21 de setembro de 2024

Quatro servidores do Iapen são afastados em operação que investiga rebelião que acabou com cinco mortos em presídio no Acre

Servidores foram afastados por 120 dias e estão proibidos de exercer a função, inclusive de manter contato com os investigados. Operação Portas Abertas prendeu uma pessoa e cumpriu 12 mandados
Melícia Moura/Rede Amazônica
Quatro servidores do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen) foram afastados durante a operação Portas Abertas, que investiga as circunstâncias da rebelião ocorrida no presídio de segurança máxima Antônio Amaro, em Rio Branco, que terminou com cinco mortos, três deles decapitados.
Ainda durante a ação, nesta sexta-feira (5), uma pessoa foi presa e 12 mandados de busca e apreensão foram cumpridos.
A operação foi deflagrada pela Polícia Civil do Acre. A rebelião no Antônio Amaro aconteceu em julho de 2023. Os dois recapturados do presídio federal de Mossoró, Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça, foram transferidos em 27 de setembro do ano passado após serem apontados pelas forças de segurança como alguns dos presos com o maior envolvimento em atos de violência durante a rebelião.
A dupla foi recapturada em Marabá-PA nessa quinta-feira (4) após mais de 50 dias de buscas.
De acordo com o delegado Robert Alencar, responsável pela operação, a investigação aponta que os servidores afastados teriam auxiliado nos eventos que levaram à rebelião. O nome dos servidores afastados não foi divulgado.
“Eles contribuíram para que o plano de fuga dos detentos que eclodiram a rebelião acontecesse, inclusive, com o fornecimento das serras que foram utilizadas para danificar os ferrolhos e abrir as portas, como também na locação deles nas células do Pavilhão 1, que era o pavilhão destinado exclusivamente para esse servidor”, explicou.
Os servidores foram afastados por 120 dias e estão proibidos de exercer a função, inclusive de manter contato com os investigados, de frequentar as unidades prisionais enquanto a investigação não for concluída.
O delegado-geral de Polícia Civil, Henrique Maciel, negou que a operação tenha relação com a recaptura dos fugitivos de Mossoró.
“Não tem nenhuma correlação, nós tínhamos um inquérito aqui relacionado ao objeto da investigação que seria a facilitação da fuga da época e foi feito todo o planejamento, ninguém faz uma operação assim da noite para o dia e coincidiu da operação ser hoje, já estava programada. Ontem houve a prisão das pessoas que fugiram do presídio de Mossoró, então não tem nenhuma correlação uma com a outra”, afirma.
Colaborou Melícia Moura, da Rede Amazônica Acre.
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Reprodução
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Arquivo
Exonerações e denúncias
No começo de agosto, o governador do Acre, Gladson Cameli, exonerou Glauber Feitoza Maia, que ocupava o cargo de presidente do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC). Ele ficou mais de 1 ano e três meses a frente do instituto.
Na mesma edição do DOE, também saiu a demissão do diretor executivo operacional do Iapen, Marcelo Lopes da Silva. Nomeado no dia 19 de janeiro deste ano, ele ficou mais de seis meses no cargo.
Ainda me agosto, o g1 recebeu denúncia de servidores da unidade que aponta que a inteligência da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) tinha tido acesso a áudios e outros materiais que mostravam o plano de uma possível tentativa de fuga no presídio, porém, ignorou as informações.
O Ministério Público do Acre (MP-AC) também instaurou inquérito para apurar a rebelião no Presídio de Segurança Máxima Antônio Amaro. O órgão estadual disse que iria ‘investigar a responsabilidade do Estado do Acre em razão de possíveis falhas na prestação do serviço público que levaram à rebelião’.
Rebelião
A rebelião começou na manhã do dia 26 de julho quando presos renderam policiais penais e tiveram acesso às armas que foram usadas para tomar o pavilhão de isolamento da unidade. Um policial foi ferido com tiro no olho e conseguiu sair do local e outro foi mantido refém. A rebelião terminou por volta das 10h do dia 27 de julho.
A Segurança afirmou que o que motivou a rebelião foi uma tentativa de fuga dos presos, mas há a hipótese também de ter sido por disputa de território entre facções criminosas rivais. Porém, a Sejusp disse que essa possibilidade ainda é investigada.
Os mortos são considerados chefes de uma organização criminosa e, segundo o Instituto Médico Legal (IML), três deles foram decapitados.
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VÍDEOS: g1

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