22 de setembro de 2024

Ocupação de leitos de UTI na rede pública de SC se aproxima de 100%, com dengue e doenças respiratórias

Situação ocorre em todas as regiões do estado. Secretaria estadual da Saúde descreve cenário como ‘desafiador’ e diz que abrirá mais leitos. Santa Catarina vive crise na saúde pública
A rede pública de saúde de Santa Catarina enfrenta um problema de lotação de unidades. A ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para adultos era de 95,99% às 11h desta sexta-feira (5), com 35 vagas disponíveis, de acordo com painel da Secretaria de Estado da Saúde.
A pasta disse em nota que o cenário é “desafiador” e ocorre por causa da dengue e doenças respiratórios. Afirmou ainda que vai abrir mais leitos (leia nota completa abaixo). Nesta sexta, foram abertos oito no Hospital Maicé, em Caçador, no Oeste.
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Veja abaixo a situação por região.
Grande Florianópolis
Na região da capital, a movimentação é grande no Hospital Infantil João de Gusmão, em Florianópolis. Os pais reclamam da demora no atendimento e falta de informações.
Às 11h de sexta, a lotação de UTI para adultos era de 99,30%, com apenas um leito disponível. No caso de UTI pediátrica, a lotação era de 100%.
Pessoas aguardam por atendimento na porta do Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis
Marcos Schmitt/NSC TV
Norte
Na região Norte, a ocupação de leitos de UTI para adultos era de 100%, conforme o painel. O principal gargalo em Joinville, maior cidade da área e do estado, está nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
Desde domingo (31), as três UPAs da cidade registram altas taxas de atendimento. Na quarta (3), 2.462 pacientes foram atendidos nas unidades em 24 horas, movimento entre 15 a 20% acima do normal.
Nesta semana, a secretária municipal de Saúde, Tânia Eberhardt, classificou que a saúde pública tem vivido momentos de colapso.
“Sei que estamos passando por momentos muito difíceis. Esta noite [segunda-feira, dia 1º], por exemplo, o sistema de saúde pública e privada do município de Joinville colapsou. As portas não tinham mais como receber gente. E sei também que as pessoas estão inquietas, nervosas e que, por vezes, aumentam o tom de voz, xingam a cada um de vocês. Mas eu peço paciência”, disse a secretária em áudio direcionado a servidores municipais da Saúde.
Como estratégia, a Secretaria de Saúde de Joinville tem encaminhado pacientes com dengue a três unidades sentinelas. São postos de saúde que ficam abertos até 20h para receber essas pessoas. A dengue é a doença que está sobrecarregando a rede atualmente em Joinville.
Vale do Itajaí e Litoral Norte
No Vale do Itajaí, os dez hospitais que da região de Blumenau e de Rio do Sul só tinham duas vagas disponíveis de UTI adulto às 11h desta sexta.
A porta de entrada para alguns desses casos é o pronto-atendimento, que na noite de quinta (4) estava com um tempo de espera de três horas e 50 minutos. Cirurgias eletivas não chegaram a ser canceladas, mas só acontecem quando há leito disponível.
No outro hospital referência de Blumenau, o Santa Isabel, todos os 21 leitos estão ocupados. Só um deles por paciente com dengue. Os outros, são por outras doenças.
Na rede pública de Blumenau, somente consultas eletivas foram canceladas. A medida começou em março e, por enquanto, valerá até o dia 2 de maio pela alta de casos de dengue e Covid-19.
Já no Litoral Norte, tanto o Hospital Marieta Konder Bornhausen, de Itajaí, quanto o Ruth Cardoso, de Balneário Camboriú, estão sem leitos para adultos. Nas duas cidades, porém, nem consultas e nem cirurgias eletivas foram suspensas.
Para desafogar os prontos-socorros, unidades básicas de saúde e postinhos criaram locais específicos para o atendimento de dengue.
Sul
Na macrorregião Sul, são oito hospitais. A situação mais crítica está no Hospital São José de Criciúma e no Hospital de Caridade Senhor Bom Jesus dos Passos, de Laguna.
Para atender os 45 municípios do Sul do estado, são 134 leitos da UTI adulto. Conforme o painel da Secretaria de Estado da Saúde, 82,71% deles estavam ocupados às 11h desta sexta.
Apesar de alta, esta é a menor taxa de ocupação do estado.
Oeste
O Oeste do estado sofre com a superlotação das unidades de pronto-atendimento. A UPA 24 horas de Chapecó ampliou as equipes. A média de atendimentos tem sido de até 800 por dia.
Pela alta demanda de atendimento de dengue e Covid-19, Chapecó ampliou o horário do Ambulatorio especializado, no bairro Saic.
Sobre leitos de UTI, o Hospital Regional do Oeste, em Chapecó, está com todos ocupados. Quando falamos da regional de saúde do Oeste, a taxa de ocupação é de 96,43%, com três leitos disponíveis.
O que diz a Secretaria de Estado da Saúde
Confira abaixo a íntegra da nota da Secretaria de Estado da Saúde, enviada na tarde desta sexta.
A Secretaria de Estado de Saúde esclarece que o cenário desafiador atualmente enfrentado na saúde de Santa Catarina também atinge o restante do país.
A superlotação das UPAs, Unidades Básicas de Saúde e Hospitais se dá, principalmente, pela dengue e também pelas doenças respiratórias.
O Estado registra 28.495 mil focos com 35.287 casos confirmados e 59 óbitos Atualmente temos 244 pacientes internados, sendo que 26 por dengue hemorrágica.
Sobre as doenças respiratórias houve um aumento de 39% de internações entre os meses de fevereiro e março. Mesmo a vacina da gripe sendo antecipada e disponibilizada ao público-alvo, os índices de vacinação ainda estão muito aquém do esperado. Do grupo prioritário, apenas 10% da população fez a vacina.
Ressaltamos que, mesmo com a superlotação dos hospitais, nenhum paciente ficou desassistido ou sem um leito de UTI. No ano passado foram abertos 150 novos leitos em várias regiões do Estado.
Nesta semana serão abertos mais 8 leitos de UTI em Caçador. E ainda este mês serão abertos 10 leitos em Joaçaba, 10 em Itajaí, 15 em Lages e 5 em Chapecó.
Nesta sexta-feira, 5 de abril, o painel apresenta 100 leitos de UTI disponíveis, com maior taxa de ocupação em 95% de leitos adultos.
Desta forma, reafirmamos a importância de ações preventivas de combate à dengue assim como a vacinação dos grupos prioritários contra a gripe.
Apesar das longas filas de espera, com mais de 200 mil pacientes que aguardavam por uma cirurgia, foram realizadas 405.896 cirurgias entre eletivas e emergenciais na atual gestão (de janeiro de 2023 até março de 2024).
Também destacamos, que a Secretaria da Saúde segue realizando a melhoria das estruturas dos hospitais próprios do Estado, que estavam abandonadas há décadas, e apoiando os hospitais filantrópicos.
O Governo do Estado reafirma seu compromisso com os catarinenses e não medirá esforços para bem atender a população.
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