Proprietário do imóvel que serviu de cenário para o filme cotado ao Oscar de 2025 está pedindo R$ 14 milhões pela casa. Construída em 1937, a casa de 480 m² passou por uma adaptação para ficar idêntica à residência da família Paiva, nos anos 1970. Imóvel foi reformado após as gravações. Veja como é a casa onde foi gravado o filme “Ainda Estou Aqui”
A casa que serviu de cenário para o filme “Ainda estou aqui” passou por uma série de adaptações para que ficasse idêntica à que serviu de residência da família Paiva, na década de 1970. A reconstituição de época chamou a atenção até dos proprietários.
O g1 visitou e fez um tour pelo imóvel, que fica na Urca, na Zona Sul do Rio. A casa conta com 4 suítes, 4 salas, piscina e elevador. Atualmente, está à venda por cerca de R$ 14 milhões (veja acima).
Os proprietários do imóvel foram procurados pela equipe do cineasta Walter Salles por conta da semelhança com a casa original. O corretor Marcelo Dias, que tem mais de 40 anos de experiência, cuidou da negociação e se espantou com a semelhança.
“Quando eu vi as fotos, eu pensei: ‘será que colocaram essa casa no Leblon ou colocaram a casa do Leblon aqui?’ A semelhança era muito grande”, disse o corretor.
Ainda assim, a casa passou por adaptações para que não tivesse um conceito tão atual. O imóvel é, originalmente, de 1937.
Casa na Urca utilizada para a gravação do filme Ainda Estou Aqui
Reprodução/TV Globo
Parte do piso, por exemplo, foi coberto para a reconstituição de época.
“Eles tiraram essa cor, colocaram uma cor mais envelhecida, envelheceram a pintura, tiraram a grade. Na frente, eles adaptaram ao filme. Eu achei que ficou fantástico, achei que ficou idêntico”, destacou Marcelo.
O imóvel original da história, que ficava na Avenida Delfim Moreira, não existe mais. Atualmente, um prédio ocupa o lugar.
A semelhança impressionou até os donos do imóvel, que se espantaram ao passar em frente e encontrá-lo tão diferente.
“A proprietária passou e perguntou: ‘O que houve com a casa?’ E eu disse para ficar tranquila que iam deixar do mesmo jeito. E deixaram”, afirmou o corretor.
“Eles moldaram completamente a casa para a década de 70. Refizeram toda parte externa e internamente também decoraram tudo para o filme”, contou Marcelo Dias.
Assista ao trailer de ‘Ainda Estou Aqui’
A coordenadora de produção executiva do longa-metragem e pesquisadora de material de arquivo, Camila Leal Ferreira, contou ao g1 que o projeto do filme começou há 7 anos. Em meados de 2021, o diretor Walter Salles pediu para que ela procurasse uma casa que tivesse alguma relação com o mar.
“Hoje, na Zona Sul do Rio de Janeiro, sobraram pouquíssimas casas perto do mar. E foi rodando toda cidade que cheguei à Urca”, disse.
Após uma longa conversa com o corretor de imóveis responsável pela residência, ela conseguiu fechar o contrato para gravar o filme no local.
Comparação entre a casa original e o set de filmagem
Divulgação
A decisão pela casa como set também se deu porque Nalu Paiva, uma das filhas de Eunice e Rubens, chegou a desenhar com lápis colorido como eram os cômodos na casa verdadeira e, segundo Camila, a residência da Urca era muito parecida.
Tanto que, na estreia do filme, em Veneza, Nalu apertou a mão da produtora-executiva assim que apareceu a primeira cena da casa e disse, com os olhos marejados: “nossa, igualzinha”.
O filme “Ainda Estou Aqui”, que se passa em 1971, conta a história de Eunice (interpretada por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro), que estudou Direito e se reinventou como uma das mais importantes ativistas dos Direitos Humanos no Brasil depois do assassinato de seu marido, Rubens Paiva (Selton Mello), pela ditadura militar.
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Peregrinação
Com o sucesso do filme e a conquista do Globo de Ouro de Fernanda Torres como melhor atriz de drama, o lugar se tornou alvo de curiosidade e peregrinação de fãs.
Marcelo confirma que o assédio ao imóvel aumentou.
“Muita gente tem procurado, inclusive as pessoas tiram fotos, agora mais ainda. As pessoas param e olham aqui mesmo, ficam no telefone. Enfim, tietando a casa”, disse.
Giovanna Vanini postou nas redes sociais a visita à casa na Urca onde foi gravada Ainda Estou Aqui
Reprodução/Redes sociais
Elizabeth Statham, brasileira que vive há 30 anos nos Estados Unidos, foi até a Urca só para tirar uma foto no “set de filmagem”.
“Amanhã eu estou indo de volta para os Estados Unidos. O Brasil está mostrando sua arte de maneira muito positiva”, disse Elizabeth.
Os vizinhos da casa também se emocionaram ao ver o bairro “ajudando” a contar uma história tão marcante e comovente.
“Esse filme retrata uma época muito sofrida e foi realmente maravilhoso. Foi emocionante acompanhar as filmagens. Eu acompanhei”, disse o vizinho João.
Foto tirada durante ‘Ainda estou aqui’ com a família protagonista do filme
Divulgação
Para as pessoas que visitam a casa, a vitória de Fernanda Torres, como a melhor atriz de drama, ao vencer o prêmio Globo de Ouro, também foi emocionante.
“Foi uma grande vitória. Foi lindo”, disse a professora Lilian Garrido, ao visitar a casa e relembrar o prêmio conquistado por Fernanda Montenegro, há 25 anos.
Várias pessoas tiraram fotos da casa durante o período que o g1 esteve no local.
Ex-moradora se emociona
Família Savini, que morou na casa
Arquivo pessoal
Além da família Paiva, que no cinema utilizou o espaço da casa na Urca para emocionar o Brasil, a família Savini também mantem uma ligação forte com o imóvel localizado na esquina entre as ruas João Luis Alves e Roquete Pinto.
Ricardo Savini, sua esposa, Juliana Garcia, e as três filhas, Livia, Ornella e Cecília, também passaram momentos marcantes na casa que serviu de cenário para a trama envolvendo a família Paiva. Os Savini alugaram aquela mesma casa na Urca entre setembro de 2019 e janeiro de 2022.
“Apesar de ter sido quase três anos, foi a residência em que passei mais tempo”, contou Lívia ao g1 em dezembro.
“E, por isso, acho que minha família criou um afeto pelo local […] A gente viveu o nascimento dela (Cecilia, a irmã mais nova), todo mundo junto. A pandemia não foi boa para ninguém, mas conseguimos nos fortalecer e ter momentos bem importantes ali”, acrescentou.
Vídeo mostra família que morou em casa onde foi gravado ‘Ainda Estou Aqui’
Em suas redes sociais, Lívia celebrou o sucesso do filme que mostra a casa onde ela morou como “protagonista” dessa história de superação e de luta de uma mulher guerreira.
“Se você chorou muito vendo esse filme imagina pra gente que morou na casa antes da gravação. (…) Sem tirar mérito da Fernanda Torres (maravilhosa) mas eu considero a casa tipo um protagonista do filme”, escreveu Lívia em suas redes sociais.
“Agora é torcer para ganhar o Oscar”, postou Lívia.
“Ainda estou aqui” foi selecionado para mais de 50 festivais no mundo. E já ganhou sete prêmios desde a estreia em setembro, em Veneza, onde levou o Leão de Ouro de melhor roteiro. No último domingo (5), a atriz Fernanda Torres, que interpreta Eunice Paiva, ganhou o Globo de Ouro de melhor atriz em filme de drama (veja abaixo o discurso da atriz).
No filme, a atriz revive a história real de Eunice Paiva, advogada e mãe do escritor Marcelo Rubens Paiva. Eunice passou 40 anos procurando a verdade sobre Rubens (interpretado por Selton Mello), seu marido desaparecido durante a ditadura militar no Brasil.
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