23 de setembro de 2024

Cenário para corte de juros ‘não mudou substancialmente’, diz presidente do Banco Central

Em entrevista ao ‘Estúdio i’, Roberto Campos Neto falou que analisa o mercado americano para tomar decisões sobre juros no Brasil. Ele também falou sobre a transição no mandato da presidência do Banco Central, cargo que ele ocupa até 31 de dezembro. Cenário para corte de juros não mudou substancialmente, diz presidente do Banco Central
O cenário para um possível corte na taxa de juros “não mudou substancialmente”, disse o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O que mudou, segundo ele, é que, por conta da inflação americana, “em vez de olhar duas reuniões à frente, estamos olhando uma reunião” para tratar de um novo corte na taxa de juros brasileira. “Agimos assim porque as incertezas aumentaram.”
“Vamos, obviamente, olhar no Copom, analisar todas as variáveis, e ver se, de fato, aconteceu alguma coisa que mudou algum fator de risco que era diferente do que a gente estava prevendo. E a gente vai comunicar. Eu diria que hoje o cenário não mudou substancialmente.”
Ao “Estúdio i”, da GloboNews, Campos Neto disse que a economia americana “não tem um efeito mecânico” com o que acontece no Brasil, mas é importante “prestar atenção”, mesmo com a notícia positiva, segundo ele, de que a inflação brasileira desacelerou e ficou em 3,93% em 12 meses.
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que pode decidir em um novo corte da taxa de juros brasileira está prevista para ocorrer entre os dias 7 e 8 de maio. Campos Neto não comentou qual é sua previsão sobre o resultado desta reunião.
“Baseado no que acontece na taxa de juros dos EUA, eu diria que ela mudou. Não posso dizer que isso mecanicamente vai afetar o Brasil porque existem outras variáveis que são importantes. A gente, hoje, teve um dado melhor, temos uma parte externa que está muito mais sólida. Quando olhamos para a nossa balança, ela está muito melhor do que estava no passado. A gente precisa ver como é que isso vai influenciar as variáveis aqui.”
Saída do Banco Central
O mandato de Campos Neto na presidência do Banco Central termina em 31 de dezembro. Para ele, é importante definir um substituto por volta de setembro ou outubro, para que ele possa fazer uma transição tranquila e que o indicado tenha tempo para se preparar para a sabatina no Congresso.
“Como o Congresso fecha às vezes no final de novembro, às vezes no começo de dezembro, e a gente tem um ano eleitoral, então precisa entender como é que vai acontecer isso. Uma situação que não seria boa de acontecer é se, por exemplo, a gente chega no dia 31 de dezembro e não tem nenhum candidato” disse.
“Há uma dificuldade porque eu não posso seguir o mandato depois do dia 31 e você não pode pegar um diretor e colocar ele de presidente interino. Ora, se o Congresso está fechado, não tem como ele fazer a sabatina. E se não tem como ele fazer a sabatina, você vai passar por um período até que o Congresso volte, que não tem presidente do Banco Central. E sem ter presidente do Banco Central, você tem uma dinâmica interna que fica comprometida. Então eu disse que era importante ter um nome ali algum tempo antes do fechamento do Congresso, porque para a pessoa que vai fazer a sabatina precisa de um processo preparatório.”
Ele afirmou que não tem nenhum nome para indicar ao cargo. Para ele, passar um tempo com o novo presidente é de extrema importância pois quem assumir já iria mais preparado para uma reunião do Copom. “Estou querendo fazer uma transição da forma mais suave possível. Eu me comprometo a fazer quem quer que seja o novo presidente.”

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