Investigação da PF reuniu indícios que comprovam cobrança de propina pelo investigador Marcelo Marques de Souza, preso durante operação em dezembro de 2024. Além dele, foram presas outras seis pessoas, entre elas delegado e outros policiais civis. PF prende delegado e mais 3 policiais civis de São Paulo suspeitos de atuar para o PCC
A Polícia Federal em São Paulo reuniu indícios de que o investigador da Polícia Civil Marcelo Marques de Souza, preso no mês passado por suspeita de envolvimento com integrantes do PCC, cobrava propina para não apreender mercadorias vendidas irregularmente.
Conforme a PF, durante buscas no apartamento de Marcelo em 17 de dezembro do ano passado, durante uma operação conjunta, policiais encontraram debaixo da cama uma mala lacrada com R$ 600 mil em dinheiro.
Questionado, Marcelo não apresentou justificativa plausível para guardar, de forma oculta, essa quantia em dinheiro, informou a PF.
Os investigadores afirmam ainda que o policial civil tentou explicar a origem do dinheiro afirmando se tratar de dinheiro de outros pessoas e que ele só estaria guardando.
Contudo, ainda durante as buscas no apartamento, a PF localizou uma planilha impressa com nomes, apelidos, endereços e valores. Os investigadores verificaram que as anotações se referiam a estabelecimentos e empresários que pagavam propina para o policial.
Dinheiro e armas apreendidos durante operação da PF e do MP-SP contra policiais corruptos ligados ao PCC
Reprodução/TV Globo
A PF, então, esteve em alguns endereços citados na planilha e confirmou se tratar, de fato, de um esquema de cobrança de propina. A maior parte dos endereços abriga casas de prostituição, jogos de azar e desmanches, apontou a investigação.
Além de Marcelo, a operação contra suspeitos de atuarem para o Primeiro Comando da Capital (PCC) prendeu outras seis pessoas, incluindo um delegado e outros dois policiais civis.
A ação foi realizada pela Polícia Federal e promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo, com apoio da Corregedoria da Polícia Civil.
A operação foi deflagrada após o cruzamento de diversas investigações sobre o PCC, inclusive o assassinato do delator Vinícius Gritzbach, ocorrido em 8 de novembro, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos (veja mais abaixo).
Segundo as investigações, o esquema criminoso envolveria manipulação e vazamento de investigações policiais, venda de proteção a criminosos e corrupção para beneficiar um esquema de lavagem de dinheiro do PCC.
A Justiça decretou a prisão temporária dos investigados, buscas e apreensões em endereços relacionados a eles, e outras medidas cautelares, como bloqueio de contas bancárias e o sequestro de bens.
Execução de Gritzbach
Caso Gritzbach: novas imagens mostram momento da execução do empresário
Câmeras de segurança gravaram o crime cometido por dois homens encapuzados e com fuzis que fugiram em seguida (veja vídeo acima). Um motorista por aplicativo foi atingido por um dos disparos e também morreu.
Dois suspeitos de participarem da execução dele foram presos dias depois pela força-tarefa criada pelo governo paulista para investigar o caso. Matheus Augusto de Castro Mota e Matheus Soares Brito teriam ligação com o Primeiro Comando da Capital.
O terceiro suspeito procurado como foragido pelo homicídio do empresário é Kauê do Amaral Coelho. Segundo a força-tarefa, mais pessoas podem estar envolvidas no crime.
Além de investigarem o possível envolvimento do PCC no assassinato de Gritzbach, as autoridades apuram a hipótese de que policiais possam ter participado da execução dele. Um áudio gravado pelo empresário mostra uma conversa entre um membro da facção oferecendo R$ 3 milhões a policiais para matá-lo.
A TV Globo tenta localizar as defesas dos investigados para comentarem o assunto.