22 de setembro de 2024

Nos três primeiros meses de 2024 RS supera total de mortes por dengue registradas no ano passado

Foram confirmadas 57 vítimas de dengue somente nos três primeiros meses de 2024. Ao longo de todo ano 2023, houve 54 mortes. Amostra de larvas do mosquito da dengue no RS
Reprodução/RBS TV
Foram suficientes três meses, em 2024, para que o Rio Grande do Sul superasse o total de mortes por dengue no ano passado. Nesta sexta-feira (5), o estado chegou a 57 vítimas da doença, três a mais do que o registrado em todo o ano de 2024.
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Desde janeiro, o RS já registrou mais de 45 mil casos de dengue. Esse cenário, de acordo com o virologista Fernando Spilki, está relacionado ao acúmulo de alguns eventos climáticos e sanitários que, ao longo dos últimos dois anos, favoreceram a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
Entre os fatores que propiciaram o contexto destaca-se a elevação das temperaturas e as chuvas no Rio Grande do Sul.
“O número de dias que a gente tem acumulado, por exemplo, com temperatura acima dos 29ºC, é um determinante sempre importante dos surtos de dengue, que nesse ano está instalado na região Sul e Sudeste”, explica Spilk.
Na avaliação do virologista, os surtos são muito dependentes. O primeiro trimestre de 2024 apontou um crescimento acima do normal de casos, superando os 54 óbitos registrados em 2023.
Mosquito encontrado morto em vistoria contra a dengue no RS
Reprodução/RBS TV
Quatro novas mortes
Entre a última quinta-feira (4) e esta sexta (5), a Secretaria Estadual de Saúde confirmou quatro novas mortes por dengue no RS.
Segundo informou o Centro Estadual de Vigilância em Saúde, as quatro pessoas apresentavam doenças pré-existentes. A causa dos óbitos foi confirmada e registrada nesta tarde.
Novas vítimas:
Homem de 84 anos, de Independência (óbito ocorrido em 21 de março).
Mulher de 79 anos, de São Leopoldo (óbito ocorrido em 23 de março).
Mulher de 73 anos, de Santa Rosa (óbito ocorrido em 25 de março).
Homem de 65 anos, de Novo Hamburgo (óbito ocorrido em 1º de abril).
Análise de amostra de larvas do mosquito da dengue no RS
Reprodução/RBS TV
Do total de vítimas, 29 são homens e outras 28 são mulheres. A maior parte de óbitos é registrada entre pessoas de 60 anos ou mais. Veja abaixo os índices relacionados às vítimas e os cinco municípios com mais mortes por dengue no RS.
Surtos de dengue
Somente 31 das quase 500 cidades do RS estão sem infestação contra a dengue
Reprodução/RBS TV
Dos 497 municípios do RS, apenas 31 não estão infestados pelo mosquito que transmite a dengue, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde. Distribuídas entre a faixa Leste e o Sul do estado, as cidades representam 6,2% do total.
Santa Rosa, município de 77 mil habitantes, tem o maior número de casos de dengue no RS, com 5,7 mil infecções notificadas, conforme a última atualização da Secretaria Estadual de Saúde.
Os surtos de dengue entre o período de fevereiro a maio são comuns, explica o virologista Fernando Spilki. Os índices costumam perdurar no outono, quando há a incidência dos casos, em comparações a anos sem registros.
“Esse ano [2024] tem muita atividade do vírus, muitos casos instalados, e essa matemática, junto com uma presença do mosquito, que talvez nem seja tão alta ao longo do próximo período, ela pode, de certo modo, compensar e gerar as condições para que nós ainda tenhamos níveis de transmissão alta”, ressalta.
Na perspectiva do especialista, se essa dinâmica continuar, iremos, muito provavelmente, ultrapassar o número de casos recorde de 2022, quando formam confirmadas 66 óbitos devido à dengue.
Amostras de larvas do mosquito da dengue recolhidas no RS
Reprodução/RBS TV
Sem muito otimismo, a avaliação de Spilki aponta para a possibilidade de uma profusão de dengue de proporções graves, em comparação à última década, no país.
“E, infelizmente, continuando esse ciclo, nós teremos também recordes aqui no estado do Rio Grande do Sul”, estima.
Ele ainda comenta sobre a letalidade, as quais “estão chamando a atenção”, bem como os índices de casos graves notificados no RS.
De acordo com o a Secretaria de Saúde do RS, a dengue é uma doença endêmica no estado, ou seja, tem se repetido nos últimos anos. Desde 2021, o Rio Grande do Sul vem registrando altos números de casos.
O governo do RS, dado os elevados índices de dengue, decretou situação de emergência no dia 12 de março.
Atenção aos sintomas
A Secretaria reforça a importância de que a população procure atendimento médico nos serviços de saúde logo nos primeiros sintomas, que são:
febre alta (39°C a 40°C), com duração de dois a sete dias, dor retro-orbital (atrás dos olhos)
dor de cabeça
dor no corpo
dor nas articulações
mal-estar geral
náusea
vômito
diarreia
manchas vermelhas na pele, com ou sem coceira
A busca por atendimento no começo da manifestação das sensações de desconforto físico é uma maneira de evitar o agravamento da doença e a possível evolução para óbito. A SES indica o uso de repelente também para proteção individual contra o Aedes aegypti.
Medidas de prevenção à proliferação e circulação do inseto, com a limpeza e revisão das áreas interna e externa das residências ou apartamentos, impedem o mosquito de nascer, cortando o ciclo de vida na fase aquática.
Pulverização de inseticida em locais com casos de dengue em Porto Alegre
Cristine Rochol/PMPA
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