10 de janeiro de 2025

Servente de pedreiro que morreu em queda de elevador em MG era aguardado para festa da neta; ‘tinha medo de altura’, diz filha


Narzino de Souza Neto, de 57 anos, deixa cinco filhos e três netos. Ao g1, duas filhas do servente contaram sobre o pai, que tinha medo de altura, e dizia jamais entrar em um elevador como o que ele morreu. Narzino de Souza Neto dizia ter medo de elevador
Reprodução/Arquivo Pessoal
Narzino de Souza Neto, de 57 anos, foi o servente de pedreiro que morreu após um elevador cair em um prédio em obras no Bairro Jaraguá, em Uberlândia, na manhã de quarta-feira (8). No acidente, um pedreiro também ficou ferido e o quadro dele é estável.
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A vítima, que trabalhava como servente na obra da empresa Portento Construtora LTDA, deixou cinco filhos e três netos. O homem morreu no dia do aniversário da neta mais nova e a família o aguardava para a comemoração.
Segundo a filha do servente, Daliane Aparecida Souza, o pai tinha medo de altura e evitava elevadores.
“Esse acidente foi muito esquisito. Meu pai morria de medo de altura e não entrava em nenhum elevador. Quando íamos nessas obras com ele, dizia que jamais entraria em um elevador como esse. No momento que soubemos da morte estávamos com a festa pronta para comemorar o aniversário da minha filha mais nova. Foi difícil dar a notícia para a nossa madrasta”, disse.
Outra filha da vítima, Daniele Aparecida da Silva disse que soube da morte do pai pela TV. Ela reforçou que Narzino era medroso e que, por conta própria, não entraria em um elevador como o usado na obra.
“Eu entrei em desespero, estava só com meus filhos em casa e comecei a gritar ‘é meu pai, é meu pai’. Imediatamente fui com o meu marido para a obra. Quando cheguei, a primeira coisa que o advogado da empresa me disse foi que meu pai era o errado da história e que eles pagariam o velório. Tudo para mim ainda é muito nebuloso, ninguém nos explicou nada e só sei o que os jornais dizem. Ao advogado eu respondi que não me interessava o dinheiro, não é um real ou um milhão que vai trazer o meu pai de volta, o que eu quero é a verdade”, desabafou.
O g1 entrou em contato com o advogado Robson de Paula, que representa a construtora, o questionou sobre os apontamentos feitos pela família e aguarda retorno.
Queda de elevador mata trabalhador em obra no bairro Jaraguá em Uberlândia
Estado de saúde de trabalhador ferido em queda de elevador de obra é estável
Elevador que caiu e causou morte de trabalhador em obra não poderia transportar pessoas
O acidente
Obra em que ocorreu o acidente fica no Bairro Jaraguá
Tânia Costta/TV Integração
Segundo o Corpo de Bombeiros, testemunhas relataram que um pedreiro e um servente estavam em um elevador da obra, quando o equipamento despencou do quarto pavimento do edifício.
Narzino foi socorrido com parada cardiorrespiratória, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu ainda no local. A morte foi confirmada por volta de 12h30.
O trabalhador ferido foi resgatado consciente, e se queixando de dores na região lombar. Ele teve ferimentos graves e foi levado para atendimento na UAI do Bairro Planalto, onde permanece internado.
Ainda segundo os bombeiros, o elevador em que os trabalhadores estavam não era o ideal para transportar pessoas e sim para a carga de materiais.
Em nota, a Portento Construtora LTDA, responsável pela obra, afirmou que presta toda assistência médica, psicológica e material à vitima sobrevivente e aos familiares de ambos os colaboradores. Leia a nota completa abaixo.
A Polícia Militar (PM) foi acionada e as causas do acidente de trabalho são apuradas. Segundo relatório do Corpo de Bombeiros, a suspeita é de que a queda foi causada por uma falha no cabo de sustentação do elevador.
A Polícia Civil realizou perícia no equipamento e na obra. Representantes do Ministério do Trabalho e do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil acompanharam a ocorrência.
“Foi verificado que o elevador que transportava os funcionários era apenas para ser feito o carregamento de materiais e não de pessoas. E que para essa obra, o tipo de elevador que deveria ser instalado seria o cremalheira – feito assim para transporte tanto de pessoas como de materiais. Ainda em apuração pela equipe do Ministério do Trabalho, a empresa deveria designar um gestor de controle do uso do equipamento, pois o operador do elevador estava no 6º andar, enquanto os funcionários que sofreram o acidente estavam no 4º, e gritaram para esse acionar o elevador para descer ao térreo. Quando entraram e acionaram o equipamento, ele despencou”, afirmou o auditor.
Ainda de acordo com o auditor, será lavrado a interdição da obra e que será dado o prazo de 8 dias para a construtora entregar os documentos técnicos e licença de uso do elevador que foi usado pelos funcionários.
A principal suspeita é de que tenha ocorrido uma falha no cabo de sustentação do elevador.
PM/Divulgação
O que diz a construtora
“A Portento Construtora LTDA, sensibilizada com o acidente sofrido por dois de seus colaboradores, nesta data de 08.01.2025, vem a público informar que está prestando toda a assistência médica, psicológica e material à vítima sobrevivente e aos familiares de ambos colaboradores.
A empresa agradece o atendimento rápido e as providências adotadas pelo Corpo de Bombeiros, bem como às manifestações de apoio recebidas.
Aos colaboradores, familiares, fornecedores, clientes e a toda comunidade de Uberlândia, a empresa informa que está totalmente voltada para o atendimento às vítimas.
A Portento Construtora LTDA reitera, ainda, que está colocando à disposição das entidades de fiscalização e controle todas as informações e documentação necessárias aos órgãos competentes.”
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