22 de setembro de 2024

Amigos e parentes prestam homenagem ao cartunista Ziraldo, morto aos 91 anos

‘Perdi muitos amigos cartunistas, mas o Ziraldo é uma espécie de pai de nós todos. Que pena. Mas que bela vida, Ziraldo’, diz o cartunista Aroeira Laerte comenta a morte de Ziraldo
Reprodução/TV Globo
Amigos e parentes prestaram homenagem ao cartunista Ziraldo, morto aos 91 anos, neste sábado (5).
No prédio onde Ziraldo morou por mais de 30 anos na zona Sul do Rio de Janeiro, Sergio Ribeiro guarda viva na memória a alegria do vizinho ilustre e de uma simplicidade que encantava a todos.
“Uma vez, uma vizinha me ligou — sou sínidico — e disse ‘pô, essas crianças perturbando uma hora dessas?’ E ele [Ziraldo] falava assim: ‘Sergio, alegria é vida e vida é alegria. Deixe as crianças brincar até tarde e mande esse vizinho chato parar de reclamar’.”
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Segundo a família, nos últimos meses, o escritor, desenhista e pai do “Menino Maluquinho” tinha perdido a capacidade de se comunicar com quem visitá-lo. Como definiu um de seus sete irmãos, Ziraldo foi se despedindo aos pouquinhos, porque sabia que seria muito doloroso para todos.
“A gente tem um elo muito grande, muito forte. Mas eu tô em paz, porque ele está descansando e foi encontrar os outros queridos que estão lá, esperando por ele”, disse Santinha Pinto, irmã de Ziraldo.
O caçula Gê Pinto, também irmão do cartunista, foi inspiração para o coelho Geraldinho, da “Turma do Pererê”.
“No final das contas, todos nós irmãos, sobrinhos e tal, de certa maneira, bebemos dessa fonte. Seguimos muito Ziraldo. Foi emocionante. Uma vida incrível”, afirma Gê.
“O Ziraldo tinha uma certa bronca de tecnologia. Às vezes, ele mostrava um desenho e fazia questão de dizer: ‘Olha, foi tudo na mão’. E é verdade. Ele fazia na mão. Ele tinha uma mão maravilhosamente firme e precisa”, diz a cartunista Laerte.
“Ele deixa uma mensagem de amor ao Brasil, de inclusão de todos os elementos da brasilidade. Desde a ‘Turma do Pererê’, tinha lá uma criança negra, uma criança indígena e uma criança branca brincando junto. O que é o ‘Menino Maluquinho’? É uma mensagem de ‘vamos brincar’. Às crianças, brinquem!” diz a jornalista Miriam Leitão.
“Ele é influente para as crianças e no mundo dos adultos como artista gráfico e cartunista. Meu Deus! O Ziraldo sempre foi um Deus. Para nós, cartunistas, o Ziraldo está lá em cima”, diz o cartunista Caco Galhardo.
O cineasta Helvécio Ratton foi quem dirigiu o filme “Menino Maluquinho”. “O Ziraldo era, ao mesmo tempo, um vulcão de criatividade —um cara que não parava de criar—, mas sabia ouvir os outros. Sabia catar uma ideia que não era dele. Sabe?”, afirma o diretor.
O desenhista e escritor Mauricio de Sousa lamentou a morte do amigo e colega de profissão: “Que tristeza! Não tenho palavras. Perdi mais que um grande amigo. Perdi um irmão. Das letras, dos traços e da vida!”
O presidente Lula disse: “São inúmeras e diversas as contribuições de Ziraldo na defesa da imaginação, de um Brasil mais justo, com democracia e liberdade de expressão”.
A ministra da Cultura Margareth Menezes comentou: “Uma perda irreparável. Ziraldo foi uma fonte de inspiração”.
“Eu não sei o que dizer com o Ziraldo não estando mais aqui. Mas o meu mundo começa como na música ‘Cair’, porque, sem o Zira é tão diferente. Perdi muitos amigos cartunistas, mas o Ziraldo é uma espécie de pai de nós todos. Que pena. Mas que bela vida, Ziraldo. Que bela vida!”, diz o cartunista Aroeira

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