Laudo pericial saiu cinco meses após Lucélia Maria, vizinha das vítimas, ter sido presa como suspeita de ter cometido o crime. O resultado afastou a suspeita e levou à libertação da mulher na última segunda (13). Ulisses Gabriel e João Miguel, mais novos na foto, foram envenenados em agosto do ano passado
Arquivo pessoal
O Departamento de Polícia Científica do Piauí (DEPOC-PI) informou, em nota, nesta quarta-feira (15), que a demora na chegada de reagentes atrasou o exame toxicológico nos cajus que teriam sido envenenados e dados aos irmãos Ulisses e João Miguel Silva, mortos em agosto e novembro de 2024.
O laudo pericial que atestou a ausência do veneno terbufós, mais conhecido como chumbinho, saiu cinco meses após Lucélia Maria, vizinha das vítimas, ter sido presa como suspeita de ter cometido o crime. O resultado levou à liberdade provisória da mulher na última segunda (13).
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“O reagente que possibilitou fazer os últimos exames só chegou no final de dezembro, motivo pelo qual ficou pronto no começo de janeiro”, informou o órgão no comunicado (leia a íntegra ao fim da reportagem).
O DEPOC afirmou ainda que o laboratório de toxicologia forense só passou a funcionar em setembro e que, a partir disso, houve viagem dos peritos para treinamentos em vários estados, além de treinamentos em Teresina por técnicos de empresas.
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Em meio a isso, os reagentes que possibilitaram fazer as perícias nos estômagos das vítimas chegaram e, por isso, elas foram feitas ainda em 2024. O resultado atestou comprovou a presença de terbufós, veneno também encontrado na casa de Lucélia Maria, que levou à prisão da mulher.
Com a libertação, o advogado de Lucélia, Sammai Cavalcante, afirma que vai trabalhar para que ela seja inocentada, visto que ela já foi indiciada pelo duplo homicídio e, inclusive, está com a audiência de instrução e julgamento do caso marcada para o dia 23 de janeiro.
Novo suspeito
O resultado da perícia saiu um dia depois que Francisco de Assis Pereira da Costa, padrasto da mãe das crianças, foi preso como principal suspeito de envenenar um baião de dois comido por quase toda a família em um almoço no primeiro dia deste ano, que resultou na morte de quatro pessoas.
Agora, a investigação do caso dos irmãos mortos em agosto e novembro de 2024 foi reaberta e as suspeitas do crime também recaem sobre Francisco.
‘Sou inocente, sempre fui inocente’
Acusada de envenenar meninos deixa penitenciária em Teresina
Ao sair da penitenciária onde estava presa, na última segunda (13), a mulher afirmou “Sou inocente, sempre fui inocente” (assista acima). Na terça (14), ela falou, em entrevista à TV Clube, sobre a vida na prisão, onde chegou a ser ameaçada por outras detentas.
Lucélia foi presa em flagrante no dia em que os meninos foram hospitalizados, em 23 de agosto de 2024. Os vizinhos tentaram linchá-la, mas ela foi salva pela Polícia Militar. A casa dela foi depredada e incendiada.
NOTA DEPOC
Ao longo de muitos anos, sempre foi difícil se conseguir fazer os exames toxicológicos forenses necessários para os crimes ocorridos no Piauí; mesmo com toda boa vontade, os demais estados não têm como receber em curto espaço de tempo uma quantidade de 15 exames como no presente caso ocorrido em Parnaíba; e quando se recebe é dois ou três casos após uma espera de vários meses; ora, devido à quantidade que se tinha pra fazer no presente caso, seria mais lógico se aguardar a chegada dos reagentes já comprados e fazer em Teresina, o que de fato foi feito.
O laboratório iniciou seu funcionamento em setembro e desde então, houve viagem dos peritos para treinamentos em vários Estados da federação, sendo o último o Espírito Santo; também houve treinamentos em Teresina por técnicos das empresas; além disso, se aguardou a chegada de vários reagentes comprados que chegaram em épocas diferentes sendo que os que possibilitaram fazer as perícias no estômago chegaram primeiro, motivo pelo qual foram feitas naquele momento; o reagente que possibilitou fazer os últimos exames só chegou no final de dezembro, motivo pelo qual ficou pronto no começo de janeiro; pari passu, também tivemos desenvolvimento e implementação de métodos de análises toxicológicas.
É um laboratório novo, recém-inaugurado, e cujos peritos estão fazendo todo o esforço pra dar conta das demandas: quase todos os dias estão saindo mais de meia noite do mesmo.
A Polícia Científica piauiense tem feito o que é possível para colaborar na resolução desse caso dos envenenamentos, conforme rezam os métodos científicos forenses.
LABORATÓRIO DE TOXICOLOGIA FORENSE DO IML
DEPARTAMENTO DE POLÍCIA CIENTÍFICA
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