23 de setembro de 2024

Moradores estão ‘ilhados’ há mais de 24 horas após forte chuva atingir Salvador: ‘precisa urgente de macrodrenagem’

Moradores relatam que tiveram casas invadidas pela água do temporal e da barragem do Rio Ipitanga 1, que abriu as comportas. Ruas de ficam alagadas e águas da enxurrada invade casas em Salvador
A Rua Norte 2, no bairro de São Cristóvão, em Salvador, está alagada há mais de 24 horas por causa da forte chuva que atinge a capital baiana desde domingo (7). Os moradores relatam que tiveram as casas invadidas pela água do temporal e da barragem do Rio Ipitanga 1, que abriu as comportas.
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O morador Islan Silva contou para a reportagem da TV Bahia que o alagamento é recorrente e acontece há mais de 20 anos. De acordo com ele, sempre que chove forte na capital baiana, a barragem abre as comportas e os moradores ficam ilhados por mais de um dia.
“O pessoal da barragem não pode segurar a água, eles têm que abrir as comportas, se não corre o risco da barragem estourar. Mesmo sabendo dessa situação, eles abrem as comportas e o rio acaba transbordando”, contou o morador.
A barragem Ipitanga 1 fica localizada no bairro Boca da Mata e alimenta o Rio Ipitanga, que corta os bairros Parque São Cristóvão, Cassange e desagua na foz do Rio Joanes, em Lauro de Freitas, município que fica na Região Metropolitana de Salvador.
“Todo ano a barragem abre as comportas e acaba alagando, porque o rio transborda. Não suporta a quantidade da água da barragem com a água da chuva. Precisa urgente de uma macrodrenagem”, afirmou Islan Silva.
moradores relatam que tiveram as casas invadidas pela água do temporal e da barragem do Rio Ipitanga 1, que abriu as comportas.
Reprodução/TV Bahia
O morador afirmou que a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Conder) fez uma obra, com investimento de mais de R$ 200 milhões, na área do Rio Ipitanga, mas não houve intervenção nesse trecho do Parque São Cristóvão-Cassange.
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Ele contou ainda que Associação de Moradores do Cassange e o Conselho Comunitário de São Cristóvão têm o interesse de dialogar com o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, e as secretárias de de Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura Hídrica e Saneamento, Jusmari Oliveira e Larissa Moraes, mas ainda não conseguiu resposta.
Islan Silva contou que o volume de água deve baixar na madrugada de quarta-feira (10), caso as comportas da barragem sejam fechadas.
“Se eles segurarem as comportas da barragem, acredito que por volta de 0h ou 1h a gente consiga enxergar o asfalto. Se eles continuarem com elas abertas, pode ser que amanhã ainda esteja alagado”, disse preocupado.
Já a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) informou que o alagamento de parte da localidade de Cassange/São Cristóvão, reflete principalmente o grande volume de chuvas que caiu na bacia do rio Ipitanga, que passa muito próximo às moradias.
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Segundo a Embasa, a abertura parcial das comportas da barragem de Ipitanga 1, iniciada na semana passada, é uma medida necessária para garantir sua segurança estrutural.
“A existência da barragem, na verdade, possibilita uma liberação gradual da água acumulada, servindo como contenção ao aumento súbito do nível do rio em época de chuvas”, disse em nota.
Também em nota, a Conder informou que as obras de macrodrenagem do Joanes-Ipitanga já foram finalizadas. A companhia informou que o trecho agora conta com seis reservatórios de amortecimento, sendo quatro na calha do rio Ipitanga e dois em afluentes.
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De acordo com a Conder, o Reservatório de Amortecimento 1 possui volume aproximado de armazenamento de 315 mil m³ de água das chuvas, e está situado na localidade de Cassange, área próxima à barragem da represa Ipitanga 1.
Esse reservatório, conforme a Conder, impediu que ao menos 315 mil metros cúbicos de água potencializassem os estragos causados pelas fortes chuvas na região.
Temporal em Salvador
Chuva causa transtornos em Salvador
Reprodução/TV Bahia
As fortes chuvas de Salvador causaram mais de 100 deslizamentos, deixaram um túnel de uma importante via alagado e mais de cinco mil alunos sem aula na segunda-feira (8).
A capital baiana foi atingida por um sistema meteorológico chamado “Cavados”, que consiste na formação de correntes de vento no céu e de nuvens de tempestade. Na prática, isso significou um grande volume de água — mais de 150 milímetros na últimas 72 horas.
Por consequência, a Defesa Civil da cidade (Codesal) acionou as 14 sirenes do Sistema de Alerta e Alarme instaladas em áreas de risco prioritárias na cidade: Mamede, Bom Juá, Irmã Dulce, Mangabeira 1, Mangabeira 2, Calabetão, Vila Picasso, Creche, Moscou, Voluntários da Pátria, Baixa do Cacau, Bosque Real, Olaria e Vila Sabiá.
A medida prevê que os moradores das localidades sejam conduzidos a uma unidade de acolhimento localizada em escolas, onde ficam abrigadas até que não haja mais risco.
Confira o balanço de ocorrências registrado pela Codesal até 18h30:
129 deslizamentos de terra;
42 ameaças de desabamento;
42 ameaças de deslizamento;
81 avaliações de imóveis alagados.
No início da manhã desta terça-feira, a chuva diminuiu em Salvador. A capital baiana não registrou ocorrências graves até 7h30.
Desabamentos e quedas de estruturas
Em Cajazeiras 7, o teto de um terreiro desabou e levou parte de uma parede. Um vídeo feito por pessoas que estavam no local mostra o espaço religioso completamente destruído.
É possível ver que cadeiras e outros itens foram arrastados e quebrados com o impacto. Por sorte, ninguém ficou ferido.
A garagem de um prédio no bairro do Politeama cedeu ainda na madrugada. O síndico Fábio Souto viu o momento que a estrutura desabou e correu para garantir que todos saíssem do edifício sem grandes riscos.
Registro da estrutura do prédio após deslizamento
Reprodução/TV Bahia
Não houve feridos graves, mas três carros e uma motocicleta que estavam na garagem despencaram junto com a estrutura.
Dois prédios são atingidos por deslizamento de terra em Salvador
O deslizamento de terra que se seguiu atingiu ainda a sede da Superintendência de Trânsito (Transalvador) na rua abaixo. O teto do prédio institucional foi destruído.
Serviços interrompidos

Jefferson-Peixoto/Secom
Os elevadores e ascensores de Salvador tiveram os funcionamento interrompidos por causa da chuva. Na segunda-feira, não funcionaram:
Elevador Lacerda;
Elevador do Taboão;
Plano Inclinado Gonçalves;
Travessia Ribeira-Plataforma.
De acordo com a prefeitura, os ascensores foram impactados por uma queda de energia na região do Centro.
Já a Travessia Ribeira-Plataforma foi impactada pelos fortes ventos e o mar agitado que impede a atracagem das embarcações no terminal de Plataforma.
Os serviços serão retomados quando as condições de operação voltarem a normalidade.
Mais de 5 mil estudantes sem aulas
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Maiana Belo/G1 BA
Mais de 5 mil alunos de 12 escolas municipais de Salvador tiveram as aulas suspensas após as unidades serem disponibilizadas para servir de abrigos temporários para vítimas das chuvas.
Segundo a prefeitura, os locais foram disponibilizados para as pessoas que moram em áreas consideradas de risco, que podem registrar deslizamentos de terra e desabamentos por causa da chuva.
Desalojados e desabrigados
Com o acionamento das sirenes nas localidades de risco por causa da chuva, 45 pessoas foram acolhidas na segunda, em unidades provisórias para desalojados e desabrigados, instaladas em escolas municipais.
Atualmente, há pessoas assistidas em seis unidades de acolhimento provisório montadas nas comunidades:
Baixa do Cacau (24)
Calabetão (1)
Bom Juá (4)
Mangabeira (10)
Voluntários da Pátria (2)
Irmã Dulce (4)
Nas outras localidades, equipes da Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) estão de prontidão para assegurar alojamento seguro.
Previsão é de chuva
Após um dia de prejuízos para moradores da capital baiana, a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) é de mais chuva para os próximos dias.
Segundo a meteorologista Cláudia Valéria, o volume de água só deve diminuir a partir de quinta-feira (11).
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