Primeiro-ministro de Israel fala pela primeira vez desde a aprovação do cessar-fogo em Gaza. Hamas envia a lista com os nomes dos três reféns que deverão ser liberados amanhã. Netanyahu afirma que terá o direito de retomar a guerra caso o acordo falhe
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O primeiro-ministro de Israel fez o primeiro pronunciamento sobre o cessar-fogo em Gaza poucas horas antes do início da trégua. Benjamin Netanyahu disse que poderá retomar a guerra se as negociações com os terroristas do Hamas falharem.
O momento é de esperança e expectativa. Mas será uma trégua frágil.
No início da noite em Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que não seguiria com o cessar-fogo se o Hamas não confirmasse a identidade dos três reféns a serem soltos amanhã. De acordo com os termos da trégua, os nomes devem ser informados com pelo menos 24 horas de antecedência.
Logo depois, num discurso à nação – o primeiro desde o anúncio do acordo – ele disse que a libertação dos reféns é uma missão sagrada, mas que Israel mantém o direito de retomar a guerra em Gaza se for necessário e que tem o apoio de Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, para isso. Netanyahu não disse se tinha recebido a lista com o nome dos reféns e deu a entender que o cessar-fogo estava mantido.
Se nada mudar, a trégua começará às 3h30 da manhã de domingo, no horário de Brasília.
O esperado para amanhã é que o Hamas liberte três reféns. Eles serão entregues a equipes da Cruz Vermelha, que farão a ponte com as forças armadas de Israel. Outros 30 devem ser libertados ao longo da primeira fase do acordo, que dura seis semanas.
Hospitais israelenses estão de prontidão para recebê-los e começar o longo processo de recuperação, física e emocional.
Em troca, quase dois mil prisioneiros palestinos serão soltos. Alguns foram condenados por crimes graves, outros foram detidos em Gaza durante a guerra.
Na fronteira do Egito, caminhões de ajuda humanitária já fazem fila à espera do sinal verde para entrar na Faixa de Gaza. A ONU pediu acesso seguro e irrestrito ao território palestino para aumentar a distribuição de alimentos, água limpa, combustível e suprimentos médicos..
Novos ataques marcaram este sábado, véspera do cessar-fogo. Sirenes soaram em Israel e moradores correram para abrigos. Dois mísseis, lançados do Iémen, foram interceptados sem causar danos. Os rebeldes houthis, aliados do Hamas e do Irã, afirmaram que o alvo era o Ministério da Defesa de Israel.
No centro de Tel-Aviv, um palestino esfaqueou um israelense, que ficou gravemente ferido. A polícia fala em ato terrorista.
Em Gaza, os bombardeios de Israel continuaram. Segundo o Hamas, mais de 120 palestinos morreram desde quarta-feira, quando o cessar-fogo foi anunciado.
Insatisfeito com o acordo, o ministro da Segurança Nacional, um dos integrantes mais radicais da coalizão de direita de Netanyahu, anunciou que vai deixar o governo em protesto. Itamar Ben-Gvir quer que a guerra continue até a rendição completa do Hamas, custe o que custar para Israel e os reféns.
Nos Estados Unidos, a ex-refém Noa Argamani, resgatada por tropas israelenses, pediu que o acordo seja cumprido integralmente, em todas as suas três etapas. A segunda fase prevê a libertação dos últimos reféns com vida. Ela lembrou que o namorado, que ainda está em Gaza. E disse: “Até que todos os reféns voltem para casa, meu coração estará em cativeiro.”
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