23 de setembro de 2024

Hábitos financeiros saudáveis são chave para o sucesso no empreendedorismo

Especialista elenca principais erros ao iniciar jornada no mundo dos negócios e como evitá-los para atingir objetivos Um sonho, ou um dinheiro extra no final do mês. O empreendedorismo é a escolha daqueles que possuem como sonho a criação de um novo negócio, a conquista de um mercado ou lançamento de um novo produto ou serviço que possa mirar em um nicho de mercado estabelecido, ou não. Escolher uma dor, um público-alvo, uma persona, uma estratégia, uma marca, um logotipo e uma modalidade de formalização são algumas das etapas necessárias para uma longa jornada que passa a ser mais frequente como opção dos brasileiros.
Mas apenas a mentalidade empreendedora não é o suficiente para que uma empresa atinja seus objetivos de curto, médio e longo prazo. A organização financeira, investimento em habilidades e aprendizado contínuo, além da definição de planejamento estratégico são fortes aliados de empreendedores de sucesso, para que as companhias recém-criadas não se somem às estatísticas de fechamento logo nos primeiros anos de atuação.
Empreendedorismo ganha fôlego no Brasil
Seja por protagonismo, propósito, ou até mesmo falta de opção, somente no ano passado, o Brasil registrou a abertura de 3,8 milhões novas empresas, de acordo com dados do Mapa das Empresas, ferramenta do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
O mercado de trabalho vem se transformando nos últimos anos, com aumento dos registros de ocupação na forma de empreendedorismo, a começar pelos microempreendedores individuais, que depois podem expandir seus negócios. Em 2012, o Brasil tinha um MEI a cada 13,5 trabalhadores com carteira assinada – proporção que vem recuando ano a ano, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad contínua), estudo elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), chegando a um MEI para cada 2,4 trabalhadores formais no ano passado.
Dados de pesquisa divulgada em maio do ano passado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) indicam que a principal motivação para a abertura de um novo negócio é a escassez de empregos, com 82% dos entrevistados relatando esse fator. Estudo da entidade apontou que 75% dos empreendedores querem fazer a diferença no mundo, enquanto 64% visam construir riqueza e 44% seguir com tradição familiar.
Finanças em dia podem impulsionar sucesso dos negócios
Pagamentos de fornecedores, de contas mensais, definição de preço em contratos, orçamento para prestação de serviços, organização contábil para salários de colaboradores são apenas alguns dos itens com que empreendedores precisam lidar com frequência. Estar desorganizado pode não somente levar à quebra de contratos e multas, mas afastar clientes devido a atrasos e levar a problemas trabalhistas com funcionários.
Tendo isso em vista, a relação do empreendedor com as finanças pode ser um determinante para o sucesso do negócio, segundo Daiane Alves Gubert, CEO da Phidias Investimentos, escritório vinculado à XP.
“E em todas as razões de empreender, teremos como pano de fundo o dinheiro. O dinheiro na pessoa física é o desafio de conciliar a realização de sonhos, desejos e necessidades, sendo esses podem ser ilimitados. Do outro lado, temos o dinheiro e seus desafios de conquistá-lo. O dinheiro é finito. A vida então nos cobra sensatez, temperança, e o mais difícil, escolhas. Costumo dizer que toda escolha é uma renúncia”, reforça a especialista.
Fazer escolhas diante de recursos escassos, conforme prioridades pré-estabelecidas, é atividade essencial para empreendedores. Para gerenciar os recursos e optar pelas melhores opções, é preciso buscar conhecimento técnico e efetuar um planejamento estratégico, completa a especialista, que orienta que a educação financeira auxilia na melhoria na relação com o dinheiro.
Educação financeira como aliada do empreendedorismo
Empreendedores, por definição, são aqueles que assumem riscos e começam algo novo. O conceito de empreender está ligado à criação de novos produtos e serviços ou aprimoramento contínuo daqueles existentes por meio da inovação. No entanto, somente criatividade e visão não bastam. O descontrole financeiro é um dos principais motivos do fechamento das empresas. A gestão de um negócio requer organização, foco, disciplina, capacidade criativa e analítica, o que pode ser conquistado por meio de qualificação e educação financeira.
“A educação financeira traz consigo não só os números, mas a reflexão sobre os hábitos e como podemos repensá-los. Ao adquirir hábitos saudáveis, podemos melhorar o uso dos recursos financeiros e deixar no passado hábitos ruins que nos empobrecem”, acredita a CEO da Phidias .
Por outro lado, empreendedores que possuem educação financeira trazem para o negócio hábitos saudáveis no uso dos recursos, o que faz diferença no futuro. Por isso, a especialista orienta sobre alguns hábitos financeiros ruins que podem comprometer a saúde financeira da empresa, entre eles a mistura do caixa da empresa com o pessoal. Não ter uma reserva financeira para situações inesperadas no mercado ou efetuar retiradas superiores ao que seria necessário são alguns dos fatores que podem impactar seriamente o andamento dos negócios, no entendimento da especialista. Assim, separar as contas pessoais, de pessoa física, e as contas da empresa, de pessoa jurídica, é apenas o primeiro passo, indica Gubert.
“Não importa se o seu negócio é feito só de você sem funcionários, você é uma pessoa, pessoa física. A empresa/negócio é uma pessoa jurídica, independente do tamanho da empresa, separe as contas. As contas precisam ser segregadas. Você pode não ter um salário fixo na empresa, mas precisa ter as contas segregadas. Peça ajuda ao seu contador, se for preciso. Tenha contas bancárias separadas”, alerta.
A especialista aponta ainda a importância do fluxo de caixa para a organização financeira da empresa para o cumprimento de suas obrigações. Segundo ela, é bastante comum a oferta de facilidades de pagamento aos clientes, seja pelo cheque pré-datado, cartão de crédito ou crediário. Com o fluxo de caixa, o empreendedor controla os valores que devem entrar e sair conforme a modalidade do pagamento.
Orçamento é necessário para pessoa física e jurídica
A organização financeira por meio de uma planilha ou programas com detalhamento de entradas e saídas é uma aliada na vida pessoal e profissional. Anotar, controlar e gerenciar são ações compatíveis com uma visão clara dos gastos de uma empresa, para que as contas estejam no verde e sem endividamento excessivo.
Outro erro cometido por empreendedores é determinar o valor da retirada da conta pessoa jurídica conforme as despesas pessoais. A especialista orienta que o negócio precisa performar e gerar resultados positivos primeiro – o que requer uma certa austeridade nas contas e compromisso com a realidade financeira.
“Não se gasta mais do que se ganha. Isso deve ser lei na vida do empreendedor. É preciso racionalizar as compras. Se for pagar juros para adquirir um bem ou serviço que pode aguardar até que se tenha o valor para comprá-lo à vista com desconto, é melhor pensar bem. Os juros podem trabalhar a nosso favor, se investirmos o dinheiro, mas também contra nós, se os pagamos sem que seja uma real necessidade”, orienta a especialista.
Gubert destaca que, para dimensionar os sonhos, assim como o tempo e estratégias para alcançá-los, requer conversar sobre dinheiro, ainda que seja um tabu, definir objetivos claros e cuidar dos hábitos financeiros para que as metas possam ser alcançadas.
Dinheiro é sobre comportamento e a educação financeira deve ser conversa frequente tanto na pessoa física quanto na jurídica, conclui. Uma boa relação com dinheiro requer que os integrantes da empresa saibam gerenciar os recursos de forma otimizada, seja um pequeno, médio ou grande negócio.
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