22 de setembro de 2024

Teratoma: médico explica tumores com cabelo, unhas e dentes retirados de pacientes em hospitais de Palmas

Os chamados teratomas se formam a partir de tecidos humanos e surgem como lesões nos ovários de mulheres geralmente em idade fértil. A retirada é feita por meio de cirurgia. Especialista em oncologia ginecológica e endometriose Antonione Resende retira os teratomas por laparoscopia
Divulgação
Com dentes, unhas, cabelos, ossos e outros tecidos do corpo humano, um tipo de tumor chamado teratoma pode se formar no corpo humano e tomar uma forma bem assustadora. Pelo menos três pacientes de Palmas tiveram que passar por cirurgia na última semana para a retirada desse tipo de lesão.
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Quem realizou os procedimentos foi o médico especialista em oncologia ginecológica e endometriose Antonione Resende. Em entrevista ao g1, ele contou que os teratomas também são compostos por muito tecido gorduroso. As origens dessa ‘mistura’ são as células germinativas, que ficam no sistema reprodutor.
“Essa célula germinativa é a que produz na mulher o óvulo e no homem o espermatozoide, e podem formar qualquer tipo de tecido no corpo. Então essa célula germinativa, por alguma alteração que elas sofrem, pode se transformar erroneamente nesses processos de produção de tecido, osso, cabelo e formar esse tumor”, explicou.
Nos casos retirados recentemente de pacientes do médico, foram encontrados tufos de cabelo, algo parecido com gordura e outros tecidos, tudo envolto em uma membrana.
As mulheres são as que mais podem ser diagnosticadas com o tumor ‘estranho’. Nos homens, eles surgem nos testículos e podem, inclusive, se desenvolver quando ainda são crianças. Mas nesse último caso, são raros, segundo Antonione. A incidência é maior em mulheres.
“Eles são mais comuns em mulheres jovens, de 20 a 40 anos. Em 50% dos casos, ele pode ser bilateral, ocorrer nos dois ovários porque, teoricamente, essa paciente pode ter alguma predisposição. Mas não tem nenhum grupo específico que tenha uma predisposição maior”, afirmou o especialista.
Diagnóstico
Sobre os sintomas do teratoma, ele é praticamente indolor, principalmente na fase inicial. É diagnosticado em exames de rotina que a mulher faz geralmente uma vez ao ano, por meio de ultrassom transvaginal. O problema é que se ele cresce demais, pode ocasionar a chamada torção ovariana. Aí sim, a paciente sente dores fortes.
“Aqueles que vão crescendo mais podem ter como sintomas dor, alteração no ciclo menstrual. Se caso ele vai crescendo muito, ele tem o risco de torcer. Porque conforme vai movimentando aquele volume na barriga, ele vai girando no próprio eixo e aí torce. Então a artéria que irriga aquele ovário pode ser comprometida, parar a irrigação, e ele pode começar a fazer necrose e causa muita dor. Aí tem que ser feita uma cirurgia até de urgência”, afirmou.
Atenção, imagens fortes!
g1
É possível ver os cabelos que se formaram no tumor teratoma
Divulgação/Antonione Resende
Baixa incidência
O médico explicou que o teratoma é um tumor raro, mas entre esse tipo de condição que surge das células germinativas no ovário é o mais comum. Um terço das pacientes atendidas que apresentam lesões que podem ser identificadas como teratoma. Felizmente, a maioria e benigna. Mas segundo o especialista, há outros riscos.
“Não tem relação com a localização, hábito de vida que possa tentar fazer para que ele não se desenvolva. O que a gente tem que tentar fazer é o diagnóstico precoce para quando for operar, tirar só a lesão, só o cisto de teratoma, sem ter que tirar todo o ovário. Então quanto pior o teratoma, mais risco a paciente tem de perder aquele ovário”.
Tratamento cirúrgico e acompanhamento
Para tirar a lesão, somente por via cirúrgica, mas o médico explicou que o procedimento costuma ser a laparoscopia, que é menos invasivo.
“É feito só alguns furinhos no abdômen da paciente. Quando é diagnosticado precocemente, a gente tira só a lesão, tentando preservar o ovário, principalmente porque as pacientes costumam ser jovens, estão no período reprodutivo. Então se tirar o ovário vai ter algum risco de alterar a fertilidade dessa paciente”, afirmou.
Após a retirada do tumor ‘monstruoso’, é preciso que a paciente siga em acompanhamento, já que podem surgir mais teratomas ao longo da vida. “Como ela tem uma predisposição, pode ser que como tempo novas lesões surjam”.
O médico contou ainda que quando é descoberto, a maioria das pacientes recebe a notícia com surpresa, pois não sabem como ele é formado. “No pré-operatório quando a gente tem a suspeita desse tipo de lesão e a gente fala como é o tumor, elas já ficam meio surpresas, acham estranho. E até no centro cirúrgico é uma surpresa quando a gente tira, que abre e vê que tem cabelo, dente. Ficam todos espantados”.
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