inúmeras aptidões. Minha visão é em 360 graus. Me aproprio das relações cultivadas entre ensaios e apresentações. O campo visual é tridimensional. Elétrico. O cenário ou a ausência dele, também merece destaque. Por ser a arte do encontro, o que conta é o trabalho em equipe. O coletivo é que faz acontecer. E:
– “Aconteceu? Virou manchete!”
Ou melhor, legenda. Fotografia!
Costumo dizer que o desfoque também ajuda a contar a história do teatro em qualquer lugar, em todos os palcos. Meu envolvimento é em grau máximo. Profundo. Plural. Vivo do teatro e para o teatro, desde o início dos anos oitenta. Fotografo as artes cênicas desde 1983. Possuo acervo de mais de 83 mil fotogramas analógicos que precisa urgentemente ser preservado.
Serviço ⬇️
📙 Lançamento do livro Festival de Teatro de Curitiba, de Lenise Pinheiro
🗣️ Bate-papo com a autora seguido de sessão de autógrafo: 06/04, às 15h
➡️ Local: Sala CinePensamento – SESC Paço da Liberdade
📍 Endereço: Praça Generoso Marques, 189 – Centro
🎟️ Gratuito
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