19 de janeiro de 2025

Execução em aeroporto: suspeitos de serem motorista e atirador trabalharam na mesma viatura


Defesa diz que suspeito de dirigir carro não estava no local do crime, que a prisão foi “prematura e amparada em provas frágeis” O 1º tenente da Polícia Militar, Fernando Genauro da Silva, de 33 anos, foi preso neste sábado (18) pela Polícia Civil, sob a suspeita de ter dirigido o carro usado para a execução do delator da facção criminosa PCC, Vinicius Gritzbach.
Segundo a investigação, houve uma denúncia anônima que afirmou que o motorista do carro que levou o atirador Denis Antonio Martins ao aeroporto de Guarulhos se chamava Genauro. A partir daí, os investigadores atestaram que o atirador, Denis Antonio, trabalhou com Fernando Genauro da Silva na Força Tática do 42º Batalhão em Osasco e que já trabalharam inclusive na mesma viatura.
Montagem com a foto, à direita, do Tenente Fernando Genauro da Silva, e imagens da câmera do aeroporto no momento da execução de Gritzbach
Reprodução
O inquérito aponta ainda que o sinal de telefone celular de Genauro estava próximo do de Denis horas antes do crime, e próximo ao local e horário onde um radar registrou a passagem do veículo preto utilizado na execução.
Os investigadores afirmam que o telefone de Genauro recebeu uma chamada às 16h04, horário em que o motorista foi acionado para descerem os atiradores –a execução ocorreu dois minutos depois. O mesmo número recebeu outra ligação às 16h21, horário em que o veículo foi abandonado e o motorista se separou dos atiradores. Por fim, uma nova chamada foi recebida às 17h25, mesmo horário em que Denis Antonio fez uma ligação após os atiradores serem resgatados por outro carro.
Genauro trocou o IMEI de seu celular –ou seja, mudou de aparelho– três dias após o crime. Quando a polícia fez a operação para prender os policiais envolvidos, na quinta-feira (16), Genauro recebeu uma chamada às 6h09 da manhã e desligou o aparelho na sequência. O número só voltou a funcionar às 15h11 do mesmo dia, em outro aparelho.
Em nota, o advogado Mauro Ribas Junior, que defende o tenente, afirmou que “Genauro é inocente, não estava no local do crime” e que “não fazia parte da segurança de Vinicus Gritzbach”. “A defesa entende que prisão foi prematura e amparada em provas frágeis –a saber: uma denúncia anônima e a imagem de uma câmera que mostra apenas uma pessoa de perfil.”
Genauro tem um salário mensal líquido de cerca de R$ 6.100, embora o último balanço disponível (dezembro) aponte um salário bruto de R$ 15.800. Ele foi preso em Osasco, onde mora, e levado para a sede do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) para prestar depoimento. Em seguida, será encaminhado ao Presídio Romão Gomes da Polícia Militar. A operação que levou à prisão do PM teve o apoio da Corregedoria da Polícia Militar.
Segundo a investigação, houve uma denúncia anônima que afirmou que o motorista do carro se chamava Genauro. A partir daí, os investigadores atestaram que o atirador, Denis Antonio, trabalhou com Fernando Genauro da Silva na Força Tática do 42º Batalhão em Osasco e que já trabalharam inclusive na mesma viatura.
Em foto publicada em seu perfil em uma rede social em 2016, Fernando Genauro da Silva aparece fardado em uma solenidade da Alesp referente à revolução de 1932, com a presença do então deputado estadual Coronel Telhada (PP).
Na época, Genauro ainda era aluno oficial –ou seja, não tinha o cargo de tenente, e estava na Academia do Barro Branco. No evento, ele recebeu a medalha do Instituto Histórico Militar, concedida a civis e militares indicados pela Sociedade de Veteranos de 1932 – MMDC.
O tenente Genauro, ao centro, em foto publicada em seu perfil em rede social em 2016, durante solenidade com participação do então deputado estadual Coronel Telhada (esq.)
Reprodução/Instagram
Genauro hoje é 1º tenente, terceiro escalão da ordem hierárquica dos oficiais da PM.
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O crime aconteceu em novembro do ano passado, no momento em que Gritzbach desembarcava em SP, após uma viagem com a namorada para Alagoas. Na época, dois atiradores deixaram um carro preto com armas de grosso calibre e dispararam contra o delator.
Após o assassinato, os atiradores saíram do local do crime e embarcaram em um ônibus público da cidade de Guarulhos.
Trabalho de inteligência
Segundo o secretário da Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite, as investigações da polícia chegaram ao atirador por meio de cruzamento de dados, quebra do sigilo telefônico, utilização das estações rádio-base e análise de sinal de telefonia.
Esse trabalho de inteligência colocou Denis Antonio na cena do crime.
Retrato falado do suposto atirador do aeroporto de Guarulhos, que fugiu do local em um ônibus público.
Reprodução/TV Globo
Depois da análise de dados, segundo o secretário, os investigadores da PM compararam imagens do aeroporto e do ônibus usado na fuga para determinar se as características físicas do PM preso batiam com o material colhido na investigação.
“Nós precisávamos de comparações para saber se ele realmente estava lá. E aí foi utilizada a comparação das imagens, de vídeo, imagens de dentro do ônibus, com as imagens que nós tínhamos desse policial que foi preso na data de hoje. Também o sistema de reconhecimento facial pra ver se a imagem que tinha batia com a imagem de dentro do ônibus e deu um percentual considerável de aceitação”, afirmou Derrite.
Segundo o secretário da Segurança, o objetivo da investigação agora é nos próximos 30 dias tentar encontrar mais ligações de Denis Antonio com o episódio e com o outro comparsa armado, que fugiu com ele da cena do crime no aeroporto e ainda não foi identificado pela polícia.
“O nosso objetivo agora, nesses 30 dias, é principalmente com a questão do material genético e outras provas que podem ser encontradas, como no celular dele, que foi apreendido, na busca que foi realizada em sua residência”, disse Derrite.
No total, 15 PMs foram presos na operação da Corregedoria da PM nesta quinta (16), sendo 14 do núcleo de segurança pessoal do delator e o acusado de ser o atirador.
Em entrevista à TV Globo, o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, disse que as prisões mostram que a corporação não admite desvios de conduta e prometeu punição.
“É inadmissível o envolvimento de agentes da lei com o crime seja da Polícia Militar, da Polícia Civil. Aqueles que tiverem desvios de conduta, em especial envolvimento o crime organizado, serão severamente punidos”, afirmou.
Execução de Gritzbach
Vinícius Gritzbach
Reprodução/TV Globo
Câmeras de segurança do aeroporto gravaram o assassinato de Gritzabach, cometido por homens encapuzados usando fuzis, que fugiram em seguida (veja vídeo abaixo).
Um motorista por aplicativo que estava ali no local acabou sendo atingido por um dos disparos e também morreu.
Dois suspeitos de participarem da execução foram presos dias depois por uma força-tarefa criada pelo governo paulista para investigar o caso.
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