17 de janeiro de 2025

Morte de jovem que teve complicações pós-parto no interior do AC é investigada pelo MP e Polícia Civil


Delegada Jade Dene, titular da delegacia de Manoel Urbano, afirmou que solicitou gravações de câmeras da Unidade Mista onde Estherfanny Sara de Souza Adrião, de 25 anos, foi atendida. Ela chegou ao local com dor de cabeça intensa e crises convulsivas e foi transferida para Rio Branco, onde teve morte encefálica constatada pela equipe médica. Jovem tem complicações pós-parto, busca ajuda e morre no AC; Polícia Civil investiga
Arquivo pessoal
A morte de Estherfanny Sara de Souza Adrião, de 25 anos, ocorrida na última sexta-feira (10) por conta de complicações pós-parto, está sendo investigada pela Polícia Civil do Acre (PCAC) e pelo Ministério Público do Acre (MP-AC).
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De acordo com a delegada titular de Manoel Urbano, Jane Dene, a investigação iniciou na segunda-feira (13) e busca apurar se houve negligência médica, denúncia esta feita pelos familiares. Ela também conduziu interrogatórios na quarta-feira (15) e cinco pessoas envolvidas no caso foram ouvidas. Até a próxima semana, a investigação deve ser finalizada e enviada ao Judiciário.
A delegada afirmou que na próxima sexta-feira (17) ouvirá os dois médicos responsáveis pelo atendimento de Estherfanny. Jane ainda ressaltou que já recebeu todas as horas de gravações, desde o momento em que a jovem deu entrada até o momento em que saiu da Unidade Mista, sendo levada pelo Samu.
“A Polícia Civil está conduzindo uma investigação completa e diligente para esclarecer as circunstâncias da morte de Estherfanny Sara e determinar se houve falha no atendimento médico que possa ter contribuído para o trágico desfecho. A coleta de depoimentos e a análise das gravações do hospital são etapas cruciais para o avanço da investigação”, enfatizou a delegada.
Já o MP-AC instaurou um procedimento para apurar possível omissão dos profissionais de saúde no atendimento. O órgão requisitou prontuários médicos e realizou inspeções tanto na unidade quanto na ambulância utilizada para o transporte da paciente.
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Asscom/PCAC
Morte
Estherfanny Sara de Souza Adrião, de 25 anos, morreu na última sexta-feira (10), dez dias após dar à luz em Manoel Urbano, no interior do Acre. Ela sofreu complicações pós-parto e apresentou o quadro de dor de cabeça intensa e crises convulsivas, diagnosticado posteriormente como eclâmpsia. Familiares acusam a Unidade Mista da cidade de negligência médica.
A professora Esther Samylle Souza da Silva, 27 anos, irmã de Estherfanny, explicou que várias negligências ocorreram na morte da irmã. A família afirma que ela, inclusive, foi avaliada por um aluno de medicina sem a supervisão do médico plantonista. Segundo a Lei nº 6.932, de 1981, o residente médico só pode fazer a prática da profissão sob supervisão.
“O médico plantonista da unidade só foi atender após ela convulsionar. Além disso, apesar da gravidade do caso, o médico que a avaliou às 2h [do dia 10] não pediu a transferência. A transferência só foi feita por volta das 6h quando outro médico assumiu o plantão e solicitou imediatamente após ver o quadro dela. Foi um atraso de quatro horas e nesse período ela estava convulsionando”, declarou.
A irmã conta que durante o tempo de espera, a família foi informada que o quadro da paciente era “estável”, o que não correspondia à realidade clínica, já que a jovem não tinha resposta verbal e ocular, e não apresentava estímulos motores. Esther ainda aponta que a transferência de Estherfanny foi feita de forma irregular e que ela não foi intubada na Unidade em Manoel Urbano.
“A transferência foi feita através do Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência], mas foi usada uma ambulância inadequada, uma ambulância branca. Próximo a Rio Branco, ela não estava mais recebendo oxigênio adequadamente na ambulância. Vimos que faltou oxigênio, o que contribuiu para a piora do quadro dela que evoluiu para duas paradas cardiorrespiratórias”, descreve Esther.
Esther ainda fala que após a reanimação feita na capital, foram informados pela médica que não havia mais o que pudesse ser feito, que o quadro dela era irreversível e que ela já estava em morte encefálica, atestado no dia 10 de janeiro.
A família defende que quer uma investigação rigorosa sobre o ocorrido e pedem a apuração da conduta do médico, da equipe envolvida no atendimento inicial e na transferência. Além disso, buscam a revisão dos protocolos de atendimento na Unidade Mista de Manoel Urbano, para que sigam as normas legais e clínicas.
“A gente já entrou no Ministério Público, fizemos a denúncia, pedindo que todos sejam notificados: o CRM [Conselho Regional de Medicina], o estado, o Samu, para que todos sejam notificados e nos dê explicações. Até agora a gente está esperando alguma resposta desses órgãos. Nenhum deles se manifestou para a família”, falou.
O maior sonho de Estherfanny era ser mãe e ela teve sua bebê no dia do réveillon
Arquivo pessoal
Sonho de ser mãe
Estherfanny era casada há oito anos e era prestadora de serviços no Posto de ldentificacão de Manoel Urbano. Inicialmente, o g1 entrou em contato com o marido, porém ele estava completamente abalado, já que o sonho do casal era se tornarem pais.
“Ela planejou tudo na gravidez. Eu até brincava: ‘eu nunca vi uma pessoa tão empolgada para ser mãe’. Aí ela foi para a maternidade, ganhou a bebê e veio para casa, estava tudo bem”, conta a irmã.
A jovem saiu da cidade do interior e deu à luz na Maternidade Bárbara Heliodora, sem nenhuma intercorrência, no dia 31 de dezembro de 2024. Após quatro dias, recebeu alta e voltou para Manoel Urbano.
“Mas aí [ela] começou a sentir essa dor de cabeça. Quando ela foi para o hospital e chegou lá, a pressão dela já estava alta. Eles não fizeram os procedimentos corretos, porque os médicos da capital falaram que se eles tivessem feito os procedimentos rápidos e certos, teria evitado o caso dela ser irreversível. Poderia ser caso de cirurgia ou de drenar o sangue”, lamentou Esther.
Após a morte na capital, o corpo de Estherfanny foi levado para a cidade do interior, sob forte comoção dos moradores da cidade. (Veja vídeo abaixo)
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O que diz a Sesacre
Em nota enviada ao g1, a Sesacre disse que a paciente foi atendida pela equipe de assistência, e falou ainda que os protocolos foram realizados acerca do quadro de saúde da jovem. Além disto, enfatizou que foi aberta uma sindicância para apurar o caso.
“A equipe realizou a estabilização para realizar a regulação, seguindo os protocolos médicos para garantir a segurança da paciente durante sua transferência para o Pronto Socorro da capital onde foi acompanhada por equipe médica especializada”, falou.
VÍDEOS: g1

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