15 de janeiro de 2025

Quem é o advogado e ex-candidato a vereador de Ribeirão Preto preso por suspeita de ligação com PCC


Renan Bortoletto e outros advogados promoviam ações judiciais ilegítimas, com intuito de espalhar denúncias falsas de abuso contra agentes públicos, aponta investigação. Operação do MP e Polícia Civil mirou ONG que atua em apoio a presos e egressos do sistema prisional. Ex-candidato a vereador de Ribeirão é preso em operação contra ONG acusada de elo com PCC
O advogado Renan Bortoletto, de Ribeirão Preto (SP), está entre os 12 presos da operação “Scream Fake”, deflagrada na manhã desta terça-feira (14) pelo Ministério Público de São Paulo e Polícia Civil, contra uma ONG que atua em apoio a presos e pessoas egressas do sistema prisional e é acusada de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
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Dentre as pessoas presas na operação, estão três advogados, membros da facção criminosa, e a presidente e o vice-presidente da ONG Pacto Social & Carcerário São Paulo. Também foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão em oito cidades do estado de São Paulo, além de Londrina (PR).
De acordo com as investigações, os advogados são suspeitos de promover ações judiciais ilegítimas, com intuito de espalhar denúncias falsas de abuso contra agentes públicos (veja abaixo detalhes).
O advogado Renan Bortoletto, de Ribeirão Preto
Reprodução/EPTV
Além de advogado criminalista e imobiliário, Bortoletto, que tem 40 anos de idade, ainda foi candidato a vereador em Ribeirão Preto pelo Progressistas, em 2020. Ele obteve 85 votos e não se elegeu.
À época, o candidato já havia sido alvo de uma operação do Ministério Público contra pessoas financiadas pelo PCC nas eleições. As equipes cumpriram um mandado de busca e apreensão na casa dele, mas sem prisão.
Já na operação desta terça-feira, Bortoletto foi preso, e os agentes também fizeram buscas na casa e em um escritório dele. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acompanhou a ação.
O g1 e a EPTV, afiliada da TV Globo, tentam contato com a defesa.
O que diz a investigação
Segundo a investigação do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o PCC usa a ONG e os advogados da facção para promover ações judiciais consideradas ilegítimas, espalhando denúncias falsas de abuso contra agentes públicos. O objetivo é desestabilizar o sistema de justiça criminal e colocar a opinião pública contra o poder estatal.
A ONG tem sede na cidade de São Bernardo do Campo, na Região Metropolitana de São Paulo, sem qualquer identificação ou movimentação de que a entidade esteja em efetivo funcionamento, de acordo com a polícia.
Os integrantes, alvo da operação, são entrevistados no documentário “Grito” de 2024, produzido pela Netflix, que discute o impacto do sistema penitenciário nas famílias dos detentos.
ONG Pacto Social & Carcerário foi alvo de operação da polícia em SP
Reprodução/Redes sociais
A investigação começou há cerca de três anos quando uma visitante tentou entrar na Penitenciária II de Presidente Venceslau — conhecida por recolher os criminosos mais perigosos do estado — com mídias externas escondidas na roupa em 2021.
A partir dos cartões de memória e manuscritos apreendidos nessa época, o Gaeco descobriu detalhes da atividade de três setores da facção criminosa já conhecidas pelo Ministério Público (Saúde, Gravatas, Financeira), além de descobrir um novo setor, o das Reivindicações — responsável pelas ações da ONG. Dentro do PCC, essas áreas são chamadas de sintonias.
Os advogados são os responsáveis pela sintonia das “Gravatas” com a função prestar assistência jurídica aos integrantes e familiares da facção, além de gerenciar outros departamentos da organização criminosa, como o da “Saúde”.
Na avaliação do Ministério Público e da Polícia Civil, a investigação demonstrou que a facção invadiu a sociedade civil organizada e que “vem se apropriando de discursos politizados” para isso.
Plano de saúde do crime organizado
A investigação também revelou que a sintonia da “Saúde” cooptava médicos e dentistas, sem qualquer vínculo com a facção, para prestarem atendimentos particulares e exclusivos a detentos da Penitenciária II de Presidente Venceslau e do Centro de Readaptação Penitenciária. O serviço funcionava como um plano de saúde do crime organizado.
Em depoimento, os profissionais da saúde contaram que os atendimentos prestados são variados, inclusive com intervenções estéticas e cirúrgicas. Os presos não têm conhecimento dos valores cobrados pelos serviços e as tratativas são intermediadas pelos advogados do PCC.
Também foi comprovado que a facção financia os atendimentos de saúde a alguns de seus integrantes, realizando o pagamento dos serviços — com sobrepreço — através dos recursos obtidos pelas atividades criminosas que desenvolve, como o tráfico de drogas.
Policiais da operação contra ONG Pacto Social & Carcerário, acusada de ligação com o PCC
Polícia Civil
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