Segundo a decisão, Anderson Oliveira Santos fez ultrapassagem em local proibido, que resultou na batida com van. A defesa dele diz que estuda a possibilidade de recorrer da sentença. Anderson – motorista do caminhão que bateu em uma van na TO-280
Ana Paula Rehbain/TV Anhanguera
O motorista Anderson Oliveira Santos foi condenado pela Justiça a quatro anos de prisão pelo acidente na TO-280 que deixou duas pessoas feridas e 12 mortas (veja nomes abaixo). Ele dirigia o caminhão que bateu na van da Secretaria de Saúde de Almas. As vítimas voltavam de um atendimento médico. Segundo o TJ, o réu irá cumprir a pena em regime aberto e decisão ainda cabe recurso.
O advogado Felicio Cordeiro, que faz a defesa do motorista, informou que está satisfeito com a sentença e que analisa se irá recorrer ou não.
“A gente buscava a absolvição dele, mas foi uma pena razoável, uma pena dentro do esperado do que a gente pretendia. A defesa está em tese satisfeita com a decisão e agora a gente vai ver se vai recorrer ou não após o recesso [do TJ], que eu vou tomar essa decisão se eu vou fazer recurso ou não. É uma sentença que a gente entende que foi um tanto quanto justa até o momento, né? Vamos ver o posicionamento do Ministério Público para gente ver o posicionamento da defesa, né?”, disse.
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Segundo a decisão, a perícia concluiu que a causa do acidente foi devido o motorista do caminhão trafegar na pista no sentido contrário, fazendo manobra de ultrapassagem em local proibido, que resultou na batida com van que transitava regularmente. Conforme o documento, o caminhão “trafegava com velocidade superior à máxima regulamentar permitida para o local”.
A sentença foi assinada pelo juiz William Trigilio da Silva, da 1ª Escrivania Criminal de Natividade, nesta quarta-feira (15). Ele afirma que o caminhoneiro “agiu de modo imprudente” e que deveria ter esperado o momento certo para fazer a ultrapassagem.
“Não há dúvidas de que Anderson agiu de modo imprudente, haja vista que não observou o momento adequado para a realização da ultrapassagem que desejava, além de conduzir o caminhão no meio da pista, segundo relatado pelo próprio Anderson. Sua conduta, feita em momento inoportuno, foi apta a causar o acidente e, por conseguinte, deve ser responsabilizado pelos eventos provocados”, escreveu.
Anderson foi condenado pelos crimes de homicídio culposo e lesão corporal culposa, ou seja, quando não há intenção de matar e ferir. Além da prisão, o motorista ficará três meses com a carteira de habilitação suspensa para dirigir veículo automotor.
Relembre o caso
O acidente aconteceu na noite do dia 25 de janeiro de 2023, na rodovia TO-280, entre as cidades de Natividade e Almas. Por causa do impacto, 12 pessoas morreram e duas ficaram feridas. No dia seguinte, o motorista foi preso em flagrante por homicídio culposo.
Anderson foi encontrado pelos policiais na casa do advogado depois de ter deixado o hospital onde recebeu atendimento. Ele prestou depoimento na delegacia de Natividade. Na época, a defesa disse que a batida foi ‘um acidente de trabalho’.
Imagens do local do acidente mostram que a parte dianteira da van e do caminhão ficaram completamente destruídas. Partes dos veículos também ficaram espalhadas pela pista.
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Igor Pires/TV Anhanguera
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Quem são as vítimas?
Vítimas da colisão entre van e caminhão na TO-280
TV Anhanguera/Reprodução
As vítimas são quatro homens, sete mulheres e um bebê. Todos eram moradores de Almas, cidade que fica a cerca de 290 km de Palmas. Entre as vítimas fatais estavam três pessoas da mesma família, quilombolas, uma professora e servidores públicos da cidade. Os nomes deles são:
Deliana Rodrigues dos Santos, 29 anos
Lucilene Ferreira Folha, 55 anos
Jailma Ramalho Costa, 20 anos
Antonia Fernandes Crisostomo, 58 anos
Emilena Pinto de Oliveira, 37 anos
Luciano Antônio de Almeida, 53 anos
Marcilene Aparecida de Andrade, 56 anos
Joaquim Pereira Valadares, 65 anos
Wesley Ferreira Folha, 31 anos
Jordana Guedes Dias, 21 anos
Rute Guedes Dias, bebê de 4 meses
João Batista de Oliveira, 68 anos
Na época, Aristides Curcino dos Santos, de 68 anos, e Suel Martins de Oliveira, de 36 anos foram socorridas e levadas para o hospital.
‘Livramento’
Aristides Curcino dos Santos, de 68 anos, é um dos sobreviventes da colisão na TO-080
TV Anhanguera/Divulgação
Um dia depois do acidente, Aristides Curcino recebeu alta do hospital e contou em entrevista à TV Anhanguera sobre o momento da batida, que fez com que ele fosse jogado para fora da van.
“Quando ‘dei fé’, foi o baque. Saí pela porta, não sei se a porta abriu e eu saí pelo canal dela. Fiquei tombando no barranco, que era alto demais. Um pessoal que pediu socorro disse ‘você não vai sair daqui não enquanto não chegar a ambulância. Foi um livramento. Na hora me apeguei com Deus […] e uma imagem que eu carrego do Espírito Santo”. Ele lembrou que, depois da batida, a equipes fizeram os primeiros socorros.
Na época, Aristides contou que o motorista da van, Luciano Antônio de Almeida, que morreu na colisão, estava trafegando na mão correta antes do acidente: “Não teve nada mais, nada menos. Estava certinho na mão dele. A carreta vinha e bateu”.
Local do acidente entre van e caminhão que matou 12 pessoas
Arte/g1
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