16 de janeiro de 2025

Construção de acessos para transporte de passageiros e veículos é iniciada quase um mês após queda de ponte entre TO e MA


Travessia de passageiros e veículos será feita de forma gratuita por meio de balsas no rio Tocantins. Nesta sexta-feira (17), a Marinha do Brasil vai reavaliar a retomada de buscas por mergulho. Três pessoas estão desaparecidas. Acessos para a travessia das balsas começaram a ser construídos em Estreito
Quase um mês após a queda da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga o Maranhão ao Tocantins, os acessos para a travessia das balsas que farão o transporte entre os dois estados começaram a ser construídos. A obra está sendo executada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
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O acesso é uma das exigências da Marinha do Brasil para que o serviço de travessia por balsas no rio Tocantins, ligando as cidades de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), seja realizado com segurança.
Na sexta-feira (10), foi publicado no Diário Oficial da União a contratação da empresa que será responsável por fazer a travessia de forma gratuita. O valor do contrato com o DNIT foi de R$ 6,4 milhões. A empresa contratada foi a PIPES Empreendimentos LTDA, que já opera em algumas regiões do Tocantins.
Retomadas das buscas
Até o momento, 14 das 17 vítimas do desabamento tiveram seus corpos resgatados pela Marinha do Brasil e três pessoas seguem desaparecidas. Nesta sexta-feira (17), será feita uma reavaliação se as buscas pelos desaparecidos, com o auxílio de mergulhadores, serão retomadas.
Os desaparecidos são Salmon Alves Santos, de 65 anos e Felipe Giuvannuci Ribeiro, 10 anos que são, respectivamente, avô e neto. Além deles, o maranhense Gessimar Ferreira da Costa, de 38 anos também está entre os desaparecidos.
Vítimas do desabamento da ponte entre MA e TO que continuam desaparecidas
Divulgação
As buscas com mergulhadores foram interrompidas no dia 10 de janeiro, devido a necessidade de abertura das comportas e vazão da água feita pela Usina Hidrelétrica Estreito. As comportas vinham acumulando um alto volume de água por conta da chuva que tem sido registrada na região.
“Nosso último dia de mergulho aconteceu dia 10 de janeiro. A partir de então, nós tivemos que interromper as buscas com mergulhadores e drones subaquáticos devido a situação pluviométrica na região que impediu da vazão ser contida pela usina de Estreito. Então desde o dia 11 a gente tem realizado as buscas de superfície e utilizando drones aéreos. Contudo, a Marinha permanece aqui na região com a capacidade de realizar mergulho dos diversos tipos, mergulho dependente, mergulho autônomo. A gente está em contato com a Usina para verificar a previsão já para a próxima semana do dia 18 a 25. Estamos analisando a situação periodicamente”, disse o capitão Ondiara Barbosa, coordenador geral da operação de busca e resgate, da Marinha do Brasil.
A Marinha segue no local do acidente realizando vistorias por meio de embarcações e drones.
A ponte, na BR-226 que liga as cidades de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), desabou na tarde do dia 22 de dezembro de 2024. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), do governo federal, o desabamento aconteceu porque o vão central da ponte cedeu. A causa do colapso ainda vai ser investigada, de acordo com o órgão.
Máquinas trabalham para construir acessos para a travessia de balsas entre o Maranhão e o Tocantins
Reprodução/TV Mirante
Retirada de agrotóxicos
Na terça-feira (7), foram retiradas 10 bombonas de agrotóxicos que caíram no rio Tocantins, após o desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira. A quantidade corresponde a 20 litros de defensivo agrícola. No total, no caminhão que transportava a carga, havia 20 mil litros do produto.
A retirada das 10 bombonas foi realizada por mergulhadores contratados pela empresa Sumitomo, responsável pela carga. O trabalho foi acompanhado pela equipe de Emergência Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O tempo de retirada da carga depende, principalmente, da situação climática. De acordo com o Ibama, a operação para retirar os agrotóxicos do rio teve início na manhã dessa terça, quando os mergulhadores fizeram um mergulho de reconhecimento de área. No período da tarde, eles conseguiram retirar as 10 bombonas de agrotóxicos.
Empresa retira 20 litros dos 20 mil de agrotóxicos que caíram no rio Tocantins após queda de ponte
Divulgação/Ibama
Segundo o Ibama, as bombonas continham três tipos de agrotóxicos caíram no rio. São eles:
Carnadine (agrotóxico – ingrediente ativo: acetamiprido): usado no controle de diversos tipos pragas nas plantações;
PIQUE 240SL (agrotóxico – ingrediente ativo: picloram): recomendado para o controle de plantas infestantes;
Tractor (agrotóxico – ingrediente ativo: picloram + 2,4-D trietanolamina): usado no controle de plantas daninhas em áreas de pastagens.
Na segunda-feira (6), o Ibama informou que os tanques com ácido sulfúrico no leito do rio Tocantins apresentaram um pequeno vazamento. Não há a confirmação exata do quanto vazou, porém o volume derramado ainda não gera grandes preocupações.
De acordo com o Ibama, 63 mil litros de ácido sulfúrico que caíram no rio. Deste volume, teriam vazado cerca de 23 mil litros. O ácido é substância não inflamável, mas tem alto poder corrosivo, além de ser oxidante.
CORREÇÃO: O g1 errou ao informar, com base em dados divulgados pela Agência Nacional de Águas (ANA), que 76 toneladas de ácido sulfúrico caíram no rio Tocantins, durante o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga o Maranhão ao Tocantins. O Ibama informou que não se tratava de toneladas, mas 63 mil litros de ácido sulfúrico que caíram no rio. A informação foi corrigida às 21h10, de 08 de janeiro de 2025.
Correnteza atrapalha as operações
A correnteza do rio Tocantins também gera dificuldade para o resgate dos corpos das vítimas que ainda não foram encontradas. Tanques com defensivos agrícolas, que também caíram no rio, também devem ter sido arrastados, segundo os mergulhadores.
A suspeita é que abertura das comporta da hidrelétrica de Estreito deve ter contribuído para arrastar os corpos e materiais para mais longe do local da queda da ponte. A abertura das comportas foi necessária porque chove na região e a água represada tinha chegado no limite.
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Vítimas localizadas e resgatadas
Vítimas da queda da ponte que ligava o Maranhã ao Tocantins
Arquivo pessoal
Lorena Ribeiro Rodrigues, de 25 anos, era natural de Estreito (MA) mas morava em Aguiarnópolis (TO). O corpo dela foi localizado no domingo (22);
Lorranny Sidrone de Jesus, de 11 anos. O corpo dela foi localizado na terça-feira (24). Ela estava em um caminhão que transportava portas de MDF, que saiu de Dom Eliseu (PA) e que caiu no rio Tocantins;
Kécio Francisco Santos Lopes, de 42 anos. O corpo dele foi localizado na terça-feira (24). Segundo a Secretaria de Segurança Pública, ele era o motorista do caminhão de defensivos agrícolas;
Andreia Maria de Souza, de 45 anos. O corpo foi encontrado na terça-feira (24). Ela era motorista de um dos caminhões que carregavam ácido sulfúrico;
Anisio Padilha Soares, de 43 anos. O corpo dele foi localizado na quarta-feira (25);
Silvana dos Santos Rocha Soares, de 53 anos. O corpo dela foi localizado na quarta-feira (25);
Elisangela Santos das Chagas, de 50 anos. O corpo dela foi encontrado por mergulhadores na manhã da quinta-feira (26). Ela estava em uma caminhonete, junto com o marido, o vereador Alison Gomes Carneiro (PSD);
Rosimarina da Silva Carvalho, de 48 anos. O corpo dela foi localizado também na quinta (26);
Alison Gomes Carneiro, de 57 anos. O vereador do PSD teve o corpo localizado na manhã de domingo (29). Ele estava na caminhonete com a esposa, Elisangela Santos, que também morreu na tragédia.
Cássia de Sousa Tavares, de 34 anos. O corpo dela foi retirado do rio na terça-feira (31) e estava dentro de um veículo. Ela viajava com a filha, Cecília de três anos e o marido, Jairo Silva Rodrigues. Apenas ele sobreviveu a tragédia.
Cecília Tavares Rodrigues, de 3 anos. O corpo dela foi retirado do rio na terça-feira (31). A menina viajava com a mãe, Cássia e com o pai, Jairo Silva Rodrigues.
Beroaldo dos Santos, de 56 anos. Ele foi retirado da água no fim da manhã de quarta-feira (1º), segundo a Marinha. O corpo dele havia sido localizado no domingo (29), dentro da água, na cabine da carreta que transportava as 76 toneladas de ácido sulfúrico.
Na manhã de sexta-feira (3), um corpo foi encontrado no rio Tocantins. Era o mototaxista Marçonglei Ferreira, de 43 anos, que trabalhava na região.
Alessandra do Socorro Ribeiro, de 40 anos, natural de Palmas, no Tocantins. A identificação foi realizada em São Luís por meio de exame de DNA, realizado pelo Instituto de Análise Forense (IGF).
O desabamento
Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do governo federal, o desabamento ocorreu porque o vão central da ponte cedeu. A causa do colapso ainda será investigada, de acordo com o órgão.
Vereador mostrava situação da ponte e flagrou momento da queda
O momento em que estrutura cedeu foi registrado pelo vereador Elias Junior (Republicanos). Em entrevista ao g1, ele contou que estava no local para gravar imagens sobre as condições precárias da ponte.
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Uma força-tarefa foi criada identificar os corpos das vítimas encontrados pelas equipes de buscas. Conforme a Secretaria de Segurança Pública, os trabalhos são realizados por um perito oficial médico, peritos criminais, agentes de necrotomia e papiloscopista.
Um consórcio foi contratado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para reconstruir a ponte da BR-226, entre Tocantins e Maranhão. A dispensa de licitação de quase R$ 172 milhões prevê que a obra seja finalizada até o dia 22 de dezembro de 2025.
A ponte foi completamente interditada, e os motoristas devem usar rotas alternativas.
Situação de emergência
A Prefeitura de Estreito decretou situação de emergência no município. Um decreto, assinado pelo prefeito Léo Cunha (PL), cita a necessidade de apoio técnico e financeiro dos governos federal e estadual, já que o município estaria com falta de recursos para atender várias demandas urgentes decorrentes da queda da ponte.
Além da localização e resgate dos corpos dos desaparecidos, o prefeito cita prejuízos às atividades agrícolas e pesqueiras, além do risco de contaminação do rio Tocantins devido aos tanques de ácido sulfúrico e de pesticidas que caíram na água, com a queda da ponte.
No dia 31 de dezembro, o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional reconheceu a situação de emergência na cidade de Estreito. Com essa medida, a cidade pode solicitar recursos federais para ações de Defesa Civil, dentre outras.
Ponte entre Maranhão e Tocantins desaba sobre rio
Arte/g1

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