As retiradas de recursos das cadernetas de poupança superaram os depósitos em R$ 15,44 bilhões em todo ano de 2024, informou nesta quarta-feira (8) o Banco Central.
De acordo com a instituição, em 2024:
os depósitos somaram R$ 4,17 trilhões;
as retiradas totalizaram R$ 4,21 trilhões.
A saída de valores da poupança em 2024 foi menor que a do ano anterior – quando mais de R$ 87,8 bilhões deixaram a modalidade de investimentos.
Esse também foi o melhor resultado, em termos de captação (saída ou retirada de valores) desde 2020, quando foi contabilizado o ingresso de US$ 166 bilhões na poupança. Naquele ano, houve forte ingresso de recursos na poupança por conta do pagamento do auxílio emergencial durante a fase mais aguda da pandemia da Covid-19.
Mesmo com a retirada de recursos da poupança no último ano, o estoque dos valores depositados, ou seja, o volume total aplicado, registrou aumento para R$ 1,03 trilhão. Em dezembro de 2023, o volume total somou R$ 983 bilhões. O aumento aconteceu por conta dos rendimentos creditados nas contas dos poupadores.
Cenário da economia
A menor retirada de recursos da caderneta de poupança acontece em um cenário de melhora da economia, com queda do desemprego e crescimento robusto do nível de atividade.
De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no mês passado, a taxa de desemprego no Brasil caiu para 6,1% no trimestre terminado em novembro. Pelo segundo mês seguido, o país atingiu a menor taxa de desocupação de toda a série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012.
Ao mesmo tempo, indicadores do nível de atividade seguem mostrando aquecimento da economia. O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre do ano passado, mostrou crescimento de 0,9%. Este é o 13º resultado positivo consecutivo do indicador. O Brasil cresceu tanto quanto a China no período, só ficando atrás de Indonésia e México no G20.
Rendimento da poupança
A caderneta de poupança segue com rendimento limitado. Isso ocorre porque, com as regras vigentes, quando a taxa Selic ultrapassa o patamar de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança é de 0,5% ao mês, mais a variação da taxa referencial (TR, que é calculada pela média ponderada dos títulos públicos prefixados).
De acordo com analistas ouvidos pelo g1, o retorno da poupança tem perdido para outras aplicações em renda fixa. Eles apontaram que investimentos no Tesouro Direto, em CDBs e também CDIs têm registrado melhor desempenho em um cenário de alta dos juros básicos da economia.
Atualmente, a taxa Selic, definida pelo Banco Central para tentar conter a inflação, está em 12,25% ao ano. Esse é o maior nível desde novembro de 2023 e, em termos reais, está entre os juros mais altos do mundo.
E o Banco Central já indicou que vai subir mais ainda a taxa no começo deste ano, o que já gerou reflexo na curva de juros futura, utilizada como referência pelo mercado financeiro.
Segundo analistas, o aumento de gastos e a disparada do dólar têm contribuído para impulsionar as expectativas de inflação do mercado e do Banco Central.