21 de setembro de 2024

Após briga por demora em atendimento no Grajaú, Nunes pede ‘compreensão’ a quem enfrenta UPAs lotadas em SP

Na quinta-feira (4), em uma UPA no Grajaú, na Zona Sul da capital, pacientes se revoltaram e tentaram invadir a sala de espera e trocaram socos com seguranças da unidade. Sobre a confusão, Nunes disse que seis médicos estavam atendendo e uma pessoa estava ‘exaltada’. Nunes em agenda durante evento em SP
Rodrigo Rodrigues/ g1
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) pediu nesta sexta-feira (5) para que pacientes que enfrentam longas filas de espera por atendimento em Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da capital tenham “compreensão” porque “a crise da dengue está passando”.
“Nós estamos num momento de pandemia [não há pandemia, mas epidemia de dengue]. Evidentemente a gente tem que dar atendimento, mas é preciso ter um pouco de compreensão, porque, inclusive, os equipamentos privados também estão com um movimento grande de pessoas. Tá passando. A gente fez um grande trabalho de combate à dengue e a gente espera que a gente possa reestabelecer [a normalidade do atendimento]”, disse Nunes.
Nunes participou de uma cerimônia de comemoração dos 80 anos da Polícia Federal do Brasil, ao lado de autoridades estaduais e membros do Judiciário e das Forças Armadas na manhã desta sexta.
Prefeito Ricardo Nunes (MDB) em dircurso no Theatro Municipal de SP durante honraria à Michelle Bolsonaro (PL).
André Bueno/Rede Câmara
Nas últimas semanas, por conta do aumento de casos de dengue, Covid e gripe, pacientes têm enfrentado horas de espera para receber atendimento.
O prefeito de SP afirmou, ainda, que espera uma diminuição dos casos de dengue com o fim do verão e, portanto, a diminuição da demanda pelos serviços de saúde.
“Realmente a crise da dengue a gente vai estar chegando a um platô agora em abril, até por conta da questão climática. Passando o verão, a gente diminui os casos. Nós temos 37 tendas, onde tem médicos e enfermeiros, além de testes rápidos contra a dengue nas 400 UBSs da cidade. Ou seja, a cidade de SP ampliou bastante a oferta de serviço. Mas, lógico, você numa epidemia tem uma demanda muito grande de pessoas buscando os equipamentos de saúde”, disse.
“Sei que é [uma situação] difícil, mas como prefeito preciso ser muito sincero: fizemos a lição de casa. Abrimos 37 tendas, inaugurei 10 UPAs, fizemos ampliação de mais 500 médicos, além do que já tinha, mas a epidemia trouxe um volume muito grande de pessoas para atendimento”, completou.
Na quinta-feira (4), em uma UPA no Grajaú, na Zona Sul da capital, pacientes se revoltaram e tentaram invadir a sala de espera e trocaram socos com seguranças da unidade.
Sobre a confusão, o prefeito disse que havia seis médicos atendendo no momento da brigas, mas novamente justificou a demora de mais de seis horas para atendimento à epidemia.
“Me parece que o acontecido lá na UPA Antonieta, a gente tinha uma pessoa que estava um pouco exaltada. Naquele momento a gente tinha seis clínicos em atendimento. Você há de considerar que não é um número pequeno, mas quando tem muita gente procurando por conta da epidemia, lógico que a gente precisa ter uma certa compreensão”, afirmou.
A “paciência” também foi pedida pelo secretário municipal de Saúde, Luiz Carlos Zamarco, em 25 de março.
“Nós pedimos um pouquinho de paciência para a população. Mas o importante é que nenhum paciente no município de São Paulo fica sem atendimento. Todos que chegam em qualquer serviço de saúde, ele vai ser atendido. O médico vai atender, ele vai receber a medicação que precisa e ter o diagnóstico que ele precisa”, disse Zamarco.
Também em março, no dia 18, no dia 18 de março situação de emergência para a dengue, o que, em tese, deveria facilitar e acelerar a contratação de profissionais de saúde e leitos.
O g1 questionou a gestão se, por conta do decreto, houve um aumento na contratação de profissionais e questionou também o que a Prefeitura considera “normal” de tempo de espera, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.
Troca de socos em UPA
Após demora no atendimento, pacientes trocam socos com seguranças e tentam invadir sala de espera de UPA em SP
Pacientes que aguardavam por consultas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Maria Antonieta, no Grajaú tentaram invadir a sala de espera do local e trocaram socos com seguranças após se revoltarem com a demora por atendimento.
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A confusão ocorreu na noite desta quarta-feira (3). Por vídeos, é possível ver dois homens dando socos e chutes na porta da sala de espera e, logo em seguida, um homem aparece trocando socos com um segurança. Ele é contido por cerca de quatro agentes.
Imagens gravadas por outras pessoas que esperavam por atendimento, antes da confusão, mostram os corredores do local e a sala de espera lotados.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que foi feito um boletim de ocorrência sobre o caso e reforçou que todos os atendimentos foram realizados. Informou ainda que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) da capital analisa o caso.
Pacientes trocam socos com seguranças em UPA, na Zona Sul de SP.
Reprodução/ TV Globo
Crise na Saúde de SP
Por conta do aumento dos casos de dengue, a capital paulista vem passando por uma crise de superlotação de hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de várias regiões da cidade.
Em 26 de março, o secretário municipal de Saúde, Luiz Carlos Zamarco, pediu que a população tenha “um pouquinho de paciência” para enfrentar as longas filas de espera para atendimento.
“Nós pedimos um pouquinho de paciência para a população. Mas o importante é que nenhum paciente no município de São Paulo fica sem atendimento. Todos que chegam em qualquer serviço de saúde, ele vai ser atendido. O médico vai atender, ele vai receber a medicação que precisa e ter o diagnóstico que ele precisa”, disse Zamarco (veja vídeo abaixo).
Secretário de Saúde de SP pede ‘paciência’ aos pacientes que enfrentam superlotação e UPAs e hospitais
Zamarco prometeu que vai solicitar apoio da rede de hospitais estaduais, com a abertura de mais leitos na cidade, com ajuda do governo de SP e também dos empréstimos que a cidade obteve junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para ajuda à saúde da cidade.
“Nós terminamos o programa do BID 1 agora no mês de junho, que é um empréstimo para a rede básica [postos de saúde] e as UPAs. Tá em andamento do BID 2 que é o aumento dos leitos hospitalares. E esse hospital [Cidade Tiradentes] está sendo contemplado com 100 leitos e o hospital de São Mateus vai aumentar mais 200 leitos. O objetivo é ampliar os leitos hospitalares além do que já ampliamos”, declarou.
Secretário Municipal da Saúde pede paciência à população para enfrentar hospitais supelotados
Início da vacinação
A Prefeitura de São Paulo começou a aplicar a vacina contra a dengue em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, nesta quinta-feira (4), em Unidades Básicas de Saúde de Itaquera, na Zona Leste e Vila Jaguara, na Zona Oeste. Ao todo, 11 UBSs receberam as doses.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, no primeiro dia de vacinação, somente 461 doses foram aplicadas.
Itaquera foi selecionada por concentrar o maior número de casos absolutos da doença na capital e a Vila Jaguara, por ser o bairro com a maior incidência de dengue por 100 mil habitantes, segundo informações da Secretaria Municipal da Saúde.

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