9 de janeiro de 2025

Polícia investiga se GCM e secretário-adjunto morto em Osasco tinham rixa antiga


Adilson Custódio Moreira foi morto com 10 tiros, que atingiram principalmente a cabeça. Ataque ocorreu na sede da prefeitura na segunda (6). Secretário-adjunto Adilson Custódio Moreira (esquerda); guarda municipal Henrique Marival de Souza (direita)
Reprodução/Montagem g1 SP
A Polícia Civil de São Paulo trabalha com duas linhas principais de investigação sobre o motivo que levou o guarda civil municipal Henrique Marival de Souza a matar o secretário-adjunto de Segurança de Osasco, Adilson Custódio Moreira.
A vítima foi morta na segunda-feira (6) com 10 tiros, que atingiram, principalmente, a cabeça, segundo funcionários do Instituto Médico Legal (IML). O ataque ocorreu dentro de uma sala de reuniões na sede da Prefeitura de Osasco.
Uma das hipóteses é que Marival teria uma desavença antiga com Moreira em razão do cargo que o secretário-adjunto conquistou. Antes de trabalhar na Secretaria de Segurança e Controle Urbano, ambos exerciam a mesma função na GCM.
A outra possibilidade investigada é a de que o guarda civil teria sofrido um surto psicótico ao descobrir a mudança na escala de trabalho. Na reunião, ele foi comunicado por Moreira que deixaria o serviço administrativo para voltar a trabalhar nas ruas, fazendo patrulhamento em uma escala de horário diferente.
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Na terça (7), 11 guardas civis prestaram depoimento na Delegacia Seccional de Osasco. Os agentes contaram que o Marival e Moreira eram “boas pessoas” e que o GCM demonstrou nervosismo por ter sido retirado do cargo de segurança da primeira-dama.
Segundo a polícia, nos próximos dias, o secretário da Segurança Municipal e a esposa de Marival também vão prestar depoimento. O objetivo é entender se havia algum contexto anterior para a motivação dos disparos e descobrir o estado da saúde mental do GCM.
Circunstâncias do crime
As investigações da Polícia Civil apontam que Marival fez os disparos ao ser informado que seu trabalho sofreria mudanças nesta nova gestão.
Quando há troca de governo, os funcionários comissionados, que podem ser concursados ou nomeados em comissão, são exonerados, e as nomeações para os novos cargos ocorrem quando o gestor assume oficialmente. Até saírem as nomeações, ninguém sabe exatamente onde irá trabalhar.
O secretário-adjunto de Segurança e Controle Urbano de Osasco havia marcado uma reunião com os guardas da cidade para discutir a estrutura da corporação no novo governo;
A reunião ocorria na Sala Oval, o principal espaço para encontros da prefeitura, ao lado da Secretaria de Governo e do gabinete do prefeito Gerson Pessoa (Podemos), que não estava no prédio;
Ao final da reunião, quando já estavam só os dois, houve uma discussão entre Marival e Moreira sobre a alteração de escala de trabalho;
O GCM, então, sacou a arma e fez disparos contra o secretário-adjunto, trancando a porta em seguida.
Mapa de calor
O guarda ficou trancado por cerca de duas horas na Sala Oval. O Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Militar (Gate) utilizou um equipamento capaz de reproduzir o mapa de calor em ambientes para identificar que o secretário-adjunto já estava morto enquanto os agentes negociavam a rendição do guarda municipal.
Os policiais do Gate pediram ao guarda uma prova de vida do secretário, mas não tiveram resposta. Na imagem, é possível perceber apenas uma mancha amarelada se movimentando no local — que representa o GCM (vídeo abaixo).
PM usou mapa de calor durante negociação com guarda-civil em Osasco
As autoridades puderam verificar, então, que o secretário já estava morto quando a polícia fazia a negociação.
O uso da tecnologia foi importante para que os policiais mudassem a conduta durante as tratativas e pressionassem mais o guarda a se entregar com vida.
A TV Globo também teve acesso a um vídeo que mostra o Gate conversando com o GCM. Uma câmera acoplada ao uniforme de um agente registrou ao menos três policiais participando da negociação. Um deles aparece com a arma em punho, apontada em direção à porta da sala onde estavam o guarda e o secretário. Outro policial aparece com um escudo (veja abaixo).
Câmera no uniforme do Gate registrou negociação com GCM em Osasco
O guarda-civil se entregou por volta das 19h30 e foi levado preso à Delegacia Seccional de Osasco.
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