22 de setembro de 2024

Justiça nega pedido da Polícia Civil para usar carro de luxo da ‘Japa do Crime’; entenda

Karen de Moura Tanaka Moris, a ‘Japa’, cumpre prisão domiciliar suspeita de lavagem de dinheiro para a principal facção criminosa de São Paulo. Ela também é viúva de Wagner Ferreira da Silva, o ‘Cabelo Duro’, um dos chefes da organização executado a tiros em 2018. Justiça nega pedido da Polícia Civil para usar carro de luxo da ‘Japa do Crime’ (à esq.)
g1 Santos e Reprodução/Imagem Ilustrativa
A Justiça de São Paulo negou um pedido da Polícia Civil para utilizar o carro apreendido de Karen de Moura Tanaka Moris, a ‘Japa do Crime’. Conforme apurado pelo g1, nesta segunda-feira (8), trata-se de um Audi 2.0 Q3 de 2022, avaliado em aproximadamente R$ 300 mil. A mulher de 37 anos cumpre prisão domiciliar suspeita de lavar dinheiro para a principal facção criminosa do estado.
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A decisão é da 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores de São Paulo. No documento, o juiz Guilherme Eduardo Martins Kellner concordou com a manifestação do Ministério Público do estado (MP-SP) sobre a não permissão para a utilização do carro pela Polícia Civil.
O magistrado citou que, embora possível, o uso do veículo apreendido para o desempenho das atividades policiais não é das alternativas a que “melhor atenda ao interesse público”.
O juiz acrescentou que o carro da ‘Japa’, por ser de luxo e “chamar mais a atenção”, deixa ser a melhor opção para o uso como viatura descaracterizada.
Além disso, Kellner citou que “não parece ser apropriada” a utilização de um veículo de alto valor “voltado ao mero transporte dos agentes de segurança pública”.
Por fim, o magistrado considerou ser mais apropriada a “alienação antecipada” [venda de bens frutos de apreensões] do carro antes do término da ação penal. Assim, o valor ficaria depositado em conta vinculada ao juízo até a decisão final do processo e, no caso absolvição, será devolvido à acusada.
Apartamento de luxo da ‘Japa’
Veja closet da ‘Japa do crime’ no apartamento onde ela foi presa
O apartamento fica no bairro Tatuapé, na capital paulista. Além da residência em que ela morava, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca em uma casa em Bertioga (SP) e um escritório virtual, que seria utilizado para fazer os acordos de lavagem de dinheiro.
Conforme apurado pelo g1, a ‘Japa do Crime’ é formada em enfermagem, embora trabalhasse ultimamente como empresária no ramo de beleza.
Conhecida como ‘Japa do crime’, Karen tem um closet repleto de peças
g1 Santos
Nas imagens do apartamento, é possível ver um closet repleto de roupas, dezenas de sapatos e sacolas de grife (veja o vídeo acima).
Outros registros do imóvel mostram diversos cômodos luxuosos, como a varanda com um enorme lustre, além de uma churrasqueira e uma mesa com oito cadeiras. Também é possível ver uma escada e parte da cozinha com decoração na cor cinza.
Imagem mostra parte da cozinha do apartamento da ‘Japa do crime’
g1 Santos
No apartamento no bairro Tatuapé, Karen também mantinha um espaço com diversos artigos religiosos, como um terço e imagens das religiões católica e hindu (veja abaixo).
Varanda e espaço com artigos religiosos na casa da ‘Japa do crime’
g1 Santos
Quem é a ‘Japa’
Karen de Moura Tanaka Moris tem 37 anos e é formada em enfermagem, mas trabalhou recentemente como empresária no ramo de beleza. Ela é viúva de Wagner Ferreira da Silva, o ‘Cabelo Duro’, um dos chefes da organização executado a tiros em 2018.
Ao g1, o advogado de defesa João Armôa Junior explicou que a mulher é proprietária de clínicas de estética em São Paulo e o dinheiro encontrado na casa dela é fruto do trabalho e da venda de veículos e imóveis.
Antes dos comércios, Karen chegou a trabalhar na enfermagem. “É formada em grau superior, pós-graduada e trabalhou durante muitos anos, mas abandonou a área para se tornar empresária do ramo de beleza”, esclareceu o defensor.
João Armôa ainda esclareceu que a mulher nasceu em Santos, mas não tem vínculo com a Baixada Santista desde que se formou na faculdade em 2008, pois constituiu a vida na capital.
A residência em Bertioga, que foi alvo de mandado de busca, é de veraneio. “É uma casa alugada, de veraneio”, afirmou o advogado.
Ela tem um único filho, que é menor de idade. O pai é Wagner Ferreira da Silva, mas a defesa de Karen garante que a mulher não tinha conhecimento das atividades ilícitas praticadas pelo homem até a morte dele em 2018.
Karen de Moura Tanaka Moris é viúva de Wagner Ferreira da Silva
Divulgação/Polícia Civil e Reprodução
Viúva de ‘Cabelo Duro’
Wagner também era conhecido como Waguininho e Magrelo. Ele é suspeito de participar de roubos em marinas de luxo no litoral paulista e do assassinato de um policial militar. A polícia apura se Wagner desviou dinheiro ou estaria envolvido nos assassinatos de outros dois membros da facção: Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca.
Wagner Ferreira da Silva foi morto com tiros de fuzil aos 32 anos, em um ataque realizado na frente do hotel Blue Tree Towers, na Zona Leste de São Paulo, em fevereiro de 2018.
Polícia de SP investiga execução de criminoso a tiros de fuzil
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